"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)

domingo, 19 de agosto de 2007

13. PROCURAMOS CONSEGUIR, POR MEIO DA NATUREZA, AQUILO QUE CONTRIBUI COM A NOSSA SAÚDE E BEM ESTAR.

"Sem nos prendermos a tradições de outros tempos e de outras culturas, não devemos lealdade a nenhuma pessoa ou poder maior que a Divindade que se manifesta por meio do nosso próprio ser. Acolhemos e respeitamos todos os ensinamentoset tradições que apóiem a vida. Procuramos aprender com tudo e compartilhar tudo o que aprendemos."

Não somos mesquinhos a ponto de acreditar que nosso conhecimento deva ser guardado apenas para nós mesmos. Porém sabemos que o conhecimento que possuímos, se utilizado de forma errada pode causar danos em pessoas inocentes, por isso só transmitimos o nosso conhecimento a pessoas devidamente preparadas.

"A coisa principal da vida não é o conhecimento, mas o uso que se faz dele" (A essência do Talmude).

12. NÃO ACEITAMOS O CONCEITO DE "MAL ABSOLUTO..."

"...nem cultuamos nenhuma entidade conhecida como "Satanás" , "Demônio" ou "Diabo", tal como é definida pela tradição cristã. Não desejamos poder à custa do sofrimento dos outros nem aceitamos a idéia de que é possível levar vantagem passando os outros para trás."

Entendemos que "bem" e "mal" são dois atributos de um mesmo ser. Sabemos que não existe nada no mundo que seja bom ou mal em essência. Sendo humanos, entendemos que não somos perfeitos e não negamos a nossa Sombra, nem sentimos culpa por possuí-los, apenas tentamos compreender que elas fazem parte da nossa personalidade. A cultura ocidental define tudo através desse conceito, por isso, considera trevas, sombra, raiva, como coisas essencialmente ruins e erradas, enquanto que a luz, o dia, a bondade como coisas essencialmente boas e certas. E conseguem manter esse padrão de pensamento através da culpa.
"O que nos faz ter tanta dificuldade com o trabalho com a sombra é justamente o arquétipo cristão: ser sempre bom, só fazer o bem, nunca agredir ninguém, nunca se irar... A doutrina cristã é a escravidão da doutrina da culpa. (...) Quantas vezes nos sentimos culpados por mil coisas, ficamos inventando maneiras de expiar essa culpa, "pagar nossos pecados"... Quantas vezes carregamos as culpas do mundo, de nossos pais, nossos políticos, por exemplo"( Mavésper).


Lei Tríplice: castigo ou aprendizado?
Erynn Dé Dannán

É comum que as pessoas que estão conhecendo a Wicca, vejam a Lei tríplice como uma forma de castigo e recompensa. Eu mesma no início do meu aprendizado pensava assim. A frase "Tudo o que você faz para o bem e para o mal, retorna para você." Passa a idéia, num primeiro momento, de que se você fizer o bem será recompensado e se fizer o mal será castigado. Será que é isso mesmo?
Isso acontece porque elas ainda estão presas à cultura judaico-cristã que foram criadas, e quando digo isso, não estou me referindo necessariamente à religiosidade ligada a ela, mas sim à cultura ocidental, que faz parte da vida da maioria das pessoas, independentemente da religião. Um exemplo disso é que a nossa sociedade é regida por "leis não escritas", mas que são respeitadas por estarem implícitas, e quando você as desrespeita, é punido, seja pela exclusão de um determinado grupo, seja pela perda da sua liberdade.
Mas a Lei tríplice é mais do que isso, ela é uma forma de aprendizado. As pessoas acreditam que fazer o bem é fazer algo bom, e fazer o mal, é fazer algo ruim. Mas não é exatamente assim que funciona? Não é a mesma coisa?
Preste atenção:
BEM 1: s.m. Aquilo que é conforme a moral.
BEM 2: adv. De modo bom e conveniente.
BOM: adj. Que cumpre rigorosamente os seus deveres.
MAL: s.m. Tudo o que se opõe ao bem, tudo que o prejudica, fere ou incomoda, tudo que se desvia do que é honesto e moral. Castigo, punição, expiação. Tormento, mágoa e sofrimento. Inconveniente.
RUIM: s.m. Destituído de mérito. Que não serve para nada; que não tem valor. Corrupto, estragado, podre. Inferior. Nocivo, pernicioso. Perverso.
Fonte: Dicionário Brasileiro; Mirador Internacional (Enciclopédia Britânica).
Assim é que se define bem e mal bom e ruim, na cultura ocidental. É visto como uma dualidade absoluta. Bem é bem, mal é mal, não se discute e ponto final. Porém a visão pagã é mais abrangente e relativa.
Às vezes, queremos ajudar uma pessoa querida que esteja com um problema, e acabamos fazendo coisas sem seu conhecimento. Crente que estamos a ajudamos acabamos piorando ainda mais a situação e essa pessoa acaba brigando com a gente. Isto não é fazer o bem. Isto é fazer o mal. Mas não significa que seremos punidos por isso, significa que com essa situação, aprendemos uma coisa nova: quando interferimos na vida de uma pessoa sem a sua devida autorização, estamos tirando a autonomia sobre a sua própria vida, acabamos escolhendo por ela, e isso é algo ruim. Na verdade, temos que ter cuidado com tudo o que fazemos, devemos pensar sempre duas vezes, pois a responsabilidade do resultado é sempre nossa. Mesmo querendo ajudar, somos nós que estamos tomando uma atitude no lugar de outra pessoa.
É para isso que serve os erros: para aprendermos com ele. Este é o verdadeiro significado da lei tríplice. Você pode fazer o que quiser, mas lembre-se que quando fizer, PRECISA ASSUMIR SUA PARCELA DE RESPONSABILIDADE. Isso não significa que você precisa passar a vida toda sendo bonzinho, ou deixando de fazer algo que os outros achem errado, desde que esteja pronto para assumir sua parte!!! Fazer coisas erradas, ruins, maldosas, ou boas e corretas faz parte da natureza humana. O bem e o mal é algo relativo. Depende da situação de cada um. Estas ações são necessárias para que possamos aprender a lidar e compreender o equilíbrio da vida. Não existe bem sem o mal, assim como não existe masculino sem o feminino, e vice-versa. Eles se complementam, se equilibram, são duas faces da mesma energia. E estão aí para aprendermos com ela!

11. NÃO NOS SENTIMOS AMEAÇADOS PELOS DEBATES SOBRE A HISTÓRIA DA BRUXARIA, AS ORIGENS DOS VÁRIOS TERMOS OU A LEGITIMIDADE DOS VÁRIOS ASPECTOS DAS DIFE

"Estamos mais preocupados com nosso presente e com nosso futuro, conscientes de que passado, presente e futuro são uma questão de percepção individual."

Dentro de nossa própria religião existem pessoas que pensam de formas diferentes. Pessoas que celebram os Deuses de formas diferentes, que adotam posturas diferentes e respeitamos isso. Mas isso não significa que elas têm o direito de reivindicar para si uma legitimidade maior em detrimento a outras tradições que ela não possui.

10. SÓ CONTESTAMOS O CRISTIANISMO OU QUALQUER RELIGIÃO OU FILOSOFIA DE VIDA...

"...na medida em que essas instituições reivindicam para si o título de "única verdade e único caminho", impedindo que as pessoas sejam livres e reprimindo outros tipos de práticas e crenças religiosas".

Não acreditamos em verdades absolutas e inquestionáveis, não temos o conservadorismo por filosofia. Entendemos que cada pessoa é livre para se relacionar com a divindade da maneira que melhor lhe convier. Não forçamos os neófitos a seguirem regras rígidas, embora concentramos nossa crença em características gerais comumente aceita por todos.
"Existe um caminho mais adequado a você como indivíduo, mas ninguém pode tentar sobrepor sua escolha pessoal aos outros. Tentar fazê-lo, menosprezando o que outros escolheram, é profundamente anti-pagão"(Mavésper).

9. RECONHECEMOS A IMPORTÂNCIA DA AFIRMAÇÃO E DA REALIZAÇÃO DA VIDA.

"Acreditamos que seja esse o primeiro princípio, como parte de um continum de evolução e de desenvolvimento da consciência, que dá verdadeiro sentido ao Universo tal como o conhecemos e ao papel que cada um de nós desempenha nesse Universo".

E esse é um dos motivos pelo qual não realizamos sacrifícios humanos tal qual a mídia insiste em erroneamente divulgar. Isso só serve para aumentar ainda mais o preconceito e a intolerância a respeito de nossa religião. Respeitamos a vida, pois ela é sagrada em todos os sentidos, seja de seres humanos, animais e plantas.
Mas também reconhecemos a importância da morte no ciclo vital do Universo. Os Deuses são vida e também são morte.
"Todos nós vivemos a morte todos os dias. Imaginem quantas células do seu corpo morrem a cada dia... Imaginem quantos seres morrem perto de você (de microorganismos aos vegetais e animais que você usa para se alimentar) a cada semana(...). As mulheres vivem uma importante morte todos os meses: a menstruação, aquele sangue que é sagrado porque era uma vida em potencial, sendo o sangramento uma pequena morte"(Mavésper Cy Ceridwen).

8. AUTO-INTITULAR-SE BRUXO NÃO FAZ DE NINGUÉM UM BRUXO.

"Nem tampouco a hereditariedade ou uma coleção de títulos, graduações e iniciações. O bruxo busca controlar forças dentro dele que lhe possibilitem viver bem e com sabedoria, em harmonia com a Natureza e sem prejudicar quem quer que seja".

Com a popularização da bruxaria, e da Wicca, muitos são aqueles que reivindicam para si esse título e saem por aí fazendo anúncios de feitiços amorosos e outros. Não acredite em tudo o que ouve, pois um Wiccano jamais usaria os seus dons para ganhar dinheiro desta maneira é algo altamente desencorajado entre a nossa comunidade a não ser em casos particulares. Isso não significa que um Wiccano não possa oferecer consultas com oráculos em feiras e encontros, mas geralmente não são cobrados nada nesses casos. Muitas vezes encontramos bruxos oferecendo cursos, e outros serviços. Em geral utilizamos desse recurso para conseguir, por exemplo, fundos para adquirir uma sede para associação, doações voluntárias, oferecimento de círculos de leitura e reuniões geralmente isso é feito entre os próprios associados. Sabemos que hoje é necessário dinheiro para essas coisas e não criticamos isso.

7. ACHAMOS QUE A RELIGIÃO, A MAGIA E A EXPERIÊNCIA DE VIDA CONSTITUEM UM TODO QUE DETERMINA A MANEIRA COMO A PESSOA VÊ O MUNDO E VIVE DENTRO DELE

"Essa é a nossa visão de mundo e filosofia de vida, às quais identificamos como Bruxaria ou Caminho Wiccano".

Ser bruxa ou bruxo é viver magicamente 24 horas por dia e sete dias por semana. E o que é viver magicamente? Viver magicamente é descobrir, manter, cultivar e usar o nosso poder pessoal. É se dar conta de que a magia é parte de mim parte da minha vida, não há como separar uma coisa da outra. Eu não pratico apenas a Wicca, eu vivo a wicca. Ela está nas minhas atitudes do dia-a-dia, na maneira como eu me expresso, nas palavras que digo nas minhas idéias, na maneira como eu trato o meu lixo, quando estou cozinhando... isso é a nossa religião, é vivê-la no dia-a-dia, não somente nos dia que há rituais ou reuniões.

6. NÃO RECONHECEMOS NENHUM TIPO DE HIERARQUIA AUTORITÁRIA.

"No entanto, temos consideração por aqueles que ensinam, respeitando os que compartilham um conhecimento e sabedoria superiores, e reconhecemos aqueles que corajosamente, dispõe-se a assumir posições de liderança".

Na Wicca, todo Wiccano é um sacerdote ou sacerdotisa da Deusa. Não há uma casta que detém o conhecimento e passa para os outros. Assim que um Wiccano é iniciado ele se torna um sacerdote, o que vai diferenciá-lo é o grau de conhecimento que ele detém na Arte. Isso não significa que ele tenha privilégios especiais, mas como a nossa religião é totalmente prática, esse conhecimento que se adquire é muito útil e pode ser passado para os neófitos. Também não é uma questão de idade. Não importa quantos anos a pessoa tenha, mas quanto conhecimento prático da religião ela possui.
Citando novamente Mavésper:
"Embora o modo de exercer nosso Sacerdócio da Terra não implique renúncias a prazeres, celibatos ou votos de pobreza ou abstinência, temos em comum com sacerdotes de outras religiões o seguinte: nossa alma anseia pelo contato íntimo e direto com a Divindade Criadora e nos oferecemos, voluntariamente, para realizar, em concreto, esse contato no mundo, em nossas vidas diárias".
Num sistema religioso que não possui uma hierarquia rígida e dogmática, agradecemos àquelas pessoas que tomam a iniciativa de colocar na liderança de algum modo, pois sabemos quanta responsabilidade e dedicação essa postura exige. É por isso que pessoas assim são respeitadas principalmente porque compreendemos o quanto já conseguimos avançar em termos de organização e busca de direitas, sabemos que sem essas pessoas talvez as coisas não estivessem tão bem. Há muita coisa por se fazer ainda e caminho é longo.

5. RECONHECEMOS A EXISTÊNCIA TANTO DOS MUNDOS EXTERIORES QUANTO DOS INTERIORES OU PSICOLÓGICOS.

"Os mundos interiores são às vezes conhecidos como Mundo Espiritual, Inconsciente Coletivo, Planos Interiores, etc. Consideramos a interação entre as dimensões exterior e interior como base dos fenômenos "paranormais" e dos exercícios mágicos. Não damos mais valor a uma dimensão do que a outra, pois sabemos que ambas são necessárias para a nossa realização".
Quando se realiza uma prece, ou se faz um pedido a um santo, se sabe que apenas isso não fará com que o pedido seja atendido. Quando se pede um emprego a um santo, ele não o atenderá se você passar o dia todo em casa esperando que uma vaga caia do céu. Você precisa procurar.
Com a magia, funciona da mesma forma. Faz-se um feitiço de forma física, materializando o seu pedido e junta a isso não só a sua fé, mas a ação que pode levar a esse feitiço dar certo. Faz-se um feitiço para conseguir emprego e sai a procurar. Isso é trabalhar com os dois planos, o físico e o imaterial. Sem isso o feitiço, ou milagre no caso dos cristãos, não funciona!

4. DO NOSSO PONTO DE VISTA, O PODER CURATIVO DO UNIVERSO SE MANIFESTA POR MEIO DA POLARIDADE — COMO MASCULINO E FEMININO E ESTÁ VIVO EM TODAS AS PESSO

"Acreditamos que esse poder seja ativado com a interação entre o masculino e o feminino. Damos igual importância a ambos, pois sabemos que eles se complementam. Valorizamos a sexualidade pelo prazer que ela proporciona e por ser símbolo e a corporização da vida".

Em nossa religião cultuamos uma Deusa, e em muitos casos, a Wicca é chamada de "religião feminista" pois erroneamente as pessoas atribuem isso como uma forma de compensar os muitos séculos em se cultuavam apenas deuses masculinos, que acabavam por oprimir as mulheres. De fato, religiões como a Wicca ganharam grande popularidade devido a movimentos feministas, mas isso não significa que ela também o seja. Se você não se lembra a Wicca cultua as duas polaridades do UNO, o masculino e o feminino.
Isso se mostra no mito de Lilith:
A ancestral lenda hebraica sobre Lilith conta que ela teria sido criada antes de Eva, para ser a companheira do homem no Jardim do Éden. Dizem as lendas que Lilith rejeitou Adão, o primeiro homem, quando ele tentou forçá-la a ocupar uma posição submissa sexualmente e em essência. Ela foi a primeira mulher de Adão e todas as vezes que eles se uniam sexualmente, Lilith demonstrava insatisfação por ficar embaixo de Adão. Ela não gostava de ter que suportar o peso do corpo dele. E indagava: ‘‘Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.’’ Adão se recusou por sucessivas vezes, pois a "ordem" não se mudava. Lilith deve submeter-se a ele, pois esta é a condição do equilíbrio preestabelecido. Quando percebeu que não iria conseguir, rebelou-se e então o amaldiçoou e foi embora. Alguns escritos contam que Adão queixou-se a Deus sobre a fuga de Lilith e, para compensar a tristeza de Adão, Deus resolveu criar Eva, moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar. Lilith simboliza a consciência de absoluta igualdade entre homem e mulher.

3. ESTAMOS CONSCIENTES DE UM PODER MUITO MAIOR DO QUE O APARENTE PARA UMA PESSOA COMUM

"Pelo fato de se muito maior do que qualquer poder comum, damos a ele o nome de "sobrenatural". Contudo, para nós esse é um poder latente que existe em qualquer pessoa".
A esse poder, chamamos de magia, que nada mais é do que o poder pessoal que existe dentro de cada um de nós. Os céticos e racionalistas se perguntam como é que podemos acreditar em magia, e fazem piadas a respeito disso. O fato é de que a magia nada mais é do que o poder da nossa fé. Novamente, apelamos ao dicionário:
Fé, s. m. 1. Convicção na existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção.
Ou seja, se você acredita em algo não há ninguém no mundo que conseguirá demovê-lo da sua crença. É assim que acontecem os milagres. Você pede, acredita que vai acontecer, ou seja, tem fé no milagre e ele acontece. A fé não é nada mais do que o nosso poder pessoal operando.
Segundo Scott Cuningham:

"Para algumas pessoas, a idéia de que a magia seja uma coisa prática é surpreendente. Não deveria ser. A magia se baseia inteiramente na capacidade de exercer influência sobre nosso meio. Enquanto a magia é, altamente voltada para o crescimento espiritual e à transformação psicológica, até mesmo a vida espiritual deve estar firmemente baseada em alicerces materiais.
Os mundos material e psíquico estão entrelaçados, e é exatamente este fato que estabelece o Elo Mágico: o psíquico pode tão facilmente influenciar o material quanto vice-versa. (...) Mente e Corpo atuam em conjunto, e a magia é apenas a extensão dessa interação em dimensões que ultrapassam os limites normalmente concebidos. Eis o porquê de associarmos o "sobrenatural" aos domínios da Magia.
O Corpo é vivo, e toda Vida é uma expressão do Divino. Há Poder Divino no Corpo e na Terra, assim como na Mente e no Espírito. Com Amor e Desejo, utilizamos a Mente para conectar esses aspectos do Divino e assim trazer mudanças.
Com a Magia aumentamos o fluxo do Divino em nossas vidas e no mundo à nossa volta. Nós somamos à beleza de tudo – pois para trabalhar a Magia precisamos estar em harmonia com as Leis da Natureza e da Psique. A Magia é o Florescer do Potencial Humano.
A Magia prática está relacionada à Arte de Viver bem e em harmonia com a Natureza, com a Magia da Terra, com as coisas da Terra, as estações e os ciclos, e aquilo que fazemos com as mãos e com a Mente."
Ainda assim as pessoas racionalistas procuram sempre por uma explicação lógica, e não percebem que a religião não precisa de explicações racionais. Ela é puramente fé. Como disse Mavésper Cy Cerydwen:
"Para um pagão NADA QUE HÁ NO UNIVERSO PRECISA DE EXPLICAÇÕES RACIONAIS EM TERMOS HUMANOS. A Deusa e Seu Consorte não são pessoas, logo a Divindade, o Todo, tem razões que jamais conheceremos e age por caminhos que muitas vezes nem temos condições de compreender. Aliás, nem temos condições de compreender o que são os Deuses em sua plenitude, porque eles não obstante sejam cada um de nós também são maiores que a soma de todos nós...
Pagãos não buscam na sua religião explicações para nada. Não precisamos disso. Vivemos simplesmente".

2. RECONHECEMOS QUE A NOSSA INTELIGÊNCIA NOS ATRIBUI UMA RESPONSABILIDADE ESPECIAL COM RELAÇÃO AO AMBIENTE EM QUE VIVEMOS


"Procuramos viver em total harmonia e equilíbrio ecológico com a natureza, proporcionando plenitude à vida e consciência dentro de um conceito evolucionário".

Por Laylah


Sendo a Wicca uma religião da natureza, não é de espantar o seu interesse pelas questões ambientais. Seja este interesse manifestado duma forma pública, através da colaboração com movimentos ecologistas e da participação em manifestações de defesa das espécies ou do meio ambiente, ou em privado tomando forma ritual ou mágico-simbólica, ele existe sempre como parte imprescindível da religião Pagã.
Os Wiccanos sabem que "...quanto mais se sintonizarem com o ambiente em que vivem e trabalham (...) mais significativa se tornará a sua religião, mais efetivo será o seu trabalho psíquico, maior a sua contribuição para o bem-estar e saúde de Gaia e mais realizadas e integradas estarão elas como seres humanos."
Este envolvimento com a natureza ultrapassa muito as formas profanas em que se faz normalmente a abordagem dos problemas ecológicos, transpondo o assunto para um nível em que a preservação da natureza/Gaia não tem apenas um interesse enquanto base material da vida humana, mas adquire uma dimensão sagrada, uma importância que pode justificar mesmo o sacrifício de alguns interesses e benefícios humanos.
O Paganismo interpreta com maior profundidade estas questões ecológicas, uma vez que considera a natureza e qualquer dos seus elementos tão sagrados como o Deus ou a Deusa.
O respeito pela natureza é assim um valor intrínseco e fundamental no Paganismo. Esta visão distancia-se de uma visão bíblica, na qual, ordenando Deus ao Homem que domine toda a terra e todas as criaturas viventes, pode justificar assim indiretamente a depredação que esse mesmo Homem tem feito dos recursos naturais.
Os Pagãos não têm, no entanto, um tipo de visão apaixonada e irreal dos problemas do ambiente. São cidadãos urbanos ou rurais, conscientes dos problemas que assolam o mundo de hoje, que têm pela vida e pela humanidade um apreço tão grande como pela restante natureza. O seu esforço é portanto dirigido simultaneamente no sentido da salvaguarda da natureza e no melhoramento da condição humana.

sábado, 14 de julho de 2007

1. NÓS PRATICAMOS RITOS




"Praticamos ritos (pequenas partes de rituais) para entrar em sintonia com o ritmo natural das forças vitais, marcadas pelas fases da Lua, pela entrada das estações e por outros períodos relacionados à agricultura e ao ciclo reprodutivo dos animais."


Toda vez que a palavra "ritual" é pronunciada vem logo na cabeça aquela idéia estereotipada do imaginário medieval de bruxas ao redor de fogueiras nuas cultuando demônios e praticando orgias. Essa palavra soa quase como um sinônimo de "maldade" na boca das pessoas, e elas não percebem é que o ritual é uma prática comum tanto em sociedade quanto na vida religiosa. É uma prática comum a todas as religiões existentes. Vamos pensar um pouco: O QUE É UM RITUAL? O QUE É UM RITO?


Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa:


Rito, sm. 1. Conjunto de cerimônias e fórmulas de uma religião e de tudo quanto se refere ao seu culto ou liturgia. 2. Cerimonial próprio de qualquer culto. —R. de iniciação, Sociol.: cerimônias, de caráter religioso ou não, realizadas na admissão de um indivíduo a uma sociedade ou associação: Ritos de puberdade.
Como vimos um rito é um instrumento de admissão a um determinado grupo ou parte de celebração de uma religião. Por esse ponto de vista, a transformação de vinho e pão no sangue e corpo de cristo é um rito, a primeira comunhão e a crisma, é um rito, o casamento, o batismo e a extrema-unção também. Agora veja:
Ritual, adj. m. e f. 1. Pertencente ou relativo aos ritos. 2. Que contém os ritos.
Assim, a missa é um ritual composto de vários ritos. E do mesmo jeito que procede no Catolicismo, também o é nas mais diversas religiões, e na própria sociedade laica. A festa de 15 anos para as meninas é um ritual de passagem. Como podemos observar rituais vazem parte da nossa vida diariamente, só não nos damos conta disso. Agora quando as pessoas ouvem um Wiccano falar que na noite passada celebrou um ritual de lua cheia o que é se pensa imediatamente? Que isso é algo ruim que serve para praticar algum mal, senão para cultuar o diabo. É natural pensar assim, porque elas foram induzidas a pensar dessa maneira a vida toda. Mas se não é isso que acontece nesses rituais então o que são os rituais Wiccanos? Eu já faalei um pouco sobre eles antes.


Dias de Poder
(Texto de autor desconhecido)


No passado, quando as pessoas viviam em conjunto com a natureza, o passar das estações e os ciclos lunares da lua tinham um profundo impacto em cerimônias religiosas. Por ser a Lua vista como um símbolo da Deusa, cerimônias de adoração e magia aconteciam sob sua luz. A chegada do inverno, as primeiras atividades da primavera, o quente verão e a entrada do outono também eram marcadas por rituais.
Os Wiccanos, ainda celebram a Lua cheia e observam as mudanças das estações. O calendário religioso Wiccano possui treze celebrações de Lua Cheia (esbats) e oito Sabbats, ou dias de poder.
Quatro desses dias (ou melhor, noites) são determinados pelos solstícios e equinócios, o início astronômico das estações. Traços deste antigo costume ainda são encontrados no Cristianismo. A Páscoa, por exemplo, é celebrada no Domingo que se segue à primeira lua cheia após o equinócio de primavera no hemisfério norte, uma maneira bem pagã de organizar ritos religiosos. Os outros quatro rituais baseiam-se em antigos festivais folclóricos (e, de certo modo, aqueles do Oriente Médio). Os rituais estruturam e ordenam o ano Wiccano, além de nos lembrar do infinito ciclo que perdurará muito depois que partirmos.
Quatro dos Sabbats - talvez os que há mais tempo são observados - eram provavelmente associados à agricultura e aos ciclos reprodutivos dos animais. São eles o Imbolc (2 de fevereiro), Beltane (30 de abril), Lughnasadh (1° de agosto) e Samhain (31 de outubro). Estes são nomes celtas, muito comuns entre os Wiccanos, apesar de existirem muitos outros. Essas datas referem-se ao hemisfério norte, no Hemisfério sul as datas são: Lammas - 2 de fevereiro Samahain - 30 de abril Imbolc - 1 de agosto Beltane - 31 de outubro
Quando a observação cuidadosa do céu levou a um conhecimento comum do ano astronômico, os solstícios e equinócios (por volta de 21 de março, 21 de junho, 21 de setembro e 21 de dezembro – as datas corretas variam de ano para ano) foram incorporados à estrutura religiosa.
Quem foram os primeiros a cultuar e gerar energia nesses períodos? Esta questão não pode ser respondida. Entretanto, esses dias e noites sagrados são a origem dos 21 rituais Wiccanos.
Versões altamente cristianizadas dos Sabbats também foram preservadas pela igreja católica.
Os Sabbats são rituais solares, assinalando pontos no ciclo anual do Sol, e constituem apenas metade do ano ritual Wiccano. Os Esbats são as celebrações Wiccanas da Lua Cheia. Nesta data, nós nos reunimos para cultuara a Deusa. Não que os Wiccanos omitam o Deus nos Esbats - ambos são normalmente reverenciados em todas as ocasiões.
Anualmente, ocorrem 12 a 13 Luas cheias, ou uma a cada 28 ¼ dias. A Lua é um símbolo da Deusa, bem como uma fonte de energia.
Assim, após os aspectos religiosos dos Esbats, os Wiccanos costumam praticar magia, desfrutando do maior poder energético que, crê-se, exista nesses períodos.
Alguns antigos festivais pagãos, desprovidos de suas qualidades sagradas pelo domínio do cristianismo, se degeneraram. O Samhain aparentemente pertence agora aos fabricantes de doces nos Estados Unidos, enquanto o Yule foi transformado de um dos sagrados dias pagãos num período de grosseiro comercial. Até mesmo os ecos do nascimento de um salvador cristão são co-audíveis diante do zumbido eletrônico das máquinas registradoras.
Mas a velha magia permanece nesses dias e noites, e os Wiccanos os celebram. Rituais variam enormemente, mas todos se relacionam à Deusa e ao Deus, e à nossa morada, a Terra. A maioria dos ritos acontecem à noite, por motivos práticos assim como para criar certo clima de mistério. Os Sabbats, sendo baseados no Sol, são mais normalmente celebrados ao meio-dia ou na aurora, mas hoje isto é raro.
Os Sabbats nos contam uma das histórias da Deusa e do Deus, de sua relação e de seus efeitos sobre a fertilidade da Terra. Muitas são as variações destes mitos, mas eis aqui um relativamente comum, entrelaçado a descrições básicas dos Sabbats.
As descrições dos Sabbats feitas a seguir, seguem o calendário do hemisfério norte, para nós que vivemos no hemisfério sul, as datas devem ser adaptadas ao ciclo da natureza no Sul.
A Deusa dá à luz um filho, o Deus, no Yule (por volta de 21 de dezembro). De modo algum isto é uma adaptação do cristianismo. O solstício de inverno é há muito visto como um período de nascimentos divinos. Diz-se que Mitra nasceu neste período. Os cristãos simplesmente o adotaram a seu uso em 273 E. C. (Era Comum).
O Yule é uma época de grande escuridão e este é o menor dia do ano. Povos antigos notaram tais fenômenos e suplicaram às forças da natureza que aumentassem os dias e diminuíssem as noites. Os Wiccanos ocasionalmente celebram o Yule pouco antes da aurora, e a seguir observam o nascer do sol como um final apropriado para seus esforços.
Uma vez que o Deus é também o Sol, isto assinala o ponto do ano no qual o Sol também renasce. Assim, os Wiccanos acendem fogueiras ou velas para saudar o retorno da luz do Sol. A Deusa, inativa durante o inverno de Sua gestação, repousa após o parto.
O Yule é remanescente de antigos rituais celebrados para acelerar o fim do inverno e a fartura da primavera, quando os alimentos voltavam a estar disponíveis. Para os Wiccanos contemporâneos, é um lembrete de que o produto final da morte é o renascimento, um pensamento reconfortante nestes dias de desassossego.
O Imbolc (2 de fevereiro) assinala a recuperação da Deusa após dar à luz o Deus. Os períodos mais longos de luz a despertam. O Deus é um jovem desejoso, mas Seu poder é mais sentido nos dias mais longos. O calor fertiliza a terra (a Deusa), fazendo com que as sementes germinem e brotem. Assim ocorre o início da primavera.
Este é um Sabbat de purificação pelas forças renovadoras do sol, após a vida reclusa do inverno. É também um festival de luz e fertilidade, antigamente marcado na Europa por grandes queimas, tochas e fogos de todas as formas. O fogo representa nossa própria iluminação e inspiração, assim como a luz e o calor.
O Imbolc é também conhecido como festa das Tochas, Oimelc, Lupercalia, Festa de Pã, Festival do Floco de Neve, Festa da Luz Crescente, Dia de Brigit, e provavelmente muitos outros nomes.
Algumas Wiccanas seguem o antigo costume escandinavo de usar coroas com velas acesas, mas muitos outros usam velas em suas invocações.
Este é um dos períodos tradicionais para as iniciações em covens e rituais de autodedicação, que podem ser praticados ou renovados neste período. Ostara (por volta de 21 de março), o Equinócio da Primavera, e também conhecido como Ritos da Primavera e Dia de Eostre, assinala o primeiro dia da real primavera. As energias da natureza mudam subitamente do repouso do inverno para a exuberante expansão da primavera. A Deusa cobre a terra com seu manto de fertilidade, despertada de Seu repouso, enquanto o Deus se desenvolve e amadurece. Ele caminha pelos campos a verdejar, e delicia-se com a abundância da natureza.
No Ostara, as horas do dia e da noite são as mesmas. A luz está ultrapassando a escuridão; a Deusa e o Deus impelem as criaturas selvagens da Terra a reproduzir-se.
Este é um período de iniciar, de agir, de plantar encantamentos para ganhos futuros, e de cuidar dos jardins rituais.
O Beltane (30 de abril) marca a chegada da virilidade do jovem Deus. Agitado pelas energias em ação na natureza, Ele deseja a Deusa. Eles se apaixonam, deitam-se entre a relva e os botões de flores, e se unem. A Deusa fica grávida do Deus. Os Wiccanos celebram o símbolo da fertilidade da Deusa em ritual.
O Beltane é há muito, celebrado com rituais e festas. Os Maypoles (Mastros de Maio), símbolos fálicos supremos, eram o ponto central dos rituais das antigas vilas inglesas. Muitas pessoas acordavam na alvorada para colher flores e ramos verdes nos campos e jardins, usando-os para decorar os Maypoles, seus lares e a si mesmos.
As flores e folhas simbolizam a Deusa; o Maypole, o Deus. O Beltane marca o retorno da vitalidade, da paixão e da consumação das esperanças.
Os Maypoles são por vezes utilizados atualmente por Wiccanos durante rituais do Beltane, mas o caldeirão é um ponto central mais comum da cerimônia. Representa, obviamente, a Deusa - a essência da feminilidade, o objetivo de todo desejo, o igual mas oposto do
Maypole, símbolo do Deus.
O Meio de Verão, o Solstício de Verão (por volta de 21 de junho), também conhecido como Litha, chega quando as forças da natureza alcançam seu ponto mais alto. A Terra está banhada pela fertilidade da Deusa e do Deus.
No passado, pulava-se sobre fogueiras para estimular a fertilidade, a purificação, a saúde e o amor. O fogo novamente representa o Sol, celebrado neste período de dias mais longos.
O Meio do Verão é uma época clássica para magia de todos os tipos. Lughnasadh (1° de agosto) é a época da primeira colheita, quando as plantas da primavera murcham e derrubam seus frutos ou sementes para garantir nosso consumo e para assegurar futuras safras. Misticamente, também, o deus perde sua força enquanto o Sol nasce mais e mais ao Sul a cada dia e as noites tornam-se mais longas. A Deusa observa entre lamento e regozijo enquanto percebe que o Deus está morrendo, ao mesmo tempo em que vive dentro d´Ela como Seu filho.
Lughnasadh, também conhecido como Véspera de Agosto, Festa do Pão do Lar da Colheita e Lammas não é necessariamente observado neste dia. Originalmente, coincidia com a primeira ceifada.
À medida que o verão passa, os Wiccanos recordam seu calor e fartura no alimento que comemos. Cada refeição é um ato de sintonia com a natureza, e somos lembrados de que nada no universo é constante.
O Mabon (por volta de 21 de setembro), o equinócio de outono, é a conclusão da colheita iniciada no Lughnasadh. Mais uma vez o dia e a noite tem a mesma duração, equilibrados enquanto o Deus se prepara para abandonar Seu corpo físico e iniciar a grande aventura rumo ao desconhecido, em direção à renovação e ao renascimento pela Deusa.
A natureza retrocede, recolhe sua fartura, preparando-se para o inverno e seu período de repouso. A Deusa curva-se diante do Sol que enfraquece, apesar do fogo que queima dentro de Seu útero. Ela sente a presença do Deus mesmo enquanto Ele enfraquece.
No Samhain (31 de outubro), a Wicca se despede do Deus. É um adeus temporário. Ele não está envolto em trevas eternas, mas prepara-se para renascer pela Deusa no Yule.
Antigamente, o Samhain, também conhecido como Véspera de Novembro, Festa dos Mortos, Festa das Maçãs, e Todos os Santos, marcava um período de sacrifício. Em alguns lugares, esta era a época de sacrifícios animais para assegurar comida durante as profundezas do inverno. O Deus - identificado com os animais - também tombava para garantir a continuidade de nossa existência.
Os Wiccanos vegetarianos talvez não aprovem este aspecto do simbolismo do Samhain, mas é tradicional. Obviamente, não sacrificamos animais em rituais. É uma simbologia da morte do Deus.
O Samhain é um período de reflexão, de análise do ano que se finda, de ajustar contas com o fenômeno da vida sobre o qual não exercemos controle - a morte.
O wiccano sente que nesta noite a divisão entre as realidades físicas e espirituais é estreita. Eles recordam seus ancestrais e todos os que já se foram.
Após o Samhain, os Wiccanos celebram o Yule, completando assim o ciclo do ano.
Certamente, há muitos mistérios enterrados aqui. Por que é o Deus primeiro o filho e posteriormente o amante da Deusa? Isto não é incesto, mas simbolismo. Na hstória da agricultura (um dentre muitos mitos Wiccanos), a constante alternância da fertilidade da Terra é representada pela Deusa e pelo Deus. Este mito fala dos mistérios do nascimento, da morte e do renascimento. Celebra os maravilhosos aspectos e belos efeitos do amor, e honra as mulheres que perpetuam nossa espécie. Também indica a grande dependência que os homens têm em relação à Terra, ao Sol e à Lua, e os efeitos das estações em nossa rotina.
Para povos agrícolas, o ponto principal deste ciclo mítico é a produção de alimentos por meio da união entre o Deus e a Deusa. O Alimento - sem o qual todos morreríamos - está intimamente ligado às deidades. Na verdade, os Wiccanos vêem a comida como mais uma manifestação da energia divina.
Assim, ao observar os Sabbats, os Wiccanos sintonizam-se com a Terra e com as deidades. Eles reafirmam suas raízes na Terra. A prática de rituais nas noites de lua cheia também fortalece sua conexão com a Deusa em particular.
O Wiccano sábio celebra os Sabbats e os Esbats, por serem estes períodos de poder real e simbólico. Honrá-los de algum modo é parte integral da Wicca.

FILOSOFIA WICCANA

As pessoas que tomam conhecimento da Wicca geralmente se perguntam: qual é a sua doutrina? Em que eles acreditam?
À primeira vista, nossa filosofia pode parecer um tanto quanto difícil de ser compreendida, pois ela se baseia num entendimento diferentes dos conceitos que as pessoas estão acostumadas a ver numa religião. Alguns desses pontos são fervorosamente combatidos, criticados e inadmissíveis por determinados grupos. Os religiosos os vêem como blasfêmia, heresia, sacrilégio. Os racionalistas e céticos como algo irracional, incoerente, retrógrada. Há quem questione a Wicca como religião, argumentando que ela não tem as características de religião, sendo muitas vezes, chamada de "seita esotérica".
Os treze pontos que listei no início do blog vou tentar esclarecê-los a partir de agora. Porém você deve ter em mente que eles são apenas alguns pontos da nossa crença, e não todos, e que o seu entendimento é muito mais profundo.

O ESTEREÓTIPO DA BRUXA

Desde que nascemos escutamos histórias onde o vilão é sempre uma bruxa má, que come criancinhas, uma madrasta má com inveja da bela enteada, ou será que você nunca ouviu falar da Branca de Neve e João e Maria? Noutras, as bruxas são representadas como velhas feias com verruga no nariz pontudo, que invariavelmente transformam-se em jovens belas para seduzir homens virtuosos, como a bruxa do mar na pequena Sereia ou a própria Morgana na história do Rei Arthur. Histórias assim são comuns e de certa forma tem um fundo de verdade que como sempre é destorcida para atenderem a necessidades políticas e religiosas de homens gananciosos.
A sedução não é um "poder" exclusivo das mulheres, tão pouco das bruxas. Ao longo da história, homens e mulheres utilizaram-se desse subterfúgio pelos mais diversos motivos, com as melhores e piores intenções. Porém a acusação no caso das bruxas é a de utilizar magia para seduzir alguém. E então vem a pergunta: como isso é possível? Isso pode ser feito realmente????
Vamos voltar à história de Arthur e Morgana. No romance de Marion Zimmer Bradley, Morgana tenta se passar por Guinevere para seduzir Lancelote através de um feitiço chamado "Glamour". Esse tipo de feitiço até hoje é utilizado pelas atuais bruxas, porém elas possuem implicações próprias. Por ser um feitiço que desconsidera o livre arbítrio da pessoa a ser "conquistada", é considerado um feitiço perigoso. Feitiços de amor são praticados pelas bruxas atuais, porém a intenção dela é que vai definir a sua "ética". Entre os Wiccanos atuais o livre-arbítrio é considerado um ponto de "senso ético" e visto com cuidado ante de se praticar qualquer feitiço.

terça-feira, 26 de junho de 2007

SACRIFÍCIO: UM NOVO OLHAR SOBRE VIDA E MORTE

Grande parte das acusações de morte por sacrifícios humanos são feitas à pessoas que se denominam bruxos "praticantes de magia negra". Muitas das vezes, essas pessoas são identificadas com membros da Wicca. Em primeiro lugar temos que esclarecer uma coisa: AUTO-INTITULAR-SE BRUXO, NÃO FAZ DE NINGUÉM UM BRUXO". E em segundo lugar, wiccanos não praticam sacrifícios rituais envolvendo morte de seres humanos. A nossa concepção de sacrifico tem um entendimento diferente. Todos nós, independentemente da religião que praticamos, operamos sacrifícios, às vezes todos os dias. Não nos damos conta que o sacrifício é necessário para a nossa sobrevivência. Ou você não percebeu ainda que se alimenta todos os dias de animais sacrificados???? É isso mesmo, pense nisso, para que você possa ter energia para viver, precisa se alimentar de seres vivos sacrificados. Quando se come um suculento bife, não se imagina que aquela carne veio de um boi que precisou morrer para que nós vivêssemos. Isso também acontece com os vegetais, cenouras arroz, trigo, batatas, pois quando você as colhe interrompe seu desenvolvimento natural. Mas isso não significa que devemos nos sentir culpados por isso, basta compreendermos que a vida não existe sem a morte. Para cultivarmos um jardim, precisamos arrancar as ervas daninhas e matar as possíveis pragas.
Os sacrifícios humanos foram praticados durante muitos séculos em várias sociedades. Eras eram parte de um entendimento de mundo diferente, por isso não devemos julgá-las ou condená-las por isso. Quantas coisas que fazemos hoje não pareceriam bárbaras aos olhos dos antigos. NÃO DEVEMOS TER A PRETENSÃO DE JULGAR OS ATOS PASSADOS COM OS OLHOS DO PRESENTE. As pessoas costumam chamar de crueldade, barbárie, mas não pensam que em muitos casos o sacrificado se apresenta de livre e espontânea vontade. No caso dos animais, a idéia que se tem é que os bichos sofrem horrores nos sacrifícios e não se dão conta que alguns depois de imolados são assados e comidos em banquetes, como os romanos faziam. Não se mata pelo prazer de matar, isso sim é crueldade. Tudo é consumido depois. Crueldade é o que se faz com cadelas arrastadas em carros pelas ruas até a morte!
Uma pessoa que justifique a morte de alguém num ritual de magia negra poder ser tudo menos Wiccano. É muito fácil um psicopata usar de tradições de feitiçaria para justificar um crime. Ingênuo da pessoa que acreditar nele!

FAMILIARES: ANIMAIS DE PODER

A Wicca além de ser uma religião que usa magia, também possui traços xamânicos, e uma característica disso são os familiares. Os familiares são animais vivos que as bruxas usam como fortalecedor da sua magia e como companheiros, acredita-se que o animal que serve de familiar acrescenta as energias às da magia do bruxo para aumentar-lhe o poder, visto que possui uma grande sensibilidade com as energias do Mundo Mágico. O familiar mais conhecido é o gato preto, e um dos rituais mágicos que os bruxos realizavam com esse familiar consistia em esfregar-lhe o lombo com sal à meia-noite para atrair dinheiro. Outros familiares são os corvos, cães, corujas, e ratos.
Antigamente acreditava-se que o bruxo podia enviar o seu familiar a um inimigo com instruções específicas para prejudicá-lo. Hoje, nem todos os bruxos têm familiares, e os que têm raramente os usam em seus rituais. Essa crença perdurou por muito tempo durante a Idade média e Moderna, e acreditava-se que esses animais eram bruxas disfarçadas para fazer mal às pessoas, e sugar a energia das crianças pequenas. Por essa mentalidade, a Igreja e o povo em geral passou a matar e torturar esses animais, acreditando que eles se transformariam novamente em bruxas, confessando o seu pacto com o demônio. Milhares de cães e gatos foram torturados e mortos nas fogueiras, e até hoje isso acontece. A fama de azar dos gatos pretos perdura até hoje, o que faz com que uma pessoa prefira atropelar um gato a deixá-lo cruzar o seu caminho.
Por muitos anos os bruxos foram acusados de matarem e torturarem esses animais em rituais satânicos e até hoje somos acusados de sacrificar animais coisa que não fazemos. Mas olhando por essa ótica, o que é crueldade para quem é capaz de atropelar um gato por acreditar que ele irá lhe atrair a má sorte?
Animais têm sido atribuídos a divindades por muito tempo, veja os deuses egípcios, e os pré-colombianos. Outros são apontados como representantes ou companheiros de certas divindades, assim acontece com Hécate, que tem como animal símbolo o cão, ou Babdh Catha que é representada por um corvo.
Seja como for, as pessoas passaram a associar esses animais ao mau agouro, o que não é bem assim. O significado, a simbologia dos animais para nós vai muito além do a visão simplista de bem e mal e sejam eles quais forem, merecem o nosso respeito pois são manifestações do sagrado. São parte dos Deuses assim como nós.

SKYCLAD: A NUDEZ RITUAL

A nudez nos antigos rituais era muito comum, isso deu margem para interpretações fanáticas e preconceituosas embora compreensível para a mentalidade da época. O que não é compreensível é que interpretações como essa continuem nos dias de hoje, principalmente por grupos religiosos que levam sua fé um tanto quanto exageradamente a sério demais. Não estou querendo dizer que elas não têm o direito de pensar assim, porém elas não têm direito e usar suas idéias como justificativa para agredir ou depreciar a fé dos outros.
Quando a Wicca surgiu, com Gerald Gardner, a nudez ritual chamada de skyclad (vestidos de céu) era utilizada porque acreditava-se que as roupas eram um impedimento para a fluidez da energia pessoal durante a realização dos rituais.
Além disso nossa religião sempre expressou uma maneira diferente de ver nosso corpo como algo natural. Como vimos, para nós a Deusa se manifesta em toda a natureza, plantas, animais e em nós, pois também somo s parte da natureza. Por isso consideramos que o nosso corpo é sagrado, é um altar onde a vida é criada. As antigas religiões patriarcais acostumaram as pessoas com a idéia de que o corpo é algo impuro, sujo, imundo e vergonhoso. Essa idéia iniciou-se com a história de Adão e Eva, quando estavam no paraíso e posteriormente forma expulsos por comer a maçã e cometerem o "pecado original.
Para nós, que nos consideramos manifestação do divino e entendemos que os deuses são tudo em nós. Útero, seios, barriga, boca, vagina, pênis, osso e sangue, nenhuma parte do corpo é impura, nenhum aspecto dos processos vitais é maculado por qualquer conceito de pecado. Se estamos comendo, dormindo, fazendo amor ou eliminando os excessos do corpo, estamos manifestando os Deuses. Essa idéia fica ainda mais visível nas palavras de Margot Adler: "A palavra é sagrada. A natureza é sagrada. O corpo é sagrado. A sexualidade é sagrada. A mente é sagrada. A imaginação é sagrada. Você é sagrado. (...) Você é Deus. Você é Deusa. A divindade está tanto dentro quanto fora de você".
Para algumas tradições da Wicca, como a Gardneriana, a nudez ritual é uma exigência. Porém, tradições posteriores perceberam que um simples pedaço de pano não seria o suficiente para barrar a energia pessoal de cada indivíduo e a nudez deixou de ser exigência. Hoje, muitos Wiccanos ainda usam a nudez ritual, mas há quem prefira trabalhar com túnicas e capas. Vai do gosto de cada um e nem por isso deixam de ser Wiccanos.

terça-feira, 19 de junho de 2007

ORGIAS??????


Nos festivais de Beltaine, comemorado no Equinócio de Primavera, celebramos a união da Deusa e do Deus, sendo também um festival de fertilidade. Na religião antiga, "fertilidade" significa o desejo de produzir mais nas fazendas e nos campos. Durante estes festivais, realizavam-se banquetes, jogos, leitura de poesias, canto e danças comemorando o casamento do deus e da deusa, que traria fertilidade a terra. Um casal era escolhido para celebrar o Grande Rito, representando o Deus e a Deusa. Celebrava-se o casamento e depois eles se retiram para a tenda nupcial onde então seria consumada a união. Enquanto isso, casais uniam-se nos campos para trazer fertilidade à terra, muitas delas, mulheres que desejava um filho.
Aos olhos cristãos, isso era considerado uma orgia, um pecado, já que sua idéia de sexo era relacionado ao pecado original de Adão e Eva e a união carnal deveria servir a apenas um propósito. Mas para os antigos seguidores dessa religião, assim como para nós hoje, esses conceitos não são levados em conta. Por sermos manifestações da deusa, nos vemos também como seres sagrados e portanto, qualquer ato de amor e prazer é um ritual da Deusa. Nossa sexualidade é plenamente sentida, em um contexto onde o desejo sexual é sagrado, não somente por ser o meio pelo qual a vida é proporcionada, mas também porque ela é o meio através do qual nossas próprias vidas são mais profundas e estaticamente realizadas. Ela representa a união primordial pelo qual tudo foi criado, pois ambos, homem e mulher se tornam um.

OS SABBATS: FESTIVAIS WICCANOS


Os Wiccanos seguem um calendário baseado nas fases da Lua e nas estações sazonais. Por isso, o ano Wiccano possui um ano e um dia, correspondendo ao calendário gregoriano.
Os famosos sabás das bruxas nada mais são do que os festivais sazonais que comemoramos ao longo do ano, alguns inclusive, adotados pela igreja católica. O nosso calendário é chamado de Roda do Ano e se dividem em dus partes: os sabás maiores (Imbolc, Beltaine, Lughnasadh e Samhain) e os sabás menores (Mabon, Yule, Ostara e Litha).
Os sabás maiores baseiam-se em antigos rituais folclóricos. São os que há mais tempo são observados, eram associados à agricultura e aos ciclos reprodutivos dos animais. No calendário cristão (gregoriano), foram inseridos com os nomes de Festa da Candelária (Imbolc), Mês das Noivas (Beltaine), Festival do início da colheita dos grãos (Lughnasadh) e Finados, comemorado nos EUA como Halloween (Samhain).
As datas dos sabás menores podem variar em um dia ou dois no uso tradicional, e também de ano a ano em fatores astronômicos, pois correspondem aos solstícios e equinócios que determinam as estações do ano. No calendário cristão correspondem ao Festival do término da colheita dos grãos, no Equinócio de Outono, comemorado nos EUA como o feriado do Dia de Ação de Graças Thanksgiving Day (Mabon), Natal, como o Sostício de Inverno (Yule), Páscoa, como Equinócio da Primavera (Ostara) e Festas Juninas como Sostício de Verão (Litha).
Em alguns acendemos fogueiras como no Solstício de Verão. Por isso é tradicional ter uma fogueira nas festas juninas.
As estações lunares também são ritualizadas. Nos reunimos a cada lua cheia para comemorar os esbats.

BRUXAS E VASSOURAS



A vassoura é um instrumento utilizado pelas bruxas em seus rituais. Mas não da maneira que você está acostumado a ver. A idéia de bruxas voando nuas em vassouras surgiu do imaginário popular, e segundo Scott Cuningham:


"As bruxas européias passaram a ser identificadas com as vassouras porque ambas eram associadas à magia pelo conhecimento popular e religioso. As Bruxas eram acusadas de voar em cabos de vassoura, e isso era considerado uma "aliança com as forças obscuras". Tal ação, se pudesse ser praticada, seria realmente sobrenatural, e assim, demoníaca a seus olhos, contrastando com as simples curas e encantos de amor realmente praticados pelas Bruxas. Obviamente, o mito foi criado pelos perseguidores de Bruxas. Alguns Wiccanos afirmam que bruxas "voavam" em vassouras pulando no solo, do mesmo modo como crianças em cavalinhos de pau, para promover a fertilidade dos campos. Acredita-se, ainda, que as lendas de bruxas voando em vassouras eram uma explicação pouco sofisticada para a projeção astral."

Na Wicca, a vassoura é utilizada nos nossos rituais para varrer as energias negativas estagnadas no ambiente que será utilizado para a realização do nosso ritual. Essas energias se ali deixadas podem interferir no resultado e por isso, antes de iniciarmos os nossos rituais, varremos a área do círculo, mas sem tocar a vassoura no chão, pois o objetivo dela é varrer as energias e não a sujeira física. Esta já foi retirada anteriormente na limpeza do local.

Os DEUSES WICCANOS




Há religiões que cultuam um só Deus, religiões que cultuam vários deuses. Porém, há uma coisa em comum em todas elas: todas acreditam que há um Princípio Criador, que não tem nome, mas que deu origem a todo o universo. Algumas chamam-na de Natureza, outros de Éter, ou ainda de "o Deus Supremo". Outros, como nós, pensam diferente: achamos que essa energia é ambas as coisas, masculina e feminina. Desse princípio, surgiram as duas grandes polaridades, que deram origem ao Universo e a todas as formas de vida. Faz, sem dúvida, mais sentido ver o Princípio Criador como feminino, se quisermos dar um gênero à Divindade, visto que é a mulher que dá a vida. Mesmo Jesus, que os cristãos dizem ser filho de Deus ou mesmo o próprio Deus, teve de nascer de Maria antes de poder tomar forma humana. Ainda assim, sabemos que para que a mulher conceba, é necessária a outra metade, o homem para que uma nova vida seja criada. Por isso, dizemos que há uma energia que gerou o universo que é tanto masculina quanto feminina. E essas energias, diferentes, mas complementares são representadas como tendo características próprias. E cada uma delas mostra-nos uma parte do Princípio Criador, e todas as partes juntas dão-nos uma idéia do todo. Por isso, as pessoas que acreditam em que há apenas Um Deus, têm razão, tal como aquelas que veneram os muitos deuses, mas de maneiras diferentes.
Na Wicca chamamos as polaridades femininas e masculinas genericamente de Deus e Deusa. Essas deidades possuem diversas facetas, por isso a Wicca é politeísta. A elas são atribuídas três aspectos: a Deusa como Donzela (virgem), a Mãe (fertilidade) e Anciã (sabedoria). O aspecto da anciã é comumente associada ao estereótipo das bruxas más das histórias infantis. No caso do Deus, assim também ocorre. Seus aspectos são: A Criança da Promessa (luz), o Caçador (fertilidade) e o Deus Moribundo (morte). O primeiro aspecto foi utilizado pela igreja Católica para explicar o nascimento de Jesus Cristo. O aspecto Caçador do Deus é representado como um homem com chifres de veado, que simbolizam a sua virilidade, pois ele é cultuado como deus da fertilidade. Na primavera, ele e a donzela, se unem no êxtase do Grande rito para criar a vida. Essa é a representação da renovação da vida que acontece em cada primavera.
A imagem do Deus foi deliberadamente pervertida pela igreja medieval para a imagem do Diabo Cristão. A Wicca não acredita nem cultua o diabo, nós o consideramos como um conceito próprio do Cristianismo. Nosso Deus possui chifres, mas estes são os símbolos da virilidade animal. Nos cultos medievais, o Deus alcançou maior proeminência que a Deusa durante um certo período, quando a peste e os desastres naturais dizimavam colheitas, e os camponeses apelavam ao Grande Rito para obter sucesso nas colheitas.

A INQUISIÇÃO



















A Inquisição faz parte da história da nossa religião, pois uma parte dela é herdeira das antigas bruxas. Por isso, um wiccano também é chamado de bruxo ou bruxa.
Pelo que sabemos, as perseguições aos seguidores das antigas religiões pré-cristãs começou, como uma forma de auto-afirmação da religião cristã, que em 109 A.D. se denominaria Católica (Universal). Isso parte do entendimento do que Cristo ensinou aos seus apóstolos, pedindo a eles que difundisse a sua fé, porém esse ensinamento foi deturpado, porque apesar de Jesus pedir que espalhasse sua mensagem, nunca disse que deveriam converter as pessoas à força, e foi isso que acabou acontecendo. Seus propagadores se autodenominaram como a única fé verdadeira, condenando as outras manifestações religiosas, e quando conseguiram convencer o imperador Constantino de tornar o Cristianismo a religião oficial do Império Romano, passou-se a perseguir os pagãos como heréticos, juntamente com outras seitas cristãs como os Cátaros e posteriormente os Judeus. Para isso, criaram o Tribunal do Santo Ofício, que durante a Alta Idade Média atuou em nome da defesa da fé cristã. Grande parte das cnfissões das bruxas falam do "diabo", segundo a transcrição das palavras das bruxas realizadas pelos padres cristãos, que se referiam ao seu deus não cristão. Eles registravam aqueles que sustentavam suas acusações relativas a satanismo e ignoravam e torciam ouros indícios. Os suspeitos que eram tortutrados, e que chegavam ao limite da resistência, freqüentemente recebiam declarações já prontas para assinarem, as quais já expressavam aquilo que os padres cristãos desejavam acreditar, em lugar da verdade.

Além de punir os heréticos, a Igreja Católica se prontificou a demonizar todo e qualquer deus pagão, obrigando os camponeses a converterem-se, assimilando festivais das religiões antigas e santificando Deuses pagãos, juntamente com a criação de um imaginário supersticioso que resultou na criação dos estereótipos das bruxas que teve o seu auge na Idade Moderna, e perdura até hoje.
A partir da Idade Moderna, quando houve a Reforma Protestante, a então já bem estruturada Igreja Católica Apostólica Romana, convoca a Contra-reforma, uma série de medidas para impedir o avanço do protestantismo na Europa, entre essas medidas está o reavivamento do Tribunal do Santo Ofício, chamada Inquisição, que desde a Baixa Idade Média havia diminuído drasticamente suas ações. Foi então que começou a chamada Época de se Queimar. Protestantes acusados de heresia, membros de seitas cristãs heréticas e judeus passaram a ser perseguidas em nome da fé. Como se isso não bastasse, o então governo dos recém formados estados nacionais passou a usar o Tribunal como punição para crimes políticos. Começando com o rei James IV da Escócia, ao atribuir uma tempestade marítima que quase destruiu o navio a algumas bruxas que fizeram um "ritual satânico" no interior de uma igreja perto da costa litorânea a fim de impedir o seu casamento. James IV ficou tão obcecado com isso que escreveu tratados de demonologia e combateu fortemente as bruxarias, tanto na Escócia quanto na Inglaterra. Daí, a crença nas bruxas e feiticeiras espalhou-se por toda a Europa, culminando na morte de milhões de pessoas inocentes.
Alguns dos crimes atribuídos às bruxas e feiticeiras eram:

  • Cultuar o demônio;
  • Voar em vassouras;
  • Participarem dos sabás;
  • Praticar orgias;
  • Dançarem nus em volta de fogueiras;
  • Disfarçarem-se de animais para escapar (corujas, gatos, aranhas, corvos, cães);
  • Praticarem sacrifícios;
  • Disfarçarem-se de velhas ou mulheres belas para seduzir homens;
  • Realizar feitiços, mandingas, simpatias e outras coisas mais;

Isso acontece até hoje com as pessoas que se dizem bruxos e feiticeiros, mas vou tentar esclarecê-los um a um nos próximos textos.

NÃO QUEREMOS CONVENCER NINGUÉM DE NADA, QUEM QUISER QUE PESQUISE E ENCONTRE O SEU CAMINHO


A frase que dá título a esse texto tem uma mensagem bem clara: a Wicca não é conversionista, nem missionária, ou seja, ela não tem por objetivo tentar convencer ninguém de que nossa religião é a única verdadeira, pois não acreditamos em verdades absolutas e sim, que há vários caminhos possíveis e todos eles são válidos, portanto você jamais encontrará um wiccano tentando convencê-lo a iniciar-se em nossa religião. O máximo que pode acontecer é você ouvir um Wiccano responder alguma dúvida de um leigo, mas apenas isso.
Se alguém tiver curiosidade, dúvida ou queira conhecer a Wicca para saber se é um caminho alternativo para si, poderá encontrar orientação em livros, na internet, ou mesmo com algum Wiccano. Não nos negamos a esclarecer as dúvidas de quem quer que seja, porém a pessoa deve estar aberta a conhecer uma filosofia diferente do que está acostumado. Não é algo que se faça de qualquer jeito. Seja qual for o seu desejo, a sua necessidade, tenha o coração e a mente aberta para tudo o que lhe acontecer. Muitas vezes a resposta que procuramos está mais perto do que se imagina.

terça-feira, 29 de maio de 2007

A Wicca e o Divino Feminino



Por Erynn Dé Dannán



A maioria das pessoas quando conhecem a Wicca acabam estranhando a idéia de cultuarmos uma Deusa. Alguns acham que fazemos isso apenas para chamarmos a atenção, outras vêem isso como um sinônimo de rebeldia contra o cristianismo e um símbolo da luta feminista.
O fato é que a nossa religião apenas retoma uma prática comum das primeiras sociedades se organizarem no nosso planeta e que foi esquecida pela nossa sociedade atual: a espiritualidade matrifocal. Você quer dizer, matriarcal? Não, é matrifocal.
Como diz essa palavrinha, o foco espiritual está no feminino, e não no masculino. Eu poderia passar horas falando desse assunto numa abordagem histórica, porém não é esse o meu objetivo, basta saber que algumas das primeiras civilizações antigas, por exemplo, a civilização creto-micênica (é aquela mesma do rei Minos e da lenda do Minotauro) eram matrifocais.
As antigas tribos antes de ter conhecimento da participação do homem na concepção humana reverenciavam o sexo feminino como provedor da vida, pois é da mulher que nasce um novo ser, é das fêmeas que nascem os filhotes. Portanto a mulher era vista como detentora de mistérios e poderes incríveis e era divinizada como símbolo de fertilidade. Porém isso não significava que as mulheres detinham o poder político nas tribos, apenas constatava-se que ela era respeitada (não temida) e independente, ou seja, não necessitavam da autorização de nenhum membro masculino da família para fazer o que queria.
Com o passar do tempo o homem tomou conhecimento de sua participação na concepção e da relativa força que possuía em relação às mulheres. Mudou a forma de organização da sua tribo e mudou o foco da sua espiritualidade: era o patriarcalismo, ou patriarcado. Você não quer dizer patrifocal? Não, é partiarcal, porque tanto a espiritualidade quanto o poder político e social estava em poder dos homens. As mulheres passaram a ser submissas aos homens, ou seja, perderam a independência e o respeito de que gozavam.
Quero deixar bem claro que não somos feministas nem queremos partir para discursos feministas. O que estamos fazendo é explicar um fato, algo que aconteceu há muito tempo e que não foi invenção da nossa cabeça. É simplesmente História. O patriarcalismo dura até hoje e está fortemente aliada à religião.
Algumas pessoas estão atualmente tão decepcionadas com essa cultura patriarcal, que quando resolvem abandonar sua religião de origem e partem para uma pesquisa a respeito de religiões alternativas, acabam se deparando com a Wicca e vêem nisso uma novidade, algo diferente. Eu sei porque isso aconteceu comigo. Porém eu tive maturidade suficiente para levar a sério e perceber que este era o melhor caminho que eu poderia encontrar. A Wicca tem o foco no feminino, embora não despreze o masculino. Essa é uma tentativa de resgatar as nossas antigas raízes espirituais, nós vemos o feminino como a energia criadora e doadora da vida, pois assim é na natureza. Temos a percepção de que o feminino e o masculino devem conviver em equilíbrio e não um sobrepondo o outro. Para nós essa é a palavra de ordem "equilíbrio". É algo que vemos como um ponto que pode melhorar o mundo em que vivemos e por isso o respeitamos.
Nossa espiritualidade, nossos panteões reúnem os mais diversos deuses e deusas que existem nas mais diferentes culturas possíveis do mundo. Elas são manifestações diferentes da mesma energia criadora, chamadas genericamente por Deus e Deusa.

OS TREZE PRINCÍPIOS DOS WICCANOS


Todos os praticantes da Religião da Deusa seguem os 13 princípios básicos propostos:
1. Nós praticamos ritos para nos alinharmos ao ritmo natural das forças vitais, marcadas pelas fases da Lua e aos feriados sazonais.
2. Nós reconhecemos que nossa inteligência nos dá uma responsabilidade única em relação a nosso meio-ambiente. Buscamos viver em harmonia com a Natureza, em equilíbrio ecológico, oferecendo completa satisfação à vida e à consciência, dentro de um conceito evolucionário.
3. Nós damos crédito a uma profundidade de poder muito maior que é aparente a uma pessoa normal. Por ser tão maior que ordinário, é às vezes chamado de "sobrenatural", mas nós o vemos como algo naturalmente potencial a todos.
4. Nós vemos o Poder Criativo do Universo como algo que se manifesta através da Polaridade - como masculino e feminino - e que ao mesmo tempo vive dentro de todos nós, funcionando através da interação das mesmas polaridades masculina e feminina. Não valorizamos um acima do outro, sabendo serem complementares. Valorizamos a sexualidade como prazer, como o símbolo e incorporação da Vida, e como uma das fontes de energias usadas em práticas mágicas e ritos religiosos.
5. Nós reconhecemos ambos os mundos exterior e interior, ou mundos psicológicos - às vezes conhecidos como Mundo dos Espíritos, Inconsciente Coletivo, Planos Interiores, etc. - e vemos na interação de tais dimensões a base de fenômenos paranormais e exercício mágico. Não negligenciamos qualquer das dimensões, vendo ambas como necessárias para nossa realização.
6. Nós não reconhecemos nenhuma hierarquia autoritária, mas honramos aqueles que ensinam, respeitamos os que dividem de maior conhecimento e sabedoria, e admiramos os que corajosamente deram de si em liderança.
7. Nós vemos religião, magia, e sabedoria como sendo unidas na maneira em que se vê o mundo e vive nele - uma visão de mundo e filosofia de vida, que identificamos como Bruxaria ou o Caminho Wiccaniano.
8. Auto-intitular-se "Bruxo" não faz de ninguém um Bruxo - assim como a hereditariedade, ou a coleção de títulos, graus e iniciações. Um Bruxo busca controlar as forças interiores, que tornam a vida possível, de modo a viver sabiamente e bem, sem danos a outros e em harmonia com a Natureza.
9. Nós reconhecemos que é a afirmação e satisfação da vida, em uma continuação de evolução e desenvolvimento da consciência, que dá significado ao Universo que conhecemos, e a nosso papel pessoal dentro do mesmo.
10. Nossa única animosidade acerca da Cristandade, ou de qualquer outra religião ou filosofia, dá-se pelo fato de suas instituições terem clamado ser "o único verdadeiro e correto caminho", e lutado para negar liberdade a outros, e reprimido diferentes modos de prática religiosa e crenças.
11. Como Bruxos, não nos sentimos ameaçados por debates a respeito da História da Arte, das origens de vários termos, da legitimidade de vários aspectos de diferentes tradições. Somos preocupados com nosso presente e com nosso futuro.
12. Nós não aceitamos o conceito de "mal absoluto", nem adoramos qualquer entidade conhecida como "Satã" como definido pela Tradição Cristã. Não buscamos poder através do sofrimento de outros, nem aceitamos o conceito de que benefícios pessoais só possam ser alcançados através da negação de outros.
13. Trabalhamos dentro da Natureza para aquilo que é positivo para nossa saúde e bem estar.

Dogmas da Wicca


Em muitos sites de wicca que você acessar, perceberá que a maioria deles nos dizem que a Wicca não possui dogmas. Isso em parte é verdade. A Wicca não possui dogmas, no sentido "verdades absolutas", ou seja aspectos da doutrina que não podem ser questionados. Porém ela possui dogmas, se pensarmos nesse conceito como sendo "as características litúrgicas aceitas comumente por todos".
A Wicca é uma religião em que não existem livros sagrados, nem profetas a justificá-los. Não faz apelo a uma fé única e exclusiva, não tem mandamentos e promove acima de tudo o respeito e a diversidade. Não é também um sincretismo religioso porque vários sincretismos são possíveis. É uma escolha pessoal para aqueles que sentem que a sua percepção do sagrado não só não se enquadra nos esquemas tradicionais como é algo demasiado individual para se sujeitar a conjuntos de regras e crenças que outros determinaram.
As poucas regras existentes na Wicca têm um caráter essencialmente funcional e são vistas não como mandamentos duma qualquer divindade ou profeta iluminado, mas como simples normas de relacionamento entre pessoas que partilham interesses comuns. São apenas alguns princípios genéricos ligados a valores ecológicos e individuais de largo consenso e à liberdade de expressão da religiosidade como é sentida e recriada por cada um.
O seu espírito está bem patente na regra básica "Faz o que quiseres desde que não faças mal", a única que todos os membros da Wicca procuram seguir. Esta diversidade exprime-se nas práticas de diferentes pessoas ou grupos.
Encontramos indivíduos que se assumem como monoteístas, politeístas, panteístas, e adeptos de tradições para quem apenas a Deusa é importante, ao lado de outras que dão a maior ênfase à polaridade, aos rituais e nomes de divindades retirados de todas as religiões conhecidas (e por vezes mesmo de obras fantásticas), nas mais variadas combinações cujos membros se relacionam num clima de aceitação e harmonia.
A Wicca tem a sua maior implantação nos países anglo-saxônicos, onde a longa tradição democrática e o Protestantismo permitem um maior individualismo. Para além de práticas individuais, os Pagãos agrupam-se em pequenos núcleos, tradicionalmente de 13 pessoas, cada qual com as suas regras e tradições; ainda se podem juntar em grandes encontros. Nestes encontros estendem-se ao campo religioso os princípios de liberdade de expressão e de associação já há muito aplicados noutros setores da sociedade. Ao contrário de outras religiões e de outras organizações não existe aqui uma estrutura hierárquica nem uma autoridade central.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Tradições Wiccanas



Segundo o dicionário “Tradição é um método específico de ação, atitude ou ensinamentos que são passados de geração para geração”. Na Wicca, a palavra Tradição tem um significado diferente: uma Tradição é um conjunto específico de rituais, ética, instrumentos, liturgia e crenças. Resumindo, uma Tradição é um subgrupo específico dentro da Wicca. Hoje muitas pessoas estão confundindo o que é uma Tradição da Bruxaria. Muitos afirmam que a Wicca é uma Tradição, o que não é verdade! A Wicca não é uma "tradição", mas sim uma Religião que possui diversas Tradições. Cada Tradição tem sua própria estrutura, rituais, liturgias, mitos próprios que são passados de praticante para praticante. Mas todas elas seguem o mesmo princípio filosófico:
A celebração da Deusa e do Deus através de rituais sazonais ligados à Lua e ao Sol, os Sabás e Esbás;
O respeito à Terra, que é encarada como uma manifestação da própria Deusa;
A magia é vista como uma parte natural da Religião e é utilizada com propósitos construtivos, nunca destrutivos;
O proselitismo é tido como inadmissível;
A Filosofia, os ritos, as concepções são muito diversas e radicalmente diferentes de uma Tradição para outra, com freqüência isso ocorre dentro de duas dissidências da mesma Tradição.
Às vezes uma Tradição pode não reconhecer um iniciado em outra Tradição e por isso é muito comum ouvirmos relatos de Bruxos que se iniciaram em duas, três ou quatro Tradições distintas. Outras Tradições, porém são mais flexíveis e acolhem Bruxos de outras Tradições em seu segmento.
Cada Tradição tem seu próprio Livro das Sombras, contendo seus Ritos sagrados e idéias sobre a Divindade e é muito comum uma Tradição afirmar que o seu Livro é o único descendente do primeiro Livro das Sombras redigido. Outro ponto de divergência entre as Tradições relaciona-se à hierarquia. Algumas são extremamente hierárquicas, enquanto em outras a hierarquia é inadmissível e tida como tabu.
Algumas Tradições aceitam e incentivam seus membros a praticarem a Bruxaria sozinhos, enquanto em outras é terminantemente proibido a prática mágica de qualquer tipo fora do Coven e sem a supervisão do Sacerdote ou Sacerdotisa.
Isto ocorre porque na Wicca não existem nenhum dogma ou liturgia fixa e na maioria das vezes o único ponto em comum que une as inúmeras Tradições é a crença na Deusa, criadora de tudo e de todos e a supremacia Dela em seus cultos. Talvez seja esta ausência de coesão que tenha conseguido fazer com que a Bruxaria sobrevivesse através dos séculos, depois de tantos massacres, cruzadas e propagandas enganosas. E talvez seja esta mesma falta de coesão que faça tantas pessoas se voltarem às práticas Pagãs, pois a Bruxaria é uma Religião adequada àqueles que sentem que sua forma de contatar o Divino é demasiadamente individual para se adaptar às imposições e dogmas estabelecidos pela maioria das Religiões.
ALGUMAS TRADIÇÕES DA WICCA
Por necessidade, estas definições são gerais, pois cada Bruxo mesmo que faça parte de uma Tradição específica poderia definir seu caminho como sendo diferente.
A TRADIÇÃO 1734: Tipicamente britânica é às vezes uma Tradição eclética baseado nas idéias do poeta Robert Cochrane, um auto-intitulado Bruxo hereditário que se suicidou através da ingestão de uma grande quantidade de beladona. 1734 é usado como um criptograma(caracteres secretos) para o nome da Deusa honrada nesta tradição.
TRADIÇÃO ALEXANDRINA: Uma Tradição popular que começou ao redor da Inglaterra em 1960 e foi fundada por Alex Sanders. A Tradição Alexandrina é muito semelhante à Gardneriana com algumas mudanças menores e emendas. Esta Tradição trabalha à maneira de Alex e Maxine Sanders, que diziam terem sido iniciados por sua avó em 1933. A maioria dos rituais são muito formais e embasados na Magia cerimonial. É também uma tradição polarizada, onde a Sacerdotisa representa o princípio feminino e o Sacerdote o princípio masculino. Os rituais sazonais, na maior parte são baseados na divisão do ano entre o Rei do Azevinho e o Rei do Carvalho e diversos dramas rituais tratam do tema do Deus da Morte/Ressurreição. Como na Tradição Gardneriana a Sacerdotisa é elevada autoridade máxima. Entretanto, os precursores para ambas as Tradições foram homens.
Embora similar a Gardneriana, a Tradição Alexandrina tende a ser mais eclética e liberal. Algumas das regras estritas Gardnerianas, tais como a exigência do nudismo ritual, são opcionais. Alex Sanders intitulou-se a certa altura «Rei das Bruxas», considerando que o grande número de pessoas que tinha iniciado na sua tradição lhe dava esse direito. Nem os seus próprios discípulos o levaram muito a sério, e para a comunidade Pagã no geral esse título foi apenas motivo de troça, quando não de repúdio. Janet e Stewart Farrar são os mais famosos Bruxos que divulgaram largamente a Tradição Alexandrina em suas publicações.
TRADICIONAL BRITÂNICA: Uma Tradição com uma forte estrutura hierárquica e graus. Os Rituais estão centrados na Tradição Céltica e Gardneriana
WICCA CÉLTICA: Uma Tradição muito telúrica, com enfoques na natureza, os elementos e elementais, algumas vezes fadas, plantas, etc. Muitas "Bruxas Verdes" (Green Witches) e Adeptos do Druidismo seguem este caminho, centrado no panteão Céltico antigo e em seus Deuses e Deusas.
TRADIÇÃO CALEDONIANA OU CALEDONNI: Uma tradição que tenta preservar os antigos festivais dos escoceses e às vezes é chamada de Tradição Hecatina.
TRADIÇÃO PICTA: É uma das manifestações da Bruxaria tipicamente escocesa. Na maioria das vezes é uma forma solitária da Arte. Seu enfoque prático é basicamente mágico e possui poucos elementos religiosos e filosóficos.
BRUXARIA CERIMONIAL: Usa a Magia cerimonial para atingir uma conexão mais forte com as divindades e perceber seus propósitos mais altos e suas habilidades. Seus Rituais são freqüentemente derivações da Magia Cabalística e Magia Egípcia. Embora certamente, mas não de forma intencional, este caminho é infestado freqüentemente por egoístas e pessoas inseguras que usam a Magia Cerimonial para duas finalidades:
adquirir tudo aquilo que querem
atingir níveis mais altos para poderem olhar de cima.
Estes atributos não são uma regra em todos os Bruxos Cerimoniais, e há muitos Bruxos sinceros neste caminho.
TRADIÇÃO DIÂNICA: Algumas Bruxas Diânicas só enfocam seus cultos na Deusa, são muito politicamente ativos, e feministas. Outras Bruxas Diânicas simplesmente enfocam seu culto na Deusa como uma forma de compensar os muitos anos de domínio Patriarcal na Terra. Algumas Bruxas Diânicas usam este título para denotar que são “as Filhas de Diana”, a Deusa protetora delas. Há Bruxas Diânicas que são tudo isto, algumas que não são nada disto, e outras que são um misto disto. A Arte Diânica possui duas filiais distintas:
Uma filial fundada no Texas por Morgan McFarland. Que dá a supremacia à Deusa em sua teologia, mas honra o Deus Cornífero como seu Consorte Amado e abençoado. Os membros dos Covens dividem-se entre homens e mulheres. Esta filial é chamada às vezes "OLD DIANIC" (Velha Diânica), e há alguns Covens descendentes desta Tradição, especialmente no Texas. Outros Covens, similares na teologia, mas que não descendem diretamente da linha de McFarland, e que estão espalhados por todo EUA.
A outra filial, chamada às vezes de Feitiçaria Feminista Diânica, focaliza exclusivamente a Deusa e somente mulheres participam de seus Covens e grupos. Geralmente seus rituais são livres e não são hierárquicos, usando a criatividade e o consenso para a realização de seus rituais. São politicamente um grupo feministas. Há uma presença lésbica forte no movimento, embora a maioria de Covens estejam abertos a mulheres de todas as orientações.
TRADIÇÃO GEORGINA: Esta Tradição foi criada por George Patterson, que se auto intitulou como sendo um “Sumo Sacerdote Georgino”. Quando começou o seu próprio Coven, chamou-o de Georgino, já que seu prenome era George. Se há uma palavra que melhor pode descrever a Tradição de George, seria "ECLÉTICA". A Tradição Georgina é um composto de rituais Celtas, Alexandrinos, Gardnerianos e tradicionais. Mesmo que a maior parte do material fornecido aos estudantes sejam Alexandrinos, nunca houve um imperativo para seguir cegamente seu conteúdo. Os boletins de noticias publicados pelo fundador da Tradição estavam sempre cheio de contribuições dos povos de muitas outras Tradições. Parece que a intenção do Sr. Patterson era fornecer uma visão abrangente aos seus discípulos.
ECLETISMO: Um Bruxo eclético é aquele que funde idéias de muitas Tradições ou fontes. Assim Como no caldeirão de uma Bruxa, são somadas elementos para completar a poção que é preparada, assim também são somadas várias informações de várias Tradições para criar um modo mágico de trabalhar. Esta "Tradição" que realmente não é uma Tradição é flexível, mas às vezes carente de fundamento. Geralmente, são criados rituais e Covens de estrutura livre.
TRADIÇÃO DAS FADAS OU FAIRY WICCA: Há várias facções da Tradição das Fadas. Segundo os membros desta Tradição, seus ritos e conhecimentos tiveram origem entre os antigos povos da Europa da Idade do Bronze, que ao migrarem para as colinas e altas montanhas devido às guerras e invasões ficaram conhecidos como Sides, Pictos, Duendes ou Fadas. Uma Bruxa desta Tradição poderia ser ou trabalhar, mas não necessariamente:
1) Com energias da natureza e espíritos da natureza, também conhecidos como fadas, Duendes, etc.
2) Homossexual;
Alguns dos nomes mais famosos desta Tradição são Victor e Cora Anderson, Tom Delong (Gwydion Penderwyn), Starhawk, etc.
TRADIÇÃO GARDNERIANA: Fundada por Gerald Gardner nos anos de 1950 na Inglaterra. Esta tradição contribuiu muito para Arte ser o que é hoje. A estrutura de muitos rituais e trabalhos mágicos em numerosas tradições é originária do trabalho de Gardner. Algumas das reivindicações históricas feitos pelo próprio Gardner e por algumas Bruxas Gardnerianas têm que ainda serem verificadas (e em alguns casos são fortemente contestadas), porém, esta Tradição apoiou muitas Bruxas modernas. Gerald B. Gardner é considerado "o avô" de toda a Neo-Wicca. Foi iniciado em um Coven de NEW FOREST, na Inglaterra em 1939. Em 1951 a última das leis inglesas contra a Bruxaria foi banida (primeiramente devido à pressão de Espiritualistas) e Gardner publicou o famoso livro "WITCHCRAFT TODAY", trazendo uma versão dos rituais e as tradições do Coven pelo qual foi iniciado. Gardnerianismo é uma tradição extremamente hierárquica. A Sacerdotisa e o Sacerdote lideram Coven, e os princípios do amor e da confiança presidem. Os praticantes desta Tradição trabalham "Vestidos de Céu" ( nus ), além de manterem o esquema de Ordem Secreta. Nos EUA e Inglaterra os Gardnerianos são chamados de "Snobs of the Craft" (Esnobes da Arte), pois muitos deles acreditam que são os únicos descendentes diretos do Paganismo purista. Cada Coven Gardneriano é autônomo e é dirigido por uma Sacerdotisa, com a ajuda do Sacerdote, Senhores dos Quadrantes, Mensageiro, etc. Isto mantém o linhagem e cria um número de líderes e de professores experientes para o treinamento dos Iniciandos. A Bíblia Completa das Bruxas (The Witches Bible Complete) escrita por Janet e Stuart Farrar, como também muitos livros escritos por Doreen Valiente têm base nesta Tradição e na Tradição Alexandrina em muitos aspectos.
TRADIÇÃO HECATINA: Uma Tradição de Bruxos que buscam inspiração em Hécate e tentam reconstruir e modernizar os rituais antigos da adoração à esta Deusa. É algumas vezes chamada de Tradição Caledoniana ou Caledonii.
BRUXO HEREDITÁRIO OU TRADIÇÃO FAMILIAR: Um Bruxo que normalmente foi treinado por um ente familiar e/ou pode localizar sua história familiar em outro Bruxo ou Bruxos. Os Bruxos Hereditários, ou Genéticos como gosto de chamar, são pessoas que têm, ou supõem ter, uma ascendência Pagã (mãe, tia, avó são os alvos mais visados). A maioria dos Hereditários não aceitam a infiltração de outras pessoas fora de sua dinastia, porém algumas Tradições Familiares “adotam” alguns membros, escolhidos “à dedo” em seu segmento.
BRUXA DE COZINHA: Uma Bruxa prática que é freqüentemente eclética, enfoca e centra sua magia e espiritualidade ao redor do ' forno e do lar'.
BRUXARIA SATÂNICA: Bruxos não reconhecem Satanás porque “Satã” é um fenômeno puramente Cristão, concebido muito posteriormente ao surgimento do Paganismo. Nenhum verdadeiro Bruxo dir-se-ia Bruxo Satânico. Se você ouvir este termo saia correndo, pode ter certeza de que se trata de um charlatão!
SEAX-WICA OU WICCA SAXÔNICA: Fundada em 1973, pelo autor prolífico, Raymond Buckland que era, naquele momento, um Bruxo Gardneriano. Uma das primeiras tradições precursoras em Bruxos solitários e os auto-iniciados. Estes dois aspectos fizeram dela um caminho popular.
BRUXO SOLITÁRIO: Uma pessoa que pratica a Arte só (mas pode se juntar às festividades de Sabbat em um Coven ou com outros Bruxos Solitários ocasionalmente). Um Bruxo Solitário pode seguir quaisquer das Tradições, ou nenhuma delas. A maioria de Bruxos ecléticos é Solitária.
TRADIÇÃO STREGA: Começou ao redor na Itália em 1353. A história controversa sobre esta Tradição pode ser achada em muitos locais e em muitos livros. Arádia... Gospell of the Witches (Arádia... A Doutrina das Bruxas) é um deles.
TRADIÇÃO TEUTÔNICA OU NÓRDICA: Teutônicos são um grupo de pessoas que falam o norueguês, fosso, islandês, sueco, o inglês e outros dialetos europeus que são considerados “idiomas Germânicos”. Um Bruxo teutônico acha freqüentemente inspiração nos mitos tradicionais e lendas, Deuses e Deusas das áreas onde estes dialetos se originaram.
TRADIÇÃO ASATRÚ: Teve suas origens no Norte da Europa e é uma das facções das Tradições Teutônica e Nórdica. Esta Tradição é praticada hoje por aqueles que sentem uma ligação com os nórdicos e teutônicos e que desejam estudar a filosofia e religiosidade da antiga Escandinávia, através dos Eddas e Runas. Encoraja um senso de responsabilidade e crescimento espiritual, freqüentemente embasados nos conceitos atribuídos aos nobres guerreiros de tempos ancestrais.
TRADIÇÃO ALGARD: Uma americana iniciada nas Tradições Gardneriana e Alexandrina, chamada Mary Nesnick, fundou essa "nova" tradição que reúne ensinamentos de ambas as tradições sob uma única insígnia.
BRUXARIA TRADICIONAL: Todo Bruxo tradicional dará uma definição diferente para este termo. Um Bruxo tradicional é aquele que freqüentemente prefere o título de Bruxo à Wiccaniano e define os dois como caminhos muito diferentes. Um Bruxo tradicional fundamenta seu trabalho mágico em métodos históricos da tradição, religiosidade e geografia de seu país.
TRADIÇÃO GALESA DE GWYDDONAID: Uma Tradição Galesa Céltica da Wicca, que adora o panteão galês de Deuses e Deusas. Gwyddonaid foi quem grosseiramente traduziu a ignóbil obra galesa "Árvore da Bruxa (Tree Witch)" e propagou esta forma de trabalhar magicamente.

Como Surgiu a Wicca?



Wicca é o nome que se dá à bruxaria revivida desde a década de 1950. Mas porque elas são diferentes? Veja bem:
A situação da Igreja até o século XIII era caótica. Facções adversárias lutavam entre si, cada uma digladiando-se em favor de um dogma. Nos numerosos concílios realizados, ora uma das facções impunham sua visão, ora outra. Isso favorecia um desmoralizante “entra-e-sai” de dogmas, o que desacreditava a Igreja.
Foi então criado um instrumento de repressão: o Tribunal de Santa Inquisição que consistia em um corpo investigatório ignorante, brutal e preconceituoso, dirigido pela ordem dos Dominicanos.
Com o tempo, os cristãos perceberam outro uso para seu Tribunal. Ainda persistiam cultos aos deuses antigos, e graças à transformação do Deus de Chifres no Diabo Cristão, os pagãos passaram a serem acusados de delitos absurdos, como o canibalismo, a destruição de lavouras (acusar de tal crime uma Religião dedicada à manutenção da fertilidade das colheitas é, no mínimo, ridículo) e muitos outros. Foi então proclamada, em 1484, a Bula contra os Bruxos, pelo Papa Inocêncio VIII.
Na Era das Fogueiras, os praticantes da Antiga Religião adotaram o único comportamento que lhes possibilitaria a sobrevivência: mantiveram o máximo de discrição e segredo possível. A sabedoria pagã só era passada por tradição oral, e somente entre membros da mesma família ou vizinhos da mesma aldeia.
Como técnica de proteção, os próprios bruxos ajudaram a desacreditar sua imagem, sustentando que a Bruxaria não passava de lenda, ou disseminando idéias de bruxos como figuras cômicas e caricatas, dignas de pena e riso.
Por volta do final do século XVII, a perseguição aos bruxos foi diminuindo gradativamente, estando virtualmente extinta no século XVIII. A Bruxaria parecia, finalmente, ter morrido. Mas os grupos de bruxos ("covens") resistiam escondidos nas sombras. Algo que surgiu nos primórdios da humanidade não morreria assim tão facilmente, como hoje podemos constatar.
O renascimento da bruxaria nos moldes em que conhecemos hoje se deu pela união de vários elementos. O responsável por essa união chama-se Gerald Brusseau Gardner. Gardner era um folclorista inglês que passou a pesquisar o ocultismo britânico. Durante suas pesquisas, conheceu diversas pessoas, entre elas, Aleister Crowley e Old Dorothy Clutterbuck, essa última, membro de um coven em New Forest, o qual Gardner tornou-se membro. Dorothy foi quem iniciou Gardner na Bruxaria.
Mais tarde, Gardner tornou-se membro da Ordo Templis Orientis (O.T. O), uma ordem mágica estruturada por Crowley, e também conheceu membros de diversas outras sociedades secretas, entre eles, os fundadores da Golden Down, que era um coven de magia cerimonial, membros da maçonaria e da Sociedade Rosa-Cruz na Inglaterra.
Com toda essa carga de experiência, Gardner após deixar o coven de New Forest decidiu fundar seu próprio coven, este porém com características próprias: ele reuniu elementos da magia cerimonial, da maçonaria e de outras fontes para criar os rituais que hoje compõem a Wicca. A única coisa que ainda não está claro é quem deu o nome de Wicca à Wicca.
Assim,como a bruxaria tradicional, a Wicca era praticada em segredo, isso porque nessa época, por volta de 1940, ainda vigorava na Inglaterra a Lei de Caça às Bruxas, que condenava as pessoas acusadas de bruxaria a morrerem queimadas na fogueira. Essa lei só foi revogada na década de 50, quando os praticantes da bruxaria passaram a mostrar que a Arte continuava tão viva quanto antes através de grande quantidade de livros publicados sobre o assunto.
A partir de então, a Wicca começou a se espalhar, membros do coven de Gardner, deixaram o grupo para fundar seus próprios covens, com algumas características novas e foram dando origem às chamadas Tradições, sobre as quais eu falarei mais tarde.

Diferenças entre Wicca, paganismo e bruxaria



Eis um problema com o qual até os praticantes mais inexperientes se defrontam: qual a diferença entre um e outro? Por exemplo, quando as pessoas me perguntam que religião eu pratico, geralmente digo que sou pagã e Wiccana. É mais ou menos assim:
Como pagã eu honro e reverencio a Terra e as forças da vida na natureza à minha volta. Como Wiccana, eu faço tudo isso e também faço magia — usando às vezes as forças naturais em meus encantamentos.
O paganismo engloba várias religiões e filosofias de vida que respeitam e divinizam a natureza. Entre elas podemos citar: a Wicca, o Helenismo, o Druidismo, o Dianismo, o Asatrú, ou Paganismo Nórdico; o Khemetic e o mais conhecido, o xamanismo. Portanto, no caso da Wicca, podemos dizer que todo Wiccano é também um pagão, porém, nem todo pagão é um Wiccano.
O mesmo pode ser aplicado em relação à bruxaria. Todo Wiccano é um bruxo, porém, nem todo bruxo é Wiccano. A bruxaria não é utilizada apenas pelos Wiccanos. Muitas das religiões pagãs que mencionei acima utilizam práticas mágicas, porém nem todos os bruxos seguem necessariamente essas religiões. Alguns são bruxos tradicionais, que eu explicarei mais tarde os detalhes.