Durante muitos anos as bruxas foram vítimas de perseguições e mortes. Hoje, a bruxaria sai das sombras e mostra que ainda está tão viva como durante a Idade das Trevas, o chamado neo-paganismo traz novamente o antigo culto da natureza aliada às celebrações sazonais e à prática de magia.Sejam Bem-Vindos!!
"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro lançou o DVD "Caminhando a gente se entende", vídeo sobre a Terceira Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, realizada em setembro de 2010.
O lançamento ocorreu no último dia 24 de janeiro. No filme, vítimas, lideranças religiosas e autoridades falam sobre a importância da liberdade de culto para um mundo menos injusto e pela garantia de um Estado laico.
Abaixo, divulgo o vídeo promocional feito pelos membros wccanos que fazem parte da comissão:
Próximo dia 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa. Algumas entidades estão organzando uma marcha para marcar este dia aqui em Porto Alegre. Convido toda a comunidade Pagã a participar deste evento somando nossas vozes a este apelo. Participe da marcha com camisetas e faixas. Vamos mais uma vez mostrar nosso orgulho de sermos Pagãos.
Em caso de discriminação rligiosa, nõ se cale, denuncie:
Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana:
Coordenação de Direitos Humanos Mário Humberto Morocini de Azambuja Júnior
• Disque-Denúncia: 0800-5410803 (ligação gratuita) de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h.
• Pessoalmente na sede do CRVV - Rua MIguel Teixeira, 86 (anexo ao Centro de Referência da Mulher Vânia Araújo Machado) - Cidade Baixa - Horário de Atendimento: 8h30min às 12h e das 13h30min às 18h, de segunda à sexta-feira.
Promovo aqui o novo blog criado para a divulgação de uma corrente de pesquisa norte americana que desde a década de 70 se dedica exclusivamente ao estudo das religiões pagãs que no Brasil é pouco conhecida, mas nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e em alguns países europeus o chamado Pagan Studies configura-se como um campo de pesquisa amplo e cuidadosamente estudado.
No Brasil os poucos trabalhos que abordam as religiões pagãs tratam-nas como parte de uma religiosidade ao modo New Age. Isso se da pela pouca literatura sobre o tema de que dispomos. Exceto por poucas dissertações e teses, não há no Brasil nenhum livro publicado que trate academicamente o assunto. Nas livrarias encontramos às centenas livros com receitas mágicas, organização de grupos, princípios religiosos, mas não temos uma única publicação com uma análise acadêmica sobre o assunto. Esta situação pode estar no fato de que os grupos pagãos, ou como preferem alguns, neo-pagãos (vale colocar que não existe um consenso sobre a terminologia correta), não encontram nenhum tipo de tensão em nossa sociedade, o que faria com que houvesse um desinteresse por parte dos nossos pesquisadores. Nessa perspectiva os estudos pagãos teriam se desenvolvido principalmente na América do Norte em decorrência de certas tensões sociais.
Neste blog serão divulgados trabalhos, eventos, bibliografia, sites, blogs e notícias sobre Pagan Studies.
*contém trechos da resenha de Celso Luís Terzetti Filho, Mestrando em Ciências da Religião – PUCSP sobre o livro de Barbara Jane Davy : Introduction to Pagan Studies. Lanhan, MD, USA: Altamira Press, 2007. Este artigo foi publicado no Último andar: cadernos de pesquisa em ciências da religião do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião, PUC-SP. – Ano 1, n. 1 (1998-) – São Paulo: EDUC, 1998-. e pode ser encontrado no link abaixo:
A Deusa Befana é uma Deusa Mãe Anciã que é celebrada na Décima Segunda Noite dos “Doze Dias Sagrados” – intervalo entre as celebrações antigas do solstício de Inverno (Sabbat Celta Yule) e a Epifania (Hemisfério Norte).
Nesse intervalo, as Mães antigas ensinavam à humanidade os segredos da agricultura e das artes domésticas: fiar, tecer, bordar, cuidar e educar as crianças, manter vivas as tradições ancestrais e os antigos ritos sagrados. Elas recebiam oferendas de pão, mel, leite e tranças de pão para substituir as oferendas feitas pelas mulheres com seu próprio cabelo, do qual se guardava uma parte para ser usada em curas ao longo do ano, sempre que necessário.
A deusa italiana e etrusca Befana era chamada de Marantega (Mãe antiga) e era celebrada no final dos Doze Dias, data que corresponde à atual festa cristã da Epifania. Na Sicília, sua memória permanece na figura e nos costumes de La Strega ou La Vecchia (bruxa, velha), a Anciã de outrora…
A história de Befana hoje se confunde um pouco, já que os cristãos a transformaram ao seu bel prazer, com um tanto de falta de criatividade (diga-se de passagem).
Os cristãos dizem que os três Reis Magos cruzaram seu caminho e a convidaram para conhecer o Menino Jesus. Como Befana estava muito ocupada com seu trabalho, declinou do convite, mas depois sentiu-se infinitamente (?) arrependida e começou à presentear todas as crianças boazinhas com doces e balas na mesma medida que punia as crianças más com carvão e sustos de arrepiar.
Eu nem pretendia escrevê-la aqui, mas achei justo fazê-lo para comparar as duas lendas sobre Befana já que o cristianismo fez uso de seus muitos artifícios maniqueístas que sempre envolvem: bem x mal x obediência x desobediência, punição ou recompensa…
Befana originalmente é uma Deusa do Inverno, da Magia, da Noite, da Lua Minguante, da Sabedoria, do Destino… Ela usava sua vassoura para varrer as energias negativas que se acumulavam ao longo dos dias…
Ela tinha um bode no qual montava para presentear as casas dignas com doçura e carinho. Então era costume ouvir o som do sino que o Bode de Befana trazia no pescoço pelas ruas… Era sinal de que casa poderia ser ou não abençoada e todos aguardavam muito por isso. Era o respeito para com sua sabedoria, sua arte, sua história…
O costume antigo era de pendurar ervas nas portas para que ela abençoasse. Então se a erva permanecesse verde e brilhante após a passagem de Befana, a casa teria fartura, felicidade, prosperidade e fertilidade. Mas se a erva secasse, o frio seria longo e seria preciso meditar sobre os passos e as direções a serem seguidas. Não havia punição e sim um aviso de que não houve dedicação suficiente para com as coisas realmente importantes…
Então, hoje, reserve um tempo no seu dia, para agradecer as coisas boas e as coisas ruins porque absolutamente tudo é consequência natural dos nossos atos, ofereça um pão e um pouco de sidra à Terra, agradecendo tudo que você receber ao longo do ano…
Coloque água de chuva ou de gelo derretido numa vasilha e caminhe pela sua casa ou local de trabalho aspergindo a água pelos quatro cantos. Acenda um incenso de mirra, benjoim ou olíbano e faça uma prece de agradecimento…
Origens Históricas:
Várias obras tentam demonstrar historicamente, através de pesquisas arqueológicas e antropológicas, como traços das culturas arcaicas foram conservados nas tradições do mundo mediterrâneo e sobrevivem através de formas de imagens e símbolos que lembram figuras míticas. Uma delas é La Befana.
Algumas imagens ligadas à figura de La Befana revelam um contexto agricultural arcaico, quando algumas casas tornaram-se estábulos e o culto do folclore doméstico se estabeleceu. Na cultura neolítica, as casas da vila em Anatólia (Catal Huyuk) e outros lugares não tinham portas nem janelas: a única entrada era através do amplo teto horizontal. As pessoas entravam nas casas através de uma escada que era retirada em ações defensivas. La Befana chegava às casas através das chaminés - um ato que é atribuído às figuras míticas do mundo inteiro, como, por exemplo, o próprio Papai Noel ou outras figuras mais ancestrais da cultura, como os espíritos dos índios Montagnais na América do Norte ou, mais que tudo, os Nitu Natmate, espíritos ancestrais dos Papua (Nova Guiné), tanto quanto outras figuras que trazem presentes durante as festividades do Natal.
A relação entre a figura de La Befana e os espíritos ancestrais é nítida e ela passa a representar, assim, uma ancestralidade mítica que retorna a cada ano. Sua principal função é reafirmar a ligação entre a família e os ancestrais, através da troca de presentes. As crianças ganham presentes que simbolizam civilizações arcaicas, já que elas são consideradas como aquelas que guardarão a memória da ancestralidade, prolongando-a. Em algumas regiões, como na Toscana, La Befana é figura mascarada que guia um cortejo de crianças (postulantes) e recebe ofertas das famílias que, em troca, recebem dela o presente da prosperidade.
Toda a cidade se prepara com grande antecipação para o dia de La Befana, que tem por atividade encher as meias penduradas nas lareiras com castanhas e frutas e trazer presentes para as boas crianças e carvão para as não-tão-boas. Na Itália, algumas lojas de doces vendem carbone, que é um doce duro, parecido com pedaços de carvão. Tão logo dá-se a chegada de La Befana, muitas festas começam e as pessoas andam pelas ruas visitando amigos e parentes.
Com relação às meias penduradas nas lareiras, elas não são apenas portadoras dos presentes ou de ofertas de alimentos: ela própria - a meia - é um presente e tem função evocativa, já que trabalhada artesanalmente com figuras míticas que são patronos dos narradores de histórias e tecelões, próximos de La Befana, tais como Frau Holda e Bertha, que visitam as casas durante o período natalino.
La Befana ocupa uma função pedagógica, como uma espécie de "educadora de fora", que lembra e pune e tem importante papel no desenvolvimento das crianças. A "Grande Avó" que é, acompanha as várias fases da vida da criança e os ritos de iniciação do Ano Novo.
Pela tradição, La Befana chega voando em uma vassoura. Tal fato testemunha sua associação às plantas e animais que na antiguidade tinham um valor sagrado como representativas ou simulações da linha totêmica da ancestralidade, tanto quanto eram divindades. Na mitologia, o galho das árvores é a casa do espírito dos ancestrais o qual recebeu a mágica função de voar, que tanto poderia simbolizar a evocação quanto o distanciamento do espírito. Estas ações eram concebidas como uma viagem, um vôo para um reino distante.
Além de sua ligação com o culto da lareira, La Befana personifica, ela própria, o fogo. Seja ele astral (trazido pelas estrelas, como um meteoro) ou terrestre (por exemplo, na noite do feriado de La Befana fogos são acesos para queimar a sua figura). Essa ação não significa propriamente exorcizar uma entidade negativa, mas reacompanhar no fim do grande feriado o espírito dos ancestrais para o reino além-túmulo, pelo simbolismo de acender o fogo.
La Befana está ligada aos elementos e rituais da água e do fogo. Os feriados da Epifania, como sabemos, incluem rituais de purificação e bênção da água. A água preparada na noite da Epifania tem um valor sagrado de afugentar o Mal, sendo usada pelas famílias nos momentos críticos. Em Abruzzo, essa água é chamada de "água do Boffe". Já o fogo, em particular, representa um tema recorrente, que aparece nos Reis Magos, considerados pela tradição como sacerdotes do fogo sagrado, uma casta privilegiada que na Pérsia Zoroastra ficava cuidando do fogo até que ele expirasse.
O conhecimento que os Reis Magos tinham acerca das estrelas os guiou a Jesus Menino, para quem eles levaram três presentes simbólicos do regalo de Cristo sobre os três mundos: ouro da terra, incenso celestial e mirra do túmulo. Essas três substâncias ligam-se, cada uma, aos três fogos sagrados da Védica (Índia) e Avéstica (Pérsia). Portanto, é possível, através do fogo e dos presentes, se estabelecer uma conexão entre os Reis Magos e a figura de La Befana, no tocante ao feriado de 6 de janeiro, que será a décima-segunda noite, ou Noite da Epifania, ou Pequeno Natal.
Em algumas obras, La Befana é associada a Hecate. Alguns desenhos do século XIX mostram La Befana como a Deusa Mãe, sentada e cercada por frutos, grãos e outros itens da Colheita. Para reforçar essa teoria, a queima da efígie de La Befana, nas celebrações, é feita em uma fogueira de espigas de milho, gravetos e galhos de pinheiro, empilhados. A tradição fala que se a fumaça vai em direção a oeste, então a colheita será pobre. Se para Leste, será um ano de abundância. Essas tradições têm muita similaridade com o Mito do Deus da Morte. Esse ritual não é o de punição, mas de restauração da Terra através do retorno da Vida. Outras versão falam que La Befana e Befano são vestígios do deus e deusa da Clans, da bruxaria, preservados por bruxas da época da Inquisição.
Para finalizar, aqui esta a letra e o video do Youtube de uma musica popular sobre La Befana cantada pelas crianças italianas:
La Befana Trullalla
Gianni Morandi
Trullala’ Trullala’ Trullala’.
La Befana vien di notte
con le scarpe tutte rotte,
con la calza appesa al collo,
col carbone, col ferro e l’ottone.
Sulla scopa per volare.
Lei viene dal mare.
Lei viene dal mare.
E la neve scendera’
sui deserti del Maragia’,
dall’Alaska al Canada’.
E partire lei dovra’
e cantando partira’
da ciociara si vestira’,
con il sacco arrivera’,
la bufera vincera’.
E cantando trullala’,
la Befana arrivera’.
Trulalla’ Trullala’ Trullala’.
Un bambino, grande come un topolino,
si è infilato nel camino,
per guardarla da vicino.
Quando arriva la Befana
senza denti
salta, balla, beve il vino.
Poi di nascosto s’ allontana
con la notte appiccicata alla sottana.
E un vento caldo soffiera’
sui deserti del Maragia’,
dall’Alaska al Canada’.
Solo una stella brillera’
e seguirla lei dovra’,
per volare verso il nord
e la strada è lunga
ma la bufera vincera’.
E cantando Trullala’,
la Befana se ne va.
E cantando Trullala’
Truallalero Trullala’
Trullala’ Trullala’ Trullala’