"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

XVI Encontro Social Pagão

Participe!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Grupo de Estudos Irmandade da Floresta



Exibir mapa ampliado
Venha participar do mais novo grupo de Estudos Wiccaniano de Porto Alegre! Uma alternativa para os moradores da Zona Norte!

Dia: 30/11/08

Horário: 15hs

Local: Praça Pedro João Faccio, Rua Rudi Schaly, s/n, Parque Madepinho, Bairro Rubem Berta (Confira Mapa)


Pegar ônibus Fátima (632) que pára na frente.
Menores de 18 anos só poderão participar se estiverem devidamente acompanhados dos pais ou responsáveis.

Contato: Erynn Dé Dannán (coordenadora)
queeneriu@gmail.com
queeneriu@hotmail.com (apenas MSN)



segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Parabéns por mais um Dia do Orgulho Pagão!

Gostaria de parabenizar a todos que pariciparam do Dia do Orgulho Pagão 2008 de Porto Alegre! Foi uma linda festa, com ótimos palestrantes, apresentação teatral, dança, um belo Ritual!
Parabéns aos Membros do Círculo Wiccaniano Serpente de Fogo, organizadores do evento e demais apoiadores! Esperamos poder nos encontrar novamente daqui a um girar da Roda do Ano!
Parabéns a todos!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

No dia 19 de outubro, use a fita roxa!

O significado da fita roxa:

A Campanha da Fita Roxa (Purple Ribbon Campaign) foi criada pela Fellowship of the Earth, e começou em 1997.

O slogan da campanha é Fight the Fear (Lute contra o medo) e o símbolo escolhido foi a Fita Roxa, pois assim como outras campanhas de fitas, o objetivo era o mesmo, o de podermos exteriorizar nosso apoio à uma causa. No caso da fita roxa, serve para expressar o apoio à tolerância religiosa e à liberdade de crença.

Caso queira conhecer a Fellowship of the Earth e a campanha este é o site deles:

http://www.fote.org/


terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dia do Orgulho Pagão Porto Alegre

É com muita alegria que anunciamos a celebração da 5ª edição do Dia do Orgulho Pagão em Porto Alegre!

Horário: 13 horas
Local: Parque Farroupilha (Redenção)
Ponto de Encontro: Monumento ao Expedicionário (Arco), a partir das 13 horas.

Venha participar conosco dessa grande festa!

Para participar é necessário levar:

- Algo para compartilhar no banquete feito ao final do evento – doces, salgados e/ou bebidas não-alcoólicas;
- Cangas, banquinhos ou almofadas para sentar;
- Pelo menos 1 QUILO de ALIMENTO NÃO-PERECÍVEL, em colaboração da ação solidária dos pagãos gaúchos para com os idosos do Asilo Padre Cacique. CADA QUILO DE ALIMENTO ENTREGUE EQUIVALERÁ A UM NÚMERO PARA PARTICIPAR DO SORTEIO DE BRINDES DURANTE O BANQUETE! QUANTOS MAIS QUILOS, MAIS CHANCES PARA
GANHAR BRINDES!


Cronograma: 13:00h – Início da concentração dos participantes no Monumento ao Expedicionário, distribuição dos folhetos (Guia do Participante) e das fitas roxas (símbolos do Dia do Orgulho Pagão).

14:00h – Locomoção dos participantes para o local do evento, no interior do Parque Farroupilha.

14:10h – Recolhimento dos alimentos e distribuição dos números para a participação no sorteio de brindes.

14:15h – Acomodação dos participantes e dos itens para o banquete.

14:30h – Abertura solene da festividade e apresentação do evento.

15:00h – Leitura de poemas de temática pagã.

15:30h – Palestra: "As Oito Fases da Lua", Por Lígia Amaral Lima.

16:15h – Palestra e Vivência: "Limpando e Realizando os Chakras - Métodos de preparação para o ritual", por Janine Morrighan e Paola Moon.

17:00h – Oráculos, divulgações, exposição de artigos pagãos para venda e atividades paralelas.

17:30h – Ritual Público: CELEBRANDO E DANÇANDO COM ÍSIS, pelo Círculo Wiccaniano Serpente de Fogo.

18:00h – Banquete e sorteio de brindes.

18:30h - Encerramento.

PARTICIPE!!!

REALIZAÇÃO E PATROCÍNIO:

Pagan Pride Project®

Círculo Wiccaniano Serpente de Fogo

Comunidade Pagã Gaúcha.

APOIO:

Paganismo.Org

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Minha esposa é uma Bruxa!!

Ela estava diante do computador - onde era cada vez mais freqüente encontrá-la - quando de repente virou- se pra mim e disse:
"Amor, sou uma Bruxa!"
E eu gelei!
As imagens em minha mente eram uma completa confusão! Lembrava-me das bruxas das histórias em quadrinhos e daquelas dos contos da carochinha: velhinhas malvadas e feiosas com enormes verrugas no nariz, cozinhando criancinhas (meu Deus, minha filhinha!). Nada parecidas com a figura angelical que tinha à minha frente...
- É? - Tentei parecer natural, mas não evitei a pergunta: "Como assim, uma bruxa?" Ela apenas sorriu, então percebi como devia ter soado tola minha pergunta, e tentei melhorá-la:
- Só estou perguntando porquê se começarem a aparecer asas de morcego e línguas de lagarto na nossa dispensa, eu vou saber do que se trata!
Piorou!! Ué, mas sei lá... Não sabia nada sobre bruxas de verdade. Já tinha visto umas duas entrevistas da Márcia Frazão e também já li alguns livros do Paulo Coelho, mas como imaginar que ali na minha cama também dormia uma Bruxa? Tinha tantas dúvidas... e se as colegas de minha mulher começassem a pousar com suas vassouras bem no meu quintal numa noite de lua cheia? O que fazer?
Oferecer um refresco de sapo e levar junto açúcar e adoçante?
Ou então uns biscoitinhos crocantes de pernas de aranha?
Aos poucos ela foi me situando, ia me explicando as lendas em torno das bruxas e suas origens, também contava histórias de suas antepassadas. E eu podia ver seus olhinhos brilharem quando ela me falava da tal Deusa.
Deusa mesmo, no feminino, vejam só!
Em momento algum minha mulher tentou me "converter". Acredito em meu Deus e ela, em sua Deusa, nada mais justo! Tudo que ela me diz a respeito de sua Religião sou eu mesmo quem procuro saber. Até porque, como poderia respeitar sem nem entender?
Antes de consagrar, ela me deixou ver seus instrumentos. Fiquei meio inquieto ao ver o tal Athame, mas ela me explicou que um wiccano nunca tira vidas, pois respeita toda forma vivente.
Toda noite ela entrava em sites sobre Bruxaria, eu via aquelas páginas negras, com mulheres seminuas e homens com enormes chifres e achava que tudo não passava de uma curiosidade passageira e banal. Uma influência de Paulo Coelho, essas coisas de esoterismo e misticismo. Só com o tempo percebi que se tratava de algo bem mais amplo.
É assim como uma escolha de vida, uma visão diferente do mundo ao nosso redor. Onde cada qual tem o direito de ser e fazer como bem achar melhor e sempre considerando os outros. Por isso, principalmente, respeito e admiro minha bruxinha (como carinhosamente a chamo) e todos seus irmãos wiccanos.
E tem um tal livro da capa toda preta que não ouso mexer, mas que agita minha imaginação. Ela já me disse que é um diário e me proibiu de tocá-lo. Fico a imaginar seu conteúdo: poções, feitiços, rituais e receitas (será que ela já fez alguma pra mim num jantar?).
Uma vez espiei um de seus Rituais - de longe, sem atrapalhar, claro! - e posso dizer que achei muito bonito. Assim como acho linda a devoção dela aos Deuses.
Gosto também do cheirinho de incenso espalhado pela casa.
E confesso que me sinto mais protegido por ter sido escolhido por minha bruxinha como seu companheiro.
E acho muito legal a relação dos wiccanos com a Natureza.
E também considero interessante a constante busca do equilíbrio e harmonia dos Bruxos com os ciclos da Natureza.
E me sinto orgulhoso por ter uma companheira tão especial (embora ela teime em dizer que não é diferente de ninguém, sei...)!
Essas Bruxas...

Deus Castiga?

Por Ana Marques

O menininho voltava da escola, cabisbaixo. Seu rosto refletia muita preocupação. Parou para falar com as flores de um jardim, como sua mãe o havia ensinado a fazer.
- Florzinhas, Deus castiga?
As florzinhas adoravam aquele sol doce da tarde e olharam sem entender a tristeza do garoto.
- Ah! Florzinhas... minha amiguinha na escola disse que Deus castiga se eu fizer coisa errada, se eu não rezar para ele de noite, se eu não fizer tudo que ele manda.

- Estou com medo desse Deus que castiga.
As florzinhas, compreensivas, balançaram suavemente para lá e para cá, mostrando que não.Mas o menino continuou com dúvidas.
Ele caminhou mais um pouco, viu árvores grandes, de cascas grossas e raízes profundas. Pensou que elas deveriam saber muito e resolveu conversar com elas, como seu pai havia ensinado.
- Árvore, você é grande, enxerga mais do que eu, responde: Deus castiga?
- Deus castiga se eu converso com você? Se meus pais são diferentes?
- Sabe, estou com medo desse Deus. Acho que ele tem raiva de mim.

A árvore, penalizada, balançou suavemente para lá e para cá, mostrando que não. Caíram folhas na cabeça do menino, mostrando que elas eram todas um pouco diferentes e todas podiam cair ou ficar na grande árvore.

Mas o menino continuou com dúvidas.
Ele caminhou mais um pouco e ao longe viu grandes nuvens escondendo e mostrando o sol. Estavam brincando de esconde-esconde! Não! Estavam formando desenhos! E ele resolveu conversar com as nuvens e com o sol, como sua madrinha o havia ensinado.

- Sol, você está no alto. Vê tudo, ilumina, e como a madrinha sempre me fala, faz com que tudo nasça. Sol, Deus castiga porque não sou cristão? Deus castiga porque eu não fui batizado?
- Nuvens, vocês passam, escondem o sol e o mostram de novo, formam desenhos bonitos e trazem chuva. Nuvens, Deus castiga porque eu não acredito nele desse jeito que minha amiguinha falou que ele é? Deus castiga porque colocamos chifres nele?

As nuvens docemente se movimentando para cá e para lá e o brilho do Sol diziam que não. O calor suave do Sol esquentou algumas partes, depois outras do corpo do menino, e ele viu que não haviam preferidos, que o sol tocava a todos sem distinção.
Mas o menino continuou com dúvidas.

E veio a bola, colorida e vibrante, rolando alegremente.
O menino a viu e olhou-a, esperançoso:- Bolinha, Deus castiga? Deus castiga porque a gente acredita na Deusa?A bola, quase indiferente, continuou rolando.Rolou, rolou, rolou.

E o menino ouviu uma voz:- Ei!
Ele se virou.Um outro garoto o fitava, rindo.
- Quer brincar com a gente?O menininho pensou e respondeu:
- Quero!
- Então pega a bola! - respondeu o outro garoto.

O menino voltou os olhos para a bola e ela, debaixo daquele ameno sol de março fez coro com as nuvens, a árvore e as florzinhas, sorriu e respondeu silenciosamente para ele "Viu? Não existe castigo".

E o menino finalmente riu e correu pegar a bola para fazer o que o unia a todas as outras crianças do mundo, pagãs ou não: BRINCAR!

COMO É SER UM PEQUENO BRUXO:

- Colin Laochan

Meu nome mágico é Colin Laochan, tenho 7 anos e sou bruxo filho de bruxa. Desde os 4 anos eu faço os rituais com a minha mãe. Primeiro eram só os rituais em casa, depois vieram os rituais públicos. Adoro participar: já ajudei nos feitiços, nas harmonizações, já fui a "Criança da Promessa" em Yule, canto, danço e toco tambor.

Mas para ir aos rituais, você tem que saber se comportar. Não pode sair do círculo, por isso vá ao banheiro antes do ritual. Tem que ficar em silêncio na hora das invocações, das explicações e das meditações. Tem que participar direito, obedecendo ao que se pede. Se você não souber alguma coisa, como pra que lado girar, fique sempre atrás de uma pessoa que você tem certeza que sabe. Se tiver dúvida, peça orientação. Não fique de fora, tem que participar.

O que eu mais gosto dos rituais é da meditação. Quando eu não durmo, parece uma historinha. Gosto também de cantar, dançar e tocar tambor. É muito animado. O sabbat que eu mais gosto é Ostara porque a gente come os ovos pintados.

Na minha escola antiga ninguém acreditava que eu era bruxo. Um dia um amigo da minha sala perguntou pra minha mãe se era verdade e quando ela disse que sim, ele perguntou porque então eu não voava de vassoura. Hahaha, bruxos de verdade não voam de vassoura! Isso é invenção.

Victor Laars - 2004 Copyright © , direitos reservados. (A violação de direito autoral no Brasil é crime)
Fonte: Abrawicca/Família

Você tem um aluno pagão em sua escola?

Um Guia para educadores

Cecylyna Dewr

Algum aluno de sua escola pode praticar uma religião com a qual você não está familiarizado.
Este folheto simplesmente lhe fornecerá informações que você precisa saber para compreender as diferentes experiências que este aluno pode compartilhar com você e responder algumas questões.


O que um aluno Pagão provavelmente pratica ou acredita?

Pagãos geralmente seguem uma religião não dogmática, por isso pode haver mais variações entre crenças religiosas Pagãs do que entre as denominações do Cristianismo. Da mesma forma que um Cristão pode ser Católico, Presbiteriano ou somente Cristão, os tipos mais comuns de Paganismo praticados são Wicca, Asatru, Druidismo ou simplesmente Bruxaria. Todas estas facções são um pouco diferentes umas das outras. Por isso, as demonstrações à seguir podem não se aplicar a todos os Pagãos que encontrar.
No entanto, existem algumas práticas que são geralmente comuns entre a maioria dos Pagãos; o aluno ou seus pais irão lhe dizer se suas práticas diferem significativamente das que seguem.


Um aluno Pagão pratica uma religião politeísta, baseada na natureza.

Um aluno Pagão honra a Divindade como Deusa e Deus, algumas vezes com uma ênfase feminista na Deusa. O efeito disso é que como princípio, o aluno provavelmente tratará os dois sexos igualmente.
Um aluno Pagão celebra cerimônias religiosas com pequenos grupos na Lua Cheia e no início e meio de cada estação sazonal, em vez de praticar sua religião em grandes congregações ou com um planejamento semanal fixo. Estas cerimônias são geralmente chamadas de "Rituais", "Círculos", "Esbats", "Sabbats", e as congregações são geralmente chamadas de "Covens", "Groves", ou "Circulo". Alguns dos itens frequentemente encontrados sobre o altar em uma cerimônia Pagã são estatuetas da Deusa e do Deus, velas, cristais, bastões, o athame (uma faca com fio duplo, usada como símbolo e não como arma), cálice, caldeirão, incenso e uma estrela de 5 pontas chamada de Pentagrama ou Pentáculo.
Um aluno Pagão pode usar um símbolo de sua religião como uma peça de joalheria. O símbolo mais comum é o Pentáculo, uma estrela de 5 pontas dentro de um círculo. O conceito equivocado de que o Pentagrama é um símbolo satânico está baseada no seu uso invertido por satanistas, da mesma forma que usam uma cruz invertida ou qualquer outro símbolo religioso invertido. O significado do Pentáculo como ornamento por Pagãos tem suas raízes nas crenças dos pitagóricos gregos, para quem o pentagrama corporificava o perfeito equilíbrio e sabedoria; inserindo a estrela em um círculo, lhe é adicionado o símbolo da eternidade e unidade. Outras jóias que podem ser usadas incluem entrelaçados celtas, cruzes de braços iguais, triskelions, martelo de Thor, Labrys (um machado duplo, um dos símbolos dos cultuadores de Cibele), figuras da Deusa, Luas crescentes ou cheias, Yin-Yang, Olho de Hórus ou Chifres de Ísis da mitologia egípcia.
Um aluno Pagão compreende a Divindade como imanente na natureza e humanidade e irá ver todas as coisas como interconectadas. Ele geralmente se preocupa com ecologia e meio ambiente e é fascinado pelo ciclo da vida.
Um aluno Pagão acredita em Magia. Isto pode incluir a crença no campo de energia pessoal como o conceito chinês do Chi, o uso de rituais e objetos para dramatizar e focar pensamentos positivos e técnicas de visualização. Isto não significa que o aluno é ensinado a acreditar que mexendo o seu nariz ele pode limpar seu quarto num passe de mágica, controlar espíritos ou demônios e fazer qualquer coisa que quebre as leis naturais. Todavia, se jovem, como toda criança, ele pode acreditar ser possível fazer tais coisas. Isto também não significa que o aluno é instruído à enfeitiçar e amaldiçoar. Em nossa estrutura ética acreditamos que nossas ações retornam ao remetente, e então são proscritas.
Um aluno Pagão pode acreditar em reencarnação. Esta é uma crença muito comum entre Pagãos, mas não é universal. No entanto, um aluno Pagão provavelmente não acreditará em céu ou inferno; ele pode crer no conceito céltico de País de Verão, um lugar de descanso entre as encarnações ou no Valhala, um reino de honra de acordo com as religiões nórdicas.
Um aluno Pagão pode se chamar de Bruxo, Wiccaniano, Wiccano, Pagão, Neo-Pagão, Cultuador da Deusa, Asatruar, ou Druida. Será improvável que ele se chame de Feiticeiro (Warlock), pois crê-se que este termo vem de uma palavra escocesa que quer dizer "aquele que quebra o juramento". Mesmo que um aluno Pagão possa ou não se ofender com estereótipos relacionados à Bruxaria, ele provavelmente irá lhe informar que pele verde, verruga no nariz e as caricaturas exibidas no Halloween não possuem nenhuma relação com sua religião.


A um aluno Pagão são ensinados conceitos éticos com ênfase na liberdade e responsabilidade pessoal.

Conceitos éticos Pagãos incentivam a liberdade pessoal dentro de uma estrutura de responsabilidade. A base principal da ética Pagã é a compreensão de que todas as coisas estão interconectadas, que nada ocorre sem afetar outros e que toda ação tem conseqüências.
Não há conceitos de esquecimentos para prejuízos alheios no sistema ético Pagão; conseqüências de ações contra alguém que tenhamos prejudicado precisam ser encaradas e reparadas. Não há regras arbitrárias sobre questões morais. Em compensação, cada ação prejudicial precisa ser ponderada conscientemente sobre quais malefícios pode trazer. Desta forma, por exemplo, homossexualidade consensual é considerada uma questão moral sem importância por que ela não prejudica ninguém, mas colar em uma prova é errado por que prejudica o intelecto e integridade de outros, fazendo com que se ganhe vantagens sobre quem se está colando. As formas mais comuns nas quais estas éticas são fundamentadas são o Dogma da Arte "Sem prejudicar ninguém, faça o que quiser" e a Lei Tríplice "Tudo o que se faz retorna triplicado".


Um aluno Pagão possui um paradigma que celebra a pluralidade

Como os sistemas de religiões Pagãs se fundamentam em ser um caminho entre vários, não o único caminho para a verdade, e como Pagãos exploram a variedade das Deidades entre seus panteões, femininas e masculinas, um aluno Pagão é educado em uma atmosfera que desencoraja a discriminação baseada em diferenças como raça e gênero e é encorajado quanto à individualidade, auto-exploração e pensamentos independentes. Um aluno Pagão provavelmente também é instruído a comparar e compreender outras religiões; muitos Pagãos são inflexíveis quanto não forçar suas crenças aos seus filhos, mas, no entanto os instruem em muitos sistemas espirituais deixando-os decidir pelo melhor caminho quando tiverem idade suficiente. Porém, um aluno Pagão dificilmente terá um conceito emocional sobre céu, inferno, salvação como ensinado pelas religiões Cristãs, apesar de conhecer tais conceitos intelectualmente. Um aluno Pagão é ensinado a respeitar textos sagrados de outras religiões, mas muito provavelmente não irá crer neles literalmente quando conflitarem com teorias científicas ou se passarem como a única verdade.


Um aluno Pagão provavelmente gosta de leitura, ciência e áreas assistenciais.

Margot Adler, Uma radio-jornalista Norte Americana, publicou os resultados de especulações sobre Pagãos na edição de 1989 de seu livro, Drawing Down the Moon (Puxando a Lua para Baixo). Os resultados mostraram que a única coisa que Pagãos possuíam em comum apesar de suas inúmeras diferenças era uma voraz sede pela leitura e aprendizado. Pagãos parecem também estar fortemente representados na internet e no campo da área assistencial, assim uma criança Pagã provavelmente será um expert em computadores desde cedo.
Apesar de suas crenças muitas vezes incompreendidas, religiões baseadas na terra têm crescido muito em todo o mundo através de poucas décadas e são provedoras de uma espiritualidade satisfatória para seus praticantes. Com a atual apreciação da diversidade e tolerância, muitas pessoas entendem agora que diferentes heranças culturais trazem perspectivas que podem ser valorizadas em vez de temidas ou negadas. Temos esperança que como um educador este folheto possa prover as informações necessárias que você precisa para facilitar o entendimento.

Amor de Bruxa

Por Ana Marques
- Mãe! Mãe! Mãe!
A menina branquinha como a neve, de longos cabelos negros como ébano e belos lábios vermelhos como sangue, chorava sem parar e chamava pela mãe.
- Mãe! Mãe!
A mãe veio. As mães sempre vem, não é mesmo? Pegou a pequena no colo e sorriu. Acariciou os cabelos lisos da criança e ninou-a até acalmá-la. Só então perguntou:
- Minha linda, o que houve? Por que você está chorando?A criança voltou a choramingar, dizendo entre soluços:
- Mamãe, no bosque estão contando histórias sobre a senhora, sobre mim... Falam que você é uma madrasta malvada, que me maltrata, que tenta me matar, que é vaidosa e fútil.
-Mãe... eu nem sei o que é fútil...A menina chora mais, a mãe sorri.
- Filha, ouve sua mãe... Não vale a pena chorar pelo que você ouve por aí. Sou sua mãe, você é a minha filha... O que essas pessoas sabem do nosso amor? Da nossa cumplicidade? Das noites na frente das fogueiras? Das danças na lua cheia? Dos bolinhos assando no forno? Das maçãs carameladas em dias de festa?- Ah... filha... as pessoas vêem apenas o que querem ver, o que compreendem. Elas não me entendem, não percebem que para ser mãe, eu não preciso ser feia ou esquecer de mim. Que para ser esposa, eu não preciso deixar de ser mulher. Não percebem que para acalentar menina tão especial como você em meu seio, eu não preciso sentir inveja ou ciúmes, porque somos diferentes e complementares. Você é a jovem cheia de energia e sem nenhuma experiência. Eu sou a mulher cheia de experiência e com a energia controlada. Um dia serei a anciã, aquela que irá te acolher nos momentos difíceis, te acalentar quando a vida te desafiar, te aconselhar quando você se sentir perdida e te respeitar pela mulher que você é assim como você me respeitará pela senhora que eu serei. Eu terei rugas e amarei cada uma delas. Você terá filhos e eu amarei cada um deles. E enquanto eu tiver forças, irei dançar nas fogueiras com você. A mãe suspirou.
- Mas você precisa compreender que enquanto essas pessoas tiverem língua, elas falarão, e falarão o que quiserem da forma como entenderem. Elas não podem me entender porque eu não me comporto como elas, e elas também não irão te entender porque você certamente se comportará diferente dos filhos delas... Então eu sempre serei a bruxa malvada. E quando você crescer, será a sua vez. A mãe sorriu para a menina.
- Não tenta entender tudo agora. Apenas não dê ouvidos para essas fofocas, continue brincando, buscando os amigos que você puder ter e sendo feliz apesar dos outros. Quando falarem algo, apenas ria. O riso desarma as pessoas. E completou:
- E lembra que eu te amo.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Trechos de livros

Posto agora, trechos de livros da Marion Zimmer Bradley (A sacerdotisa de Avalon, A senhora de Avalon, entre outros) que explicam um pouco da crenca pagã.

Crença na Deidade Dual:

Ouve criança, e dirte-ei o que está no coração dos Mistérios: No nível mais alto, existe o Uno, não manifestado, assexuado, que tudo abarca, auto-suficiente. Mas quando só o que existe é Ser, não há ação. E é por isso que falamos em Deus e Deusa. O Uno torna-se Dual, e os dois interagem para levar o espírito a manifestar-se. A força feminina desperta o masculino, ele a fecunda e ela dá à luz ao mundo... Todos os Deuses e também todas as Deusas são um, quer lhe chamemos Arianhood, Diana ou Pele, a luz do Mistério é Uma, mas nós vemo-la como a luz que se reflete através de cristais ou prismas, que se divide em muitas cores. Em cada terra os deuses são diferentes. Alguns podem ver apenas um Deus, enquanto outros veneram muitos, mas cada um dos modos pelo qual homens e mulheres vêem seus deuses ou deusas, contém uma parte desse Mistério.
Nós que somos pagãos, vemos a Deusa e o Deus de muitas maneiras, e por muitos nomes, mas conhecemos este primeiro e maior de todos os Mistérios, que é que os Deuses, como quer que lhes chamem, são todos Um.
Mas é verdade que, enquanto nós conhecemos a identidade de todos os Deuses por qualquer nome que lhes possamos chamar, acreditamos que servimos aos Deuses naquelas que são, talvez, a mais pura de suas formas, as divindades presentes em todos os homens e mulheres. E assim, comprometemo-nos a servi-los como pais, irmãos e filhos. É por isso que, por vezes, dizemos que vemos a Face dos Deuses, na face de todos os homens e mulheres.
Eles fazem bem em servir o Christos, se seguirem realmente os seus ensinamentos, Eles só estão errados ao supor que não existe outra verdade que não seja a que vêem.

“- É necessário - disse eu, numa certa manhã - que a pessoa culta compreenda não só aquilo em que acredita, mas a razão por que acredita. Por isso, pergunto-vos, quem é o Deus Supremo?
Durante um longo momento, as jovens entreolharam-se, como se não tivessem a certeza do que eu queria significar com aquela pergunta, e muito menos dirigida a elas. Finalmente, Lucrécia, cuja família exportava lã, ergueu a mão.
- Júpiter é o rei dos deuses, é por isso que o imperador põe a sua imagem nas moedas.
- Mas os cristãos dizem que todas as divindades, com exceção do deus dos Judeus, são demônios - objetou Tércia, a filha do sapateiro.
- Isso é bem verdade, e por isso vos pergunto, quantos deuses há?
Gerou-se uma grande discussão, até que ergui a mão para impor silêncio de novo.- Têm todas razão, segundo a nossa maneira de pensar. Cada terra e cada distrito têm as suas próprias divindades, e no império, a nossa prática tem sido respeitar todos. Mas pensem nisto: os maiores dos nossos filósofos e poetas falam de uma divindade suprema. Alguns chamam a esse Poder “Natureza” e outros “Éter”; outros ainda, chamam-lhe “o Deus Supremo”. O poeta Maro diz-nos:
Sabei primeiro que o céu, a terra, o mar
A pálida orbe lunar o curso das estrelas,
Todos são por uma Alma alimentados,
Um Espirito, uma chama celestial
Que brilha em cada membro da estrutura,
E move o todo grandioso.
Mas, e quanto à Deusa? - perguntou a pequena Pórcia, apontando para o altar ao canto da sala soalheira que usávamos para dar as aulas, onde sempre ardia uma lamparina diante do baixo-relevo das Mães. Por vezes, quando ninguém estava presente, eu acariciava a cabeça do cão no regaço da quarta Mãe e sentia-a quente e macia sob a minha mão, como se Hylas tivesse voltado para mim.
Sorri, pois tinha esperanças de que alguém levantasse essa questão.
- Faz, sem dúvida, mais sentido ver o Poder supremo como feminino, se quisermos dar um gênero à Divindade, visto que é a mulher que dá a vida. Mesmo Jesus, que os cristãos dizem ser filho de Deus ou mesmo o próprio Deus, teve de nascer de Maria antes de poder tomar forma humana.
- Evidentemente! - respondeu Pórcia. - É o que sucede com os heróis e os semi-deuses - Hércules e Eneias e todos os outros.
- Mas os cristãos dizem que o seu Jesus foi o único - observou Lucrécia. As restantes raparigas pensaram nesta falta de lógica e abanaram as cabeças.
- Voltemos à pergunta original - disse eu, quando a discussão chegou ao fim. - Pitágoras diz-nos que o Poder supremo é “uma alma que perpassa de um lado para o outro e se difunde por todas as partes do Universo, e por toda a natureza, da qual deriva a vida de todas as criaturas vivas que são engendradas.” Isto é mais ou menos o mesmo ensinamento que recebi entre os Druidas, exceto que, como já disse, nós tendemos para pensar nesse Poder como sendo feminino, quando lhe damos um gênero.
Sendo assim - apontei de novo para as matronae - porque nos sentimos impelidos a fazer imagens daquilo que não pode, na verdade, ser representado, e o dividimos em deuses e deusas e lhes atribuímos histórias e nomes? Até mesmo os cristãos o fazem - dizem que o seu Jesus é o Deus Supremo e, no entanto, as histórias que contam acerca dele são como as histórias dos nossos heróis!
Houve um longo silêncio. De certa forma, pensei, era injusto pedir àquelas jovens que respondessem a uma pergunta cuja solução tinha escapado a teólogos e filósofos. Mas talvez, precisamente por serem do sexo feminino, elas achassem mais fácil de compreender.
- Tendes bonecas em casa, não é verdade? - acrescentei. - Mas sabeis que não são bebês verdadeiros. Porque gostais delas?
- Porque... - disse Lucrécia, hesitante, depois de outra pausa - posso agarrar nelas.
Finjo que são os bebês que hei-de ter quando crescer. É difícil amar uma coisa
que não tem rosto nem nome.
- Eu acho que é uma boa resposta, não vos parece? - perguntei, olhando em volta para o círculo. - Nas nossas mentes podemos compreender o Deus Supremo, mas enquanto vivermos nos nossos corpos humanos, neste mundo rico e variado, precisamos de imagens que possamos ver, tocar e amar. E cada uma delas mostra-nos uma parte do Poder supremo, e todas as partes juntas dão-nos uma idéia do todo. Por isso, as pessoas que insistem em que há apenas Um Deus, têm razão, tal como aquelas que veneram os muitos deuses, mas de maneiras diferentes.”

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A DANÇA DOS MASCARADOS

Essa música mostra um pouco dos costumes pagãos de pendurar oferendas de fitas coloridas, guirlandas de flores e bolos nas árvores em agradecimento pela chegada da primavera.

Loreena McKennitt - The Mummer's Dance

A Dança dos Mascarados

Na época de primavera
Quando as árvores estão coroadas com folhas
Quando os freixos e carvalhos, e os vidoeiros e yews
Estão todos vestidos com fitas

Quando corujas chamam a lua descoberta
No azul véu da noite
As sombras das árvores aparecem
Por entre as luzes dos lampiões

Nós estivemos perambulando a noite inteira
E uma parte deste dia
E agora novamente retornando
Nós trazemos um garland gay*

Quem irá descer para os escuros bosques
E intimar as sombras de lá
E amarrar uma fita naqueles braços protegidos
No tempo de primavera do ano

As canções dos pássaros parecem preencher o bosque
Que quando o violonista toca
Todas as suas vozes podem ser ouvidas
Através de seus dias passados na floresta

E então eles juntaram suas mãos e dançaram
Rodando em circulos e em fileiras
E então a jornada da noite se acaba
Quando todas as sombras se forem

Um garland gay nós te trazemos aqui
E em sua porta nós ficamos
Ele é um broto bem como um botão
O trabalho das mãos de nosso Senhor?

*Garland Gay é uma oferenda a um Deus, normalmente um
ramo de flor ou algo do gênero, usado em rituais
pagãos.

VENHA PELOS MONTES

Loreena McKennitt - Come By The Hills (venha pelos montes)

Venha pelos montes, para onde a fantasia é livre
E permaneça onde os picos tocam o céu e as rochas
encontram o mar
Onde os rios correm livres e a água é dourada no sol
E as preocupações de amanhã devem esperar até esse dia
acabar

Venha pelos montes para onde a vida é uma música
E canta enquanto os pássaros enchem o ar com a sua
alegria durante todo o dia
Onde as árvores balançam no compasso e até o vento
cantam na melodia
E as preocupações de amanhã devem esperar até esse dia
acabar

Venha pelos montes para a terra onde as lendas
continuam vivas
Onde as histórias do velho agitam o coração e talvez
ainda voltem novamente
Onde o passado foi perdido e o futuro ainda será
ganhado
E as preocupações de amanhã devem esperar até esse dia
acabar

Venha pelos montes, para onde a fantasia é livre
E permaneça onde os picos tocam o céu e as rochas
encontram o mar
Onde os rios correm livres e a água é dourada no sol
E as preocupações de amanhã devem esperar até esse dia
Acabar

A NOITE DE TODAS AS ALMAS

Essa música da cantora canadense Loreena Mckennitt fala sobre o Festival de Samhain, conhecido popularmente por Halloween, e que corresponde ao feriado Cristão de Finados. Por isso também é conhecido como Noite de Todas as Almas. Esse festival corresponde ao Ano Novo Celta.


Loreena McKennitt - All Souls Night (tradução)

A Noite de todas as almas

Fogueiras pontuam as encostas onduladas.
Espectros dançam ao redor e ao redor.
Tambores pulsam para longe os ecos da escuridão,
Movimentando ao som pagão.

Em algum lugar dentro de uma memória oculta,
Imagens flutuam diante dos meus olhos.
Das perfumadas noites das palhas e das fogueiras
E dançando até o próximo nascer do Sol

Eu posso ver luzes na distância,
Tremulantes no manto escuro da noite.
Candeias e lanternas estão dançando, dançando,
Uma valsa pela Noite de Todas as Almas.

Figuras de talos de trigo curvam-se nas sombras
Sustentando-se bem alto como as enormes chamas a
pulsarem
O cavaleiro verde adentra a mata sagrada
Para indicar por onde o ano velho vai nos deixar.

Eu posso ver luzes na distância,
tremulantes no manto escuro da noite.
Candeias e lanternas estão dançando, dançando,
uma valsa pela noite de todas as almas.

Fogueiras pontuam as encostas onduladas.
Espectros dançam ao redor e ao redor.
Tambores pulsam para longe os ecos da escuridão,
E movimentando ao som pagão.

Na ponte por onde passa
O rio que vai-se embora para o mar.
O vento está saturado de milhares de vozes.
Elas caminham próximas à ponte e a mim.

Eu posso ver luzes na distância,
tremulantes no manto escuro da noite.
Candeias e lanternas estão dançando, dançando,
uma valsa pela noite de todas as almas.

UMA BRUXA

Eu sou uma bruxa. Não trabalho para o demônio, não estou interessada no Satã. Satã foi inventado pólos cristãos. Satanismo é uma forma de cristianismo. Eu não sou cristã.
Eu não vou à igreja aos domingos. Eu não temo ir para o inferno porque eu não acredito no inferno, tanto quanto eu não acredito no Satã.
Eu acredito em reencarnação, que voltarei para este mundo, ou outro e viverei outra vida.
Eu não sou má. Dizer às pessoas que eu sou uma "bruxa boa" implica que há "bruxas más". Há pessoas más neste mundo, e há pessoas com propósito de fazer mal aos outros; essas pessoas não são bruxas. As bruxas seguem a ética do "Faça o que quiseres sem a ninguém prejudicar".
Por favor, não me pergunte sobre sacrifício de gatos, ou profanação de igrejas. Eu amo meus gatos. E eu não vou à igrejas, ou sinagogas, a menos que um amigo dessas religiões me convide para uma ocasião especial. E se um cristão, ou um judeu, ou um budista vem a um ritual pagão, nossos deuses não o atacarão até morrer. Usar um pentagrama não é diferente de usar uma cruz, ou crucifixo ou estrela de Davi. Se você quer que eu deixe de usar o símbolo da minha religião (e Wicca é uma religião protegida pelo mesmo artigo 18 da Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas) por que é ofensivo, você precisa fazer com que cada um de cada religião o faça também. Os cinco pontos da estrela simbolizam os quatro elementos: Água, Ar Terra e Fogo mais o espírito, circundado pelo mundo. Como isso pode ofender, não consigo imaginar. Uma imagem de um homem torturado, agonizante é mais ofensivo, e mesmo assim, milhares de pessoas usam o crucifixo todos os dias. Também não me pergunte se estou num coven com aquela cara de horrorizado, ou com fascínio na voz. Se eu quiser falar sobre o meu coven, falarei sem problemas. Se sou um praticante solitário, eu não tenho coven para discutir.
Em nossos rituais temos velas, comida, bebida, poesias, dança... sim, há uma faca, que usamos para traçar o círculo, e não para matar alguém.
Eu não bebo sangue. Não sou uma vampira. Eu visto preto por que isso mantém a negatividade distante, e porque fica melhor em mim do que laranja com bolinhas violeta.
Se você quer me perguntar algo relacionado à minha religião, pergunte-me quando a próxima Lua Azul vai chegar, ou pergunte o que é a Lua Azul. E pergunte-me sobre ervas, cristais, curas. Ás vezes me pedem para fazer uma poção do amor, mas eu não lanço feitiços em outras pessoas e não lançarei um feitiço em você para ficar mais linda, magra, mais atraente. Eu não vou lançar um feitiço no seu "desejado" para fazer ele te amar. Acredite-me, você não quer isso. Isso é uma forma de manipulação, ir contra o livre-arbítrio não é bom para ninguém.
Precisa de dinheiro? Não tente enfeitiçar o seu chefe para que lhe dê um aumento. Simplesmente peça ao universo que aumente os fluidos de abundância e prosperidade em sua direção. Isso não afeta ninguém, a não ser você mesmo.
Mais uma coisa; dar-me um livro sobre a inquisição, é o mesmo que dar um livro sobre o holocausto a um judeu. Não é engraçado, é rude.
Por favor, não tente me deixar envergonhada com o que eu faço ou o que sou. Não tente me converter ou me salvar. Não atire água benta em mim. Não deixe santinhos na minha mesa ou pára-brisas, eu não preciso ser salva.
Nos orgulhamos por não precisarmos de outras pessoas para serem bruxas. Nós simplesmente somos, e todos à nossas voltas vêem como pensamos como agimos, e se alguém quiser se tornar uma bruxa, será por sua própria vontade.
Eu não faço propaganda da minha religião. Eu não estou interessada em convertê-lo. E se não quiser me compreender, apenas seja indiferente.

Abençoados sejam,
Uma bruxa.

O CHAMADO DA DEUSA NEGRA

As Deusas Negras são deidades que se conectam com as luas escuras (nova, minguante) e possuem diversos atributos. São senhoras da morte e da ressureição, dos oráculos, e são utilizadas geralmente para trabalhar a nossa sombra. Da mesma forma que a Deusa Tríplice, as Deusas Negras são um aspecto dessa Deusa, e também tem uma Carga ou Chamado, que eu vou apresentar agora:

O CHAMADO DA DEUSA NEGRA

A Deusa Negra fala conosco pelas bocas de Lilith, Kali, Tiamat, Hécate, Nix, a Madona Negra, Nêmesis, Morgana, Cerridwen, Perséfone, Erekhigal, Arianhod, Durga, Inanna e muitas outras.
Eu sou as trevas por trás e por baixo das sombras.
Eu sou a ausência de ar que espera no início de cada respiração.
Eu sou o fim antes que a vida recomece, a deterioração que fertiliza o que vive.
Eu sou o poço sem fundo, o esforço sem fim para reivindicar o que é negado.
Eu sou a chave que destranca todas as portas.
Eu sou a glória descoberta, pois eu sou o que está escondido, segregado, proibido.
Venha a mim na Lua Negra e veja o que não pode ser visto, encare o terror que é só seu.
Nade até mim através dos mais negros oceanos, até o centro de seus maiores medos. Eu e o Deus das Trevas o manteremos em segurança.
Grite para nós em terror e seu será o poder de suportar o insuportável.
Pense em mim quando sentir prazer e eu o intensificarei. Até o dia em que eu terei o maior prazer de encontrá-lo na encruzilhada entre os mundos.
Sabedoria e a capacidade de dar poderes são meus presentes. Ouça-me, criança, e conheça-me por quem eu sou. Eu tenho estado com você desde o seu nascimento e focarei com você até que você retorne a mim no crepúsculo final.
Eu sou a amante apaixonada e sedutora que inspira o poeta a sonhar.
Eu sou aquela que te chama ao fim de sua jornada. Quando o dia se vai, minhas crianças encontram descanso abençoado em meus braços.
Eu sou o útero do qual todas as coisas nascem.
Eu sou o sombrio, silencioso túmulo, todas as coisas devem vir a mim e suportar a morte e o renascer para o todo.
Eu sou a bruxa que não será governada, a tecelã do tempo, a professora dos mistérios.
Eu corto as linhas que trazem minhas crianças até mim. Eu corto as gargantas dos cruéis e bebo o sangue daqueles sem coração.
Engula seu medo e venha até mim, e você descobrirá a verdadeira beleza, força e coragem.
Eu sou a fúria que dilacera a carne da injustiça.
Eu sou a forja incandescente que transforma seus maus espíritos internos em ferramentas de poder. Abra-se ao meu abraço e domínio.
Eu sou a espada resplandecente que te protege do mal. Eu sou o cadinho no qual todos os seus aspectos se misturam em um arco-íris de união.
Eu sou as profundezas aveludadas no céu noturno, as brumas rodopiantes da meia noite, coberta de mistérios.
Eu sou a crisálida na qual você irá encarar o que te apavora e da qual você irá florescer vibrante e renovada. Procure por mim nas encruzilhadas e você será transformada, pois uma vez que você olha para meu rosto não existe volta.
Eu sou o fogo que beija as algemas e as leva embora.
Eu sou o caldeirão no qual todos os opostos crescem para se conhecer de verdade.
Eu sou a teia que conecta todas as coisas.
Eu sou a curadora de todas as feridas, a guerreira que corrige todos os erros a seu tempo.
Eu faço fraco o forte. Eu faço humilde o arrogante, Eu ergo o oprimido e dou poderes ao desprivilegiado.
Eu sou a justiça temperada com compaixão.
Eu sou você, eu sou parte de você, eu estou dentro de você.
Me procure dentro e fora e você será forte. Conheça-me, aventure-se nas trevas para que você possa acordar com equilíbrio, iluminação e plenitude.
Leve meu amor consigo a toda parte e encontre o poder interior para ser quem você quiser.

NÓS PAGÃOS

Margot Adler


Nós não somos maus.
Não prejudicamos ou seduzimos pessoas.
Nós não somos perigosos.
Somos pessoas normais como você.
Temos família, emprego, esperanças e sonhos.
Nós não somos um culto.
Esta religião não é uma piada.
Não somos o que você acha que somos quando assiste TV.
Nós somos reais.
Rimos, choramos,
Somos sérios.
Temos senso de humor.
Você não precisa ter medo de nós.
Não queremos converter você.
E, por favor, não tente nos converter.
Apenas nos dê os mesmos direitos que lhes damos,
Viver em paz.
Somos muito mais parecidos com você do que você possa imaginar.

EU SOU PAGÃ

por Selena Fox
(adaptado por Erynn Dé Dannán)

Eu sou Pagã. Eu sou parte de toda a Natureza. As Pedras, os Animais, as Plantas, os Elementos e Estrelas são partes de mim. Outras pessoas são minhas irmãs e irmãos, sejam quais forem sua etnia, cor da pele, sexo, orientação sexual, idade, nacionalidade, religião, estilo de vida. O Planeta Terra é a minha casa.
Eu sou parte desta grande família da Natureza, não mestre dela. Eu tenho minha própria parte especial para executar e eu busco descobrir e executá-la da melhor forma possível. Eu busco viver em harmonia com outros na família da Natureza e trato outros com respeito.
Eu sou Pagã. Eu celebro a mudança das estações, o girar da Roda do Ano. Eu celebro com cânticos, danças, festas, rituais e de outras formas. Eu celebro cada giro da Roda com práticas espirituais pessoais e tomando parte em festivais comunitários. Samhain, comumente conhecido como Dia das Bruxas, é um tempo para contemplação do futuro e para prestar homenagem a meus Antepassados e outros amados no mundo dos Espíritos. Eu trabalho magia por maior liberdade religiosa para Pagãos e para a humanidade. Eu celebro o ano novo espiritual céltico.
Yule, o Solstício de Inverno, é um festival de paz e uma celebração da minguante luz solar. Eu honro a nova criança do Sol, queimando um tronco de Yule de carvalho no fogo sagrado. Eu honro a Grande Deusa em Seus muitos aspectos de Grande Mãe, e o Deus Pai, em suas formas de Velho Deus Céu, Pai Tempo e Rei do azevinho. Eu decoro minha casa com luzes e com azevinho, hera, visco, sempre-vivas e outras ervas sagradas para esta estação. Eu toco sinos no novo ano solar.
No começo de Agosto, eu celebro Candlemas, conhecido pelos antigos Celtas como Imbolc e para cristãos contemporâneos como o Festa da Candelária. Eu enfoco na purificação espiritual e na eliminação de bloqueios para preparar a vinda da Primavera e o novo crescimento. Durante este festival, eu acendo velas para honrar Brigid e eu a convido a inspirar meus trabalhos artísticos e guiar minha prática curativa. Eu faço oferendas de sementes a pássaros selvagens.
Na hora do Equinócio da Primavera, eu dou boas-vindas à renovação da Primavera e celebro a verdejante Terra, vestindo-se em verde. Eu honro a Deusa teutônica Ostara e o espírito do Coelho, o consorte Dela. Eu pinto ovos com amigos para um novo crescimento.
Beltane, no começo de Novembro, é um festival de fertilidade e prazer. Eu me visto em cores luminosas e uso uma guirlanda de flores em meu cabelo. Eu danço ao redor Maypole para abençoar jardins e projetos criativos. Eu salto a fogueira de Beltane para boa sorte. Eu coloco flores no Santuário da Sagrada Bast dos Gatos e em outros locais sagrados.
No tempo do Solstício de verão, também conhecido como Meio do verão e Litha, é um momento principal de reunião quando eu saúdo velhos amigos e conheço novos. Eu danço com eles ao redor de uma fogueira sagrada aos mágicos ritmos de tambores. Eu honro minha comunidade espiritual e tribo. Eu celebro a cultura Pagã.
Conforme fevereiro se aproxima, eu celebro Lammas, também conhecido como Lughnassad. Neste festival, eu honro o ápice do Verão e a prosperidade. Eu não só dou graças pelas coisas selvagens e plantas cultivadas e bênçãos para aquelas que estão começando a frutificar, mas eu também peço para que a abundância continue. Eu reparto e como pão com outros no ritual e eu dou pão e oferendas de erva às Deusas e Deuses da agricultura.
Equinócio de Outono, algumas vezes chamado Mabon, é o tempo da ação de graças por todas as colheitas que eu tenha colhido durante o tempo crescente. Eu dou graças pela comida que recebi dos jardins e campos e por outras bênçãos que entraram em minha vida. Eu devolvo à Mãe Terra oferendas que vêm do melhor da fruta, legumes, ervas, nozes e outras comidas que eu tenha recolhido. E em Samhain, a Roda do Ano começa novamente.
Eu sou Pagã. Eu também honro as estações da vida dentro de minha jornada de vida- começos, crescimento, frutificação, colheitas, fins, descansos e recomeços. A Vida é um Círculo com muitos ciclos. Com todo Fim vem um novo Começo. Dentro da Morte há a promessa de Renascimento.
Eu sou Pagã. Eu não só vejo ciclos de mudança e renovação dentro de minha própria jornada de vida, mas em minha herança. Eu vejo minha vida como um círculo que me conecta com os círculos de vida de meus antepassados. Eles são parte de mim e minha vida.
Eu sou Pagã. Mudança de consciência intencional, a Magia, é parte de minha espiritualidade. Para todo problema há pelo menos uma solução executável, como também oportunidade para crescimento. Eu crio minha própria realidade com meus pensamentos, sentimentos e ações. Tudo que eu envio sempre retorna.
Eu busco cumprir o Conselho Wiccano: "Sem causar mal a ninguém, Faça o que quiseres". Quando eu faço magia em rituais, antes de eu elevar diretamente a energia, eu sempre busco olhar o quadro do qual minhas necessidades são somente uma parte. Eu me empenho a trabalhar para o melhor de todos, como também me ajudar. Quando problemas vêm para o meu caminho, eu busco entender as causas e mensagens deles como parte de minha busca por uma solução. Fazendo trabalho curativo, eu busco enviar as causas espirituais subjacentes da doença, em lugar de só enfocar um alívio de seus sintomas.
Eu sou Pagã. Eu trabalho magia através da Lua para ajudar e curar outros, a mim mesma, e o Planeta. A Deusa Tripla da Lua me guia. Eu ativo começos na Crescente, energizo manifestações na Cheia e mando embora obstruções com a Minguante e com a Negra. Eu tomo parte em rituais em Luas Novas e Cheias, e eu sei que meus Círculos são parte de uma grande rede de Círculos que se encontram nestes tempos ao redor do Planeta Terra. Eu sou Pagã. Eu abraço o Panteísmo e reconheço que o Divino está em todos os lugares e em tudo.
Eu honro o Divino que está dentro das árvores na floresta, nas ervas no jardim, nos pássaros selvagens que cantam nas árvores, no topo da pedra da montanha, em mim, e sim, até em "coisas" como meu carro, máquinas fotográficas e computadores. Eu entendo que tudo com um corpo físico tem um corpo espiritual também. O físico e espiritual está entrelaçado profundamente, não separado, nesta forma de mundo. Eu honro as interconecções da Criadora e Criação.
Eu sou Pagã. Eu sei que a Divindade tem muitas facetas e eu experiencio isto por uma variedade de Deusas, Deuses e outras formas espirituais. Eu também honro a Divina Unidade, a Unidade de Tudo. Meus encontros pessoais com Deusas Pagãs, Deuses e outras formas Divinas transformaram e enriqueceram minha vida. Hécate apareceu como a Morte para me ensinar libertação e renascimento. Como uma criança jovem, Ártemis fluiu por mim e me ajudou a proteger o que pretende ser roubado. Selena da Lua Cheia traz visões e meu nome para mim. O sagrado Sol me energiza. Iemanjá do Oceano limpa e me renova. Eu tenho ouvido Pan tocar sua flauta nos bosques. Dionísio desperta dentro de mim as alegrias de espontaneidade e felicidade extática e me ensina os mistérios da androginia. Eu experimentei a união de Deusa e do Deus fazendo amor com meu companheiro no jardim. Bast me ajudou a aprofundar minhas conexões com meus amigos gatos. Cernunnos apareceu a mim na floresta como um Veado. Isis falou a mim em explosões de esplendor no fundo da Noite e em fluxos de energia por minhas mãos, fazendo curas. Saturno me deu lições sobre disciplina, tempo e agricultura orgânica. A Senhora Liberdade me protege conforme eu trabalho para liberdade religiosa por Wiccanianos e outros Pagãos. A Mãe Terra guia meu trabalho em nome deste Planeta. Eu também experiencio o Divino como Totens animais, aliados das plantas e como outras formas em meus sonhos, em jornadas internas e enquanto eu buscava pela visão sozinha no deserto.
Eu sou Pagã. Minhas práticas espirituais incluem auto-aceitação e entendimento, em vez de auto-rejeição. Eu compartilho minhas visões com outros quando eu sinto ter razão, mas eu não faço proselitismo, reivindicando meu caminho como único e verdadeiro. Há muitos caminhos sobre a montanha da compreensão espiritual, não somente um caminho.
Eu também realizo rituais em outros lugares na terra, ao ar livre e em lugar fechado. Minha adoração e rituais podem estar em qualquer lugar, pois meu círculo sagrado é portátil. Onde quer que eu esteja eu posso montar um círculo ao redor de uma esfera sagrada com sete invocações: para as quatro direções, para o Cosmo acima, para o Planeta abaixo e para Integração Espiritual no centro.
Eu sou Pagã. Eu viajo ao Outro mundo em meus sonhos, meditações e rituais. Eu uso ferramentas sagradas para me ajudar em minhas jornadas e meus trabalhos mágicos. Estes incluem caldeirão, cristais, velas, incensórios, cálices de água, pentáculos de sal, pratos de terra, penas, sinos, vassouras, chocalhos, tambores, batutas, estacas, espadas, espelhos, e uma variedade de ferramentas de adivinhação, inclusive cartas de Tarô, exagramas de I Ching e pedras de Runas. Eu vôo com minha consciência pelo tempo e espaço.
Eu exploro outras dimensões e então eu retorno com insights, conhecimento e poder. Eu vou entre os mundos por cura, crescimento e transformação. Intuição, percepção psíquica é natural, não sobrenatural, são parte da minha vida diária. Eu sou Pagã. Eu me harmonizo com os quatro elementos da Natureza - Terra, Ar, Fogo, Água - e com o quinto elemento, O Espírito que é a força espiritual que tudo conecta. Eu vejo estes Elementos na Natureza - a Terra no solo e pedras; o Ar nos ventos e atmosfera; o Fogo como o raio, fogos e eletricidade; a Água nas primaveras, rios, oceanos e outras águas sobre o planeta; e o Espírito como a Divina Unidade. Eu também vejo estes Elementos como aspectos do Self - meu corpo físico e fisiológico é minha Terra; meu intelecto e pensamentos meu Ar; meu desejo e ações meu Fogo; minhas emoções e sentimentos minha Água; e meu Self Interno, minha Alma, é o meu Espírito.
Eu esforço em me manter saudável e em equilíbrio em todas estas partes do Self. Eu trabalho para o restabelecimento do equilíbrio dos Elementos no ambiente. Eu sou Pagã. Eu ouço o choro da Mãe Terra que está triste com o mal que é causado ao meio-ambiente pela humanidade. Eu estou desanimada pela poluição do ar, terra, águas e pelos jogos de dominação que são feitos pelas nações com os danos nucleares e outras armas de destruição de massa. Eu também me preocupo com a poluição espiritual no Planeta - egoísmo, ódio, cobiça por dinheiro e poder, vícios, violência, desespero. Quando eu vejo estes problemas, eu também vejo a limpeza e cura dos acontecimentos sobre o Planeta Terra.
Eu sei que posso ajudar pelo menos um pouco a trazer ao Planeta maior equilíbrio buscando equilíbrio em minha própria vida, sendo um catalisador para restaurar o equilíbrio na vida de outros e trabalhando para um ambiente melhor. Eu sei que minhas atitudes e meu modo de vida podem fazer diferença. Eu procuro ser um canal para a cura e equilíbrio. Eu faço da responsabilidade ambiental parte de minha vida pessoal diária. Eu procuro viver em harmonia com os membros da Família da Natureza.
Eu sou Pagã. A Espiritualidade da natureza é a minha religião e minha base de vida. Natureza é minha professora espiritual e meu livro sagrado. Eu sou parte da Natureza e a Natureza é parte de mim. Minha compreensão dos mistérios internos da Natureza cresce enquanto eu viajo neste caminho espiritual.

LITHA OU SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

Por Mavésper Cy Ceridwen
Ela acordou sentindo a tepidez da noite. Ergueu os braços em direção às estrelas e cada uma delas brilhou mais forte em resposta. Ela sentiu o prazer de ser carne, a delícia de cada músculo sob a pele firme e jovem, do corpo magnífico e nu. Deslizou as pernas em uma carícia, sentindo a relva macia em que estava deitada. Abriu as narinas e aspirou o cheiro da terra úmida e das flores que marcavam a noite. Passou os dedos entre os longos cabelos, provando cada carícia como uma preciosidade e cada lufada de brisa como a antecipação de mais delícias.
Alguns animais se aproximaram... os esquilos deslizavam suas caudas perto dela, que tinha produzido para eles alguns grãos maduros e saborosos, os pássaros bicavam de leve sua pele doce. Enquanto Ela sorria e se deliciava com o contato macio dos pêlos e provava uma fruta madura, um som se ouviu ao longe: era a trombeta do caçador.
Ah, com um gesto impaciente de sua mão a trombeta se calou... não era hora de perturbar o despertar tranqüilo e sensual da floresta. Na mesma hora o caçador ao longe sentiu um cheiro de carne já assada... voltou ao acampamento e viu o enorme assado que dava para todos, se maravilhando com tal magia.
Nessa noite o homem, satisfeito, não caçaria. Iria dormir, sorrindo entre os prazeres do próprio leito, agradecendo a generosidade dos deuses. Ela começou a fazer um colar de rosas vermelhas. E ao contato de seus dedos a fragrância que exalavam acordou a floresta toda. O Povo Pequeno veio chegando, pronto para a festa. Ela os recebeu com sorrisos e doces, as flautas enchiam o ar e os pequenos tambores marcavam o pulsar da terra em festa. Absorvida com seus amigos Ela só se voltou quando viu a sombra inconfundível...
Silencioso, Ele chegara, altivo e doce, forte e viril, músculos e chifres... Ela o saudou com seu melhor sorriso:
- Senhor do Chifre do Sol, boas noites! Demorastes!
Com um sorriso quente e cheio de promessas Ele respondeu:
- Senhora das Rosas, só me entreti fazendo um presente para vós...
E ergueu uma maravilhosa coroa de ouro, brilhante como o Sol do verão. A coroa faiscava em suas mãos, e dava a impressão de ser fluída, como se o Sol tivesse se liquefeito e ficasse preso naquela forma pela magia do Deus. Ela se levantou graciosa e ficou de costas, pedindo a Ele em silêncio que a coroasse. Ele sorriu, ergueu os longos cabelos e beijou a nuca perfeita...Virou-a para Ele e disse:
- A Senhora das Rosas é soberana em si mesma. Só vós podeis vos coroar.
Vendo o acerto de suas sábias palavras, Ela tomou a coroa e colocou sobre a cabeça, voltando-se para Ele majestosa. Ele ficou mudo, extasiado pela beleza faiscante, em total devoção. Ela viu nos olhos dele o Amor que borbulhava, fervia em redemoinhos de sentimentos e antecipação. Ela se perdeu naqueles olhos e quando os corpos dos dois se entrelaçaram na eterna dança da vida, tudo o que existia sonhou com eles e suas delícias.
E quando o orgasmo veio, a natureza rugiu em mil vozes de prazer e êxtase. E, então, tudo o que existe soube que era Litha mais uma vez.

O MITO DA CRIAÇÃO

Uma releitura por Morgan MacFarland
"No momento infinito, antes de tudo, a Deusa levantou-se do Caos e deu nascimento a ela mesma. Isto foi antes de qualquer coisa ter nascido, até Ela própria. E quando separou os céus das águas. Ela dançou sobre elas. Conforme ela dançava, assim aumentava seu êxtase e em seu êxtase Ela criou tudo o que existe. Seus movimentos provocaram os ventos e assim o elemento Ar nasceu e respirou, e a Deusa nomeou a Si mesma de: Arianrhod, Cardea e Astarte.
E faíscas saíram de seus pés conforme Ela dançava e brilhavam como o Sol, e as estrelas se prenderam em Seus cabelos. Os cometas passavam sobre ela e assim o elemento Fogo nasceu e a Deusa nomeou a Si mesma de: Sunna, Vesta e Pele.
Sob os seus pés moviam-se as águas formando ondas e assim os rios e lagos passaram a fluir e Ela nomeou a Si mesma de: Binah, Mari Morgaine e Lakshmi.
E procurando descansar seus pés na dança, produziu a Terra de modo que as margens dos rios e mares fossem os seus pés; as terras férteis, o Seu ventre; as montanhas, os Seus seios fartos e Seus cabelos, todas as coisas que crescem, e a Deusa nomeou a Si mesma de: Ceridwen, Demeter, a mãe do milho.
E Ela se tornou aquela que é, foi e será, nascida de Sua própria dança sagrada, do prazer cósmico e da alegria infinita. Ela sorriu e criou a mulher à Sua própria imagem, para ser a Sua Sacerdotisa. De seus elementos - Terra, Ar, Fogo e Água - a Deusa criou o seu consorte para lhe dar amor, prazer, companheirismo e para compartilhar. A DEUSA FALOU ENTÃO ÀS SUAS FILHAS:

- Eu Sou a Lua que iluminará os seus caminhos e revelará os seus ritmos
- Eu sou a Dançarina e a Dança.
- Eu me movo sem movimento
- Eu Sou o Sol que dá calor para germinar e crescer.
- Eu sou tudo o que será.
- Eu Sou o vento que virá ao seu chamado e as águas que oferecem alegria.
- Eu Sou o Fogo da dança da vida e a Terra abaixo de seus pés dançantes.
- Eu dou a todas as minhas Sacerdotisas os três aspectos que são Meus:
- Eu Sou Ártemis, a Donzela dos animais e a virgem da caça.
- Eu Sou Isis, a Grande Mãe.
- Eu Sou Ngame, a Deusa ancestral que sopra a mortalha.
- Eu serei chamada por milhões de outros nomes.
- Chamem por Mim, minhas filhas, e saibam que eu Sou Nêmesis. Nós todas somos
Donzelas, Mães e Anciãs.
- Oferecemos nossa energia criada ao espírito das mulheres que foram, ao espírito das mulheres que virão e ao espírito das mulheres que crescerão.
- E ASSIM IREMOS EVOLUIR JUNTAS. "

EU SOU PAGÃ HOJE NO BRASIL

Por Mavesper Cy Ceridwen

Eu sou pagã hoje no Brasil e vivo a religião da Deusa em amor e sinceridade, caminhando e aprendendo a fluir com os ritmos da natureza. Eu procuro viver em beleza, para que a beleza me envolva. Conheço a Deusa e a cada dia mais a compreendo um pouco, sabendo que jamais acabarei essa tarefa, o que enche minha vida de propósito e riqueza. Encontro a Deusa na face de cada pessoa que cruza meu caminho, mesmo as que me são desagradáveis.
Eu sou pagã hoje no Brasil e meu corpo dói com cada notícia de água envenenada, natureza esgotada, animais maltratados, extermínios e queimadas insanas... Conheço a Lua no meu próprio sangue, mesmo quando as nuvens a encobrem no céu. Vivo os ciclos da natureza e celebro as datas ancestrais, danço, canto e comemoro os grandes e pequenos Sabbats. A cada fase da Lua saúdo-a em grupo ou sozinha, mas nunca deixo de sorrir para cada um de seus mistérios.
Eu sou pagã hoje no Brasil e uso a magia para melhorar minha vida e das pessoas que me procuram, aprendendo com meus erros e renovando minha capacidade de reconhecer o universo como um milagre de magia e perfeito equilíbrio. Conheço os diversos mundos e busco trazer deles o que melhor condiz com minha realidade e as necessidades que surgem nos giros da Roda da Vida, aprendendo a lição dos ciclos.
Eu sou pagã hoje no Brasil e luto para me conhecer cada vez mais, vendo minha sombra e acolhendo o que posso integrar, conhecendo a Deusa Negra em minha vida e aprendendo a amá-la. Como pagã também vejo a sombra coletiva de nossa nação e não fecho os olhos quanto ao crime, a violência, a corrupção, a posse da terra, a miséria e a fome. Como pagã sou revolucionária, não conformista, universalista e ardorosa defensora das liberdades, mantendo a unidade da consciência ecológica a sabendo a importância de defender o direito de quem pensa diferente de nós.
Eu sou pagã hoje no Brasil e vejo com inquietação nossa religião se tornar mais conhecida e visada. Combato a ignorância esclarecendo todos os que se interessam pela bruxaria, mostrando que somos pessoas normais, com vidas normais e não espetáculos de salão. Sofro com a incompreensão, muito mais pelos outros do que por mim. Admiro quem se mantém fiel ao Caminho mesmo diante de dificuldades familiares e sociais e faço valer nossas leis de não discriminação religiosa.
Eu sou pagã hoje no Brasil e percebo a importância de conscientizar as pessoas de sua própria auto-imposta escravidão. Vejo a importância de agir e viver de acordo com meu poder pessoal e abençôo cada chance de transformação que a vida me traz. Como bruxa, tenho orgulho de ser mulher, de falar a outras mulheres sobre nossa irmandade básica e de ver os homens tocados pela Deusa como os companheiros ideais e a única esperança de uma sociedade feita de parceria e soma de capacidades.
Eu sou pagã hoje no Brasil e celebro a Roda do Ano criando junto com os deuses e com as pessoas que me cercam a dança ancestral, refazendo os caminhos já trilhados por nossos antepassados de uma maneira nova e em consonância com nosso tempo. Levo minhas crianças às celebrações lunares e solares, desejando que elas cresçam cada vez mais em consciência, auto-determinação, independência e liberdade. Que elas possam fazer a magia do amor modificar os mundos.
Eu sou pagã hoje no Brasil, vivendo em cidades grandes sou uma bruxa urbana que descobre a natureza nos locais mais inusitados. Danço minhas danças de poder nas danceterias, ou vou para parques. Sempre que posso busco a mata, o cerrado e a praia. Compro meus instrumentos em shoppings ou os faço com minhas mãos. Reabasteço-me na natureza e dou poder a tudo que me cerca, vivificando com minha magia tudo o que faço, de escrever um texto a preparar um almoço, da roupa que uso ao modo como me movimento. Descubro a riqueza da minha terra, da herança indígena às contribuições européias e africanas, e as honro em meus rituais sem esquecer que a Deusa não tem nacionalidade, e fala todas as línguas.
Eu sou pagã hoje no Brasil e conheço muitos pagãos, cada vez mais gente que acorda do pesadelo das visões retilíneas do universo e passa a sonhar o doce sonho da Terra. Nessas pessoas descubro meus irmãos de alma, meus companheiros de caminho, meus parceiros na dança espiral. Me orgulho de viver em um tempo em que a Deusa sorri e podemos retribuir seu sorriso em alegria e liberdade. Nunca mais os tempos da fogueira!
Eu sou pagã hoje no Brasil e vejo mais e mais gente ouvindo o Chamado da Senhora. Eu sou pagã hoje no Brasil e a cada dia vejo aumentar a responsabilidade de orientação e auxílio que devemos dar aos mais novos na Arte, como expressão de nosso compromisso com os Antigos.
Eu sou pagã hoje no Brasil e sei que temos um dos maiores movimentos wiccanianos do mundo na atualidade, e busco me integrar às iniciativas e eventos que façam uma ponte entre nós e nossos irmãos de outros países, sabendo que isso fortalece nossos elos e o paganismo como um todo.
Eu sou pagã hoje no Brasil e sei como é difícil explicar a alguém que não o seja o que significa essa sensação única de ser integrado à Mãe e ser único e múltiplo, unido, completo e sagrado.
Eu sou pagã hoje no Brasil e a respiração de cada ser vivo deste planeta, e a pulsação de cada estrela além, bate no compasso do meu coração, pois eu sei que Dela é toda vida e todo amor.

O CONSELHO WICCANO

Uma das coisas belas sobre a Wicca é sua filosofia de "viva e deixe viver". Há espaço para todos e para seus sistemas de crenças pessoais. A maioria dos Wiccanos considera antiético impor suas crenças a outros, quanto mais dizer como se deveria praticar. Esse ensinamento para tolerar e respeitar os outros é passado para cada novo iniciado na forma do Conselho Wiccano, também chamado de Rede Wiccana.


O CONSELHO WICCANO

Devemos seguir o conselho da WiccaNO, em perfeito amor e perfeita confiança.
Viver e deixar viver - justamente tirar e justamente dar.
Jogue o círculo três vezes para deixar os espíritos maus fora.
Para conjurar o encantamento todas às vezes, devemos falá-lo em rima.
Suave de vista e leve de toque - fale pouco e escute muito.
Siga o sentido horário na lua crescente - cante, dance a Runa da Wicca.
Se vai ao contrário quando a lua mingua e o lobisomem uiva junto ao temível acônito.
Quando a Lua da Senhora é nova, beije a mão para ela duas vezes.
Quando a lua estiver no apogeu, então busque o que seu coração deseja.
Siga o poderoso sopro do vento Norte - tranque a porta e abaixe a vela.
Quando o vento vier do Sul, o amor te beijará nos lábios.
Quando o Vento Oeste soprar, os espíritos dos que foram estarão inquietos.
Nove madeiras vão no caldeirão, queime-as rapidamente e queime-as lentamente.
Velha seja a árvore da Senhora - não a queime ou será amaldiçoado.
Quando a roda começar a rodar, deixe queimar os fogos de Beltaine.
Quando a roda houver virado até Yule, ponha fogo na tora e deixe Pan reinar.
Cuide de flor, arbusto e árvore - seja abençoado pela Senhora. Quando as águas encresparem, jogue uma pedra e saberás a verdade.
Quando estiver em grande necessidade, não dê ouvidos para a ganância dos outros.
Não se junte ao tolo, ou será considerado seu amigo.
Você deve respeitar a Lei Tríplice - três vezes mal e três vezes bem.
Quando a desgraça for suficiente, use a estrela azul em sua sobrancelha.
Seja verdadeiro no amor, a menos que seu amante seja falso para você.
Dez palavras o Conselho Wiccano preenche, se não fizeres mal a ninguém, faça o que desejares.
SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001.

ESVAZIANDO A LUA

Os antigos gregos e romanos acreditavam que as bruxas tinham o poder de esvaziar a lua no céu. Essa premissa não é sem razão - se as bruxas fossem observadas evocando a Deusa sob a lua cheia, estariam naturalmente, iluminadas por seus raios, causando a impressão de uma conexão direta com o círculo lunar.
Na Wicca moderna, o rito de Esvaziar a Lua (ou puxar a lua) é de considerável importância. O texto a seguir, foi reproduzido do livro de Margot Adler, chamado de Drowning Down The Moon (Puxando a lua para Baixo). Vale a pena ler pela beleza das rimas.

ESVAZIANDO A LUA

Enfeitiçante Deusa das encruzilhadas,
Cujos segredos são mantidos pela noite,
Você é meio lembrada, meio esquecida,
E é encontrada nas sombras da noite.
Das misteriosas cavernas escondidas
Em dias antigos de magia,
Vem a verdade a certo tempo proibida
De teus velados caminhos celestiais.
Vestido da escuridão de veludo
Um dançarino nas chamas
Você que é chamada Diana, Hécate,
E muitos outros nomes.
Eu evoco a tua sabedoria
E busco a você a partir deste momento,
A entrar em minha alma ansiosa
Que nossas essências se combinem.
Eu te chamo ó Ântica
Da costa muito distante,
Venha estar comigo agora,
Isto eu peço e nada mais.

SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001

O CÂNTICO DAS BRUXAS

Simples, direto e intuitivo, "O Cântico das Bruxas" evoca um tempo quando os praticantes de Wicca e os Pagãos explicavam seus mistérios por versos poéticos. Este cântico, também chamado de Runa das Bruxas, revelou-se ao público pela primeira vez em 1974 em "The Grimoire of Lady Sheba",que era uma Bruxa Hereditária e Gardneriana Honorária.
Através de verso poético, "O Cântico das Bruxas" detalha as crenças e práticas do antigo e matrifocado Culto à Deusa Mãe da velha Europa.

O CÂNTICO DAS BRUXAS

Escura noite e brilhante lua,
Ouça bem a Runa das Bruxas,
Leste então Sul, Oeste então Norte,
Ouça! Venha! Eu te evoco.

Por todos os poderes da Terra e do Mar,
Seja obediente a mim,
Vara, Pentagrama e Espada,
Ouça bem a minha palavra.

Cordões e Incensário, Açoite e Faça,
Acordem todos para a vida.
Poderes da Gume das Bruxas,
Venha conforme a evocação é feita.

Rainha do Céu, Rainha do Submundo,
Mande sua ajuda a este encantamento.
Caçador de Chifres da noite,
Trabalhe meu desejo pelo rito mágico.

Por todos os poderes da Terra e do Mar,
Conforme eu diga "assim possa ser".
Pelos poderosos lua e sol
Conforme eu desejo, seja feito.
SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001.

A CARGA DA DEUSA

Um dos textos mais conhecidos associados com a religião Wicca é a Carga da Deusa. Inspirado por "Arádia, o Evangelho das Bruxas", Dorren Valiente compôs a Carga da Deusa para ser usados em rituais Gradnerianos. Ela se tornou tão popular que logo foi incorporada aos rituais e ensinamentos da maioria das tradições Wiccanas. Assim como na maior parte da escritura mítica que sobrevive ao tempo, e aos lugares, há muitas interpretações pessoais e variações do original, inclusive esta tradução para o português. Ainda que a Carga da Deusa que segue possa variar um pouco do texto original, a intenção original e a mensagem estão ainda intactas.

A CARGA DA DEUSA

Sempre que tiveres necessidade de algo, uma vez por mês,
E melhor que seja quando a lua está cheia, então deverá se reunir,
Em um lugar secreto e adorar-me, a Mãe das Estrelas,
Virgem Eterna, e Rainha de toda Bruxaria. Lá irão se reunir,
Aqueles que têm desejo de aprender meus segredos,
E aqueles que ainda não ganharam meus segredos mais profundos,
E sob meu olho vigilante te ensinarei aquilo que é desconhecido.
Para a glória de toda a criação cante, festeje, dance, faça música,
E ame tudo em minha presença. Pois meu é o êxtase do espírito,
E minha também é a alegria na terra, pois minha lei é amar todas as criaturas.
Eu suplico a você que mantenha puros seus mais elevados ideais,
Que sempre os busque, que não deixe que ninguém te pare ou te desvie,
Pois meu é o segredo que abre a porta da juventude,
Meu é o cálice da vinha da vida, e meu é o Caldeirão de Cerridwen - O Cálice Sagrado da Imortalidade.
Eu sou a graciosa Deusa que dá o presente da alegria ao coração do homem.
Quando se reunir em meu nome eu te darei conhecimento do espírito eterno,
E após a morte eu te darei paz e liberdade, e a seu tempo união com aqueles que se foram antes.
Ouça agora as palavras da Deusa Estrela, cujo corpo engloba o universo,
Eu sou a beleza da terra verde, e a luas branca entre as estrelas, E o mistério das águas, e o desejo de todos os homens.
Eu clamo a tua alma para que se eleve e venha até mim,
Pois eu sou a alma de toda a natureza que dá vida ao universo,
De mim procedem todas as coisas, e a mim todas as coisas devem retornar.
Amada pelos deuses e pelos homens,
Deixe que meu divino mais profundo seja moldado no êxtase do universo.
Deixe meu louvor estar em seu coração, para regozijar-se,
Todos os atos de amor e prazer são meus rituais,
Assim, deixe sempre haver beleza e força, poder e compaixão,
Honra e humildade, alegria e reverência dentro de você.
A você que me procura, saiba que buscando e ansiando não lhes dará proveito,
A menos que saibas o mistério. Pois aquilo a que você busca,
Se não encontrares dentro de você mesmo, nunca encontrarás fora,
Pois veja, eu estou com você desde o princípio,
Eu sou aquela a quem se chega ao final do desejo.
Lembre-se disto, pois iluminará o caminho,
E te levará até teu mais sagrado de todos os mistérios.
SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001.

A DESCIDA DA DEUSA

O seguinte mito, a Descida da Deusa, também conhecido como o Mito da Deusa, foi passado para Gerald Gardner em segredo. (Inspirado por "Arádia, o Evangelho das Bruxas", publicado em 1890 por Charles G. Leland, acredita-se que o Mito da Deusa seja uma adaptação moderna do antigo Mito Grego de Deméter e Perséfone, um Cântico Homérico). Gardner acreditava que este era um dos ensinamentos mais significativos dentro da Bruxaria. Ele expressa o conceito religioso popular da renúncia - a entrega do próprio para a iluminação. Conforme a Deusa desce ao mundo subterrâneo, ela tem de remover suas vestimentas físicas, símbolos de sua identidade física. Em troca recebe instruções sobre os mistérios do nascimento, da vida, da morte e da volta.

A DESCIDA DA DEUSA

Em tempos remotos, nosso Senhor, aquele de Chifres, era (assim como ainda é) o Controlador, o Confortador. Mas os homens o conheciam como o temível Senhor das Sombras, solitário, rígido e justo. Mas Nossa Senhora, a Deusa, resolveria todos os seus mistérios, até mesmo o mistério da morte; assim ela viajou para o mundo subterrâneo. Aqui o Guardião dos Portais a desafiou:
- Removas todas as tuas roupas, despoja-te de todas as tuas jóias; pois nada podes trazer contigo nesta nossa terra.
Assim, ela despiu-se de todas as suas roupas e jóias, e foi amarrada, como todas as coisas vivas que buscam entrar nos reinos da Morte, a Poderosa, devem ser. Tal era a sua beleza que a Morte em pessoa se ajoelhou e deitou sua espada e coroa aos pés, e os beijou, dizendo:
- Abençoados sejam teus pés que te trouxeram a estes caminhos. Permaneça comigo; mas deixe-me pôr minhas frias mãos sobre o teu coração.
E ela respondeu:
- Eu não te amo. Porque fazes com que todas as coisas que amo e que me dão prazer definhem e morram?
- Senhora - respondeu a Morte - É a idade e o destino, contra as quais eu sou impotente. A idade faz com que todas as coisas definhem, as os homens morrem ao fim do tempo. Eu lhes dou repouso, paz e força, para que eles possam retornar. Mas você, você é adorável. Não voltes, fique comigo.
Mas ela respondeu:
- Eu não te amo.
Então disse a Morte:
- Se você não receber minha mão sobre o seu coração, você deverá ajoelhar-se ante o açoite da Morte.
- É o destino, melhor assim - ela disse, e se ajoelhou.
E a Morte a açoitou com ternura. E ela gritou:
- Eu conheço as aflições do amor!
E a Morte a ergueu e disse:
- Abençoada seja!
E lhe deu a saudação quíntupla, dizendo:
- Apenas assim você poderá alcançar a alegria e o conhecimento.
E ensinou-lhe todos os seus mistérios, e deu-lhe o colar, que é o círculo do renascimento. E ela lhe ensinou o mistério do cálice sagrado, que é o caldeirão do renascimento.
Eles se amaram e foram um, pois há três grandes mistérios na vida do homem, e a magia controla a todos. Para preencher o amor, você deve voltar novamente ao mesmo tempo e no mesmo lugar que os amados, e deve encontrar, e conhecer, e lembrar-se, e amá-lo novamente.
Mas para se renascer você deve morrer, e ser preparado para um novo corpo. E para morrer, você deve nascer; e sem amor você não pode nascer.
E nossa Deusa deve sempre amar e dar alegria e felicidade, pois ela guarda e cuida de todas as crianças em vida. Na morte ela ensina o caminho da comunhão, e até mesmo neste mundo ela ensina os mistérios do Círculo Mágico, que fica entre o mundo dos homens e o reino dos deuses.
Fonte:
SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001.

O MITO DE ESUS E TARVOS

O mito de Esus e Tarvos é utilizado para explicar os ciclos da vida pelo conceito da natureza e da mudança sazonal (das estações do ano).

O MITO DE ESUS E TARVOS

Há muito tempo quando o mundo era jovem, uma coisa maravilhosa e surpreendente aconteceu. No começo da primavera, próximo do poço de Coventina, um bonito bezerro nasceu. À primeira vista você podia ver que aquele não era um touro comum. Seu corpo era de uma cor vermelho-dourada e sua forma era perfeita. Seus olhos eram claros, brilhantes e inteligentes.
Logo o touro estava em pé, correndo e brincando, quando do céu desceram três imponentes garças azuis. Elas dançaram ao redor dele em um círculo, deleitadas com sua beleza e energia. O touro também estava feliz. Ele gostava de seus novos amigos que podiam cantar, dançar e voar. Ele também era respeitoso para com elas e reclinava sua cabeça, pois sabia que elas haviam vindo do Grande Pai Céu.
Conforme a primavera deu lugar ao verão, o touro cresceu excepcionalmente rápido e logo estava totalmente crescido. Nunca havia existido um touro como este. Sua fama se espalhou pelos quatro cantos. Animais, homens, e deuses vinham ver sua grande beleza. As garças eram suas companheiras constantes, e por causa disto, o touro tornou-se conhecido como Tarvos Trigaranus (touro com três garças).
Seus dias eram cheios de diversão sem fim. O mundo era brilhante, bonito e cheio de flores. Pois nestes tempos antigos o mundo não conhecia o inverno.
Havia, entretanto, um Deus caçador chamado Esus (senhor, mestre). Ele vagava pelos campos e florestas em busca de um animal digno de sua paixão, mas não havia encontrado nenhum que o satisfizesse. Cedo, numa bonita manhã, ela adentrou o prado onde Tarvos e as três garças estavam dormindo. Com um mirado no touro, Esus soube que a sua busca havia terminado. Ele desembainhou sua espada e foi em direção ao boi dormente, mas as garças viram o perigo e deram o grito de alarme.
O touro levantou-se para duelar com Esus, e seus chifres eram armas formidáveis. O Deus Esus e o divino touro Tarvos se bateram em combate. Eles lutaram todo o dia e toda a noite, mas nenhum parecia poder subjugar o outro. A disputa continuou desta maneira por dias.
Então, na noite da lua escura, o touro começou a fraquejar em força. E lá, sob o grande Carvalho, Esus atingiu Tarvos, o touro divino, co um golpe mortal. Seu sangue se derramou sobre as raízes da árvore e suas folhas ficaram vermelho-douradas naquele mesmo instante de pura vergonha e luto.
As garças deram um grande grito de choro. Uma delas voou adiante e em um pequeno prato pegou um pouco do sangue do touro. Então as garças partiram, voando para o Sul.
Uma escuridão desceu sobre o mundo. As flores murcharam e as árvores derramaram suas folhas. O grande sol retirou seu calor. O mundo ficou escuro e frio e a neve caiu pela primeira vez.
Todos os homens e feras rezaram à Grande Mãe Terra para que ela trouxesse de volta o calor, ou todos iriam morrer em breve. Ela ouviu, e teve pena de toda a natureza, e logo a luz começou a voltar.
As três garças vieram voando de volta do Sul, e uma, ainda tinha o prato. Ela voou até o grande carvalho onde Tarvos, o touro divino, havia sido morto. A garça derramou então o sangue sobre o chão e repentinamente da poeira emergiu um bezerro, renascido da Grande Mãe Terra.
Toda a natureza se regozijou. O calor do sol havia retornado. A grama e as flores cresceram. As folhas surgiram nas árvores. Assim a primavera voltou ao mundo.
Em tempo o deus caçador Esus ouviu sobre o renascimento do touro e procurou encontrá-lo. Esse foi o começo do ciclo que até este dia persiste. Esus, o deus caçador, sempre sobrepujando o touro divino, mas nossa Grande Mãe Terra sepre faz com que ele nasça novamente.
E assim é com toda a natureza. A primavera traz a vida, o verão a faz forte, o outono a faz enfraquecer, e o inverno traz a morte. Nós não podemos controlar ou mudar isso, mas podemos aprender a compreender e trabalhar com isso.

Fonte:
SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001.

Contos Wiccanos

A partir daqui vou publicar alguns contos, poesias, textos, músicas (letras) que nós Wiccanos usamos para expressar nossas crenças, filosofia, nosso modo de ser. Alguns podem parecer estranhos à primeira vista, mas isso é porque você não está acostumado com o nosso modo de pensar. É importante ressaltar que esses textos não são como uma bíblia sagrada, um livro inspirado. São textos escritos em algum lugar de passado e que representam um pouco da nossa mitologia.

A WICCA E OS CELTAS

Muitos neófitos, quando procuram informações sobre a o surgimento Wicca da acaba por encontrar diversas respostas. Porém há uma que constantemente aparece, mas que não é verdadeira. A de que a Wicca é Celta, ou o ressurgimento da antiga religião Celta. Isso acontece porque alguns Wiccanos se utilizam do panteão Celta para fazer seus rituais, e também tem como calendário litúrgico a Roda do Ano, que são as observações dos festivais Celtas. Mas isso é o mais próximo dos Celtas que a Wicca chega.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A WICCA NO BRASIL

Não se sabe exatamente quando nem como a Wicca veio para o Brasil. Mas por volta dos anos 90, já havia matérias sobre a Wicca produzidas no Brasil, embora nenhuma delas esclareça como ela veio parar aqui. Em uma delas na Revista Planeta desetembro de 97, há uma matéria onde o repórter Romeo Graziano Filho entrevista a Sacerdotisa Denise De Santi de São Paulo. Nessa matéria ela explica que "Fizemos contato, via internet, com uma associação pagã européia, para busca de informações, e buscamos uma busca unificada das bruxas e bruxos brasileiros para regulamentar a religião Wicca no País".
Muito provavelmente foi assim que a Wicca chegou ao Brasil. Através de troca de informações através da internet, cartas, e livros escritos no inglês original.
Isso mostra o quanto é importante, sabermos e pesquisarmos mais sobre isso, pois além de fazer parte da nossa História, pode nos ajudar a compreender o perfil dos praticantes da Wicca no Brasil. E compreender melhor porque as pessoas buscam esse caminho.

A WICCA E O FEMININO

Para muitas mulheres, a Wicca é uma forma de recuperar sua própria auto-estima.
Há muito tempo, algumas das primeiras formas de manifestações da religiosidade na Terra, contavam com deidades essencialmente femininas, isso, numa época onde ainda não se conhecia o papel do homem na reprodução humana. Os homens não entendiam como uma mulher podia sangrar por tantos dias e ainda continuar viva! Além disso, não entendiam como é que de dentro delas podia surgir uma nova vida. Por esse motivo, acreditavam que elas eram Deusas, e possuíam poderes especiais. Alguns povos chegaram a confeccionar certas estatuetas de mulheres com formas arredondadas, seios e barrigas protuberantes e quadris largos. Essas estatuetas ficaram conhecidas como Vênus, como as de Laussel e Willendorf. A mulher passou a ser associada à fertilidade da Terra, no momento em que esses povos aprenderam a agricultura, e à Lua, quando eles passaram a observar seu movimento no céu e perceber que seu ciclo coincidia com o ciclo menstrual feminino. Nessas civilizações, a mulher era respeitada e tida como igual ao homem, e mesmo considerada como Deusa, não era tratada de forma superior. Alguns homens chegaram a temer esse poder, e quando finalmente descobriram seu papel na reprodução as coisas começaram a mudar. Os homens tornaram-se gananciosos, ansiando por poder, e a única forma de conseguí-lo, seria relegando à mulher à uma posição de inferioridade, acabando com o culto à uma Deusa e sobrepondo-a a um Deus masculino. Se antes a Deusa eram vista como sua igual, sua consorte, agora estava relegada à posição de filha, subalterna, sempre submetida à sua autoridade.
Embora algumas civilizações tenham mantido o costume de cultuar Deusas, juntamente com Deuses, com a chegada de religiões monoteístas e patriarcais, as Deusas passaram a condições muito piores, sendo denominadas como demônios, prostitutas e feiticeiras. Juntamente com as Deusas, a situação das mulheres foi piorando. Se antes eram consideradas iguais em direitos com os homens, agora deviam ser submetidas à sua autoridade, devendo-lhes cega obediência, caso contrário seriam mortas, punidas ou rejeitadas. Eram vistas como criaturas impuras, por causa da menstruação e por isso, não podiam participar da vida sacerdotal. Além disso, eram chamadas de ardilosas, trapaceiras, indignas de confiança, feiticeiras, imaginário esse criado pelos homens através das Deusas, para dominar as mulheres.
Durante muito tempo essa visão da mulher perdurou, até que elas cansaram-se desse tratamento e passara a exigir a igualdade de direitos. Muita coisa mudou a partir de então, a condição feminina passou a ser valorizada, física e espiritualmente. Algumas religiões como a Wicca, deram fôlego a movimentos feministas, embora a Wicca não seja feminista, a partir do resgate da sacralidade feminina, o culto à Deusa, juntamente, com o Deus. A valorização da feminilidade, a harmonização do seu corpo, principalmente com relação à sua própria menstruação, trabalhando a quebra dessa visão patriarcal de que a menstruação é suja, imunda, impura, fedida, pelo contrário, o sangue menstrual é sagrado, o útero é sagrado, pois ali que a vida é gerada e nascida. Tudo isso é feito através dos Círculos de Mulheres (aqui em Porto Alegre a ABRAWICCA-RS montou um.) com esse objetivo: trabalhar o feminino, através das Deusas e entre elas, a Senhora do Oceano de Sangue, a Deusa da Menstruação.

MAGIA BRANCA E MAGIA NEGRA

Quando se fala em bruxaria, magia, feitiçaria, logo vem à tona expressões como magia negra e magia branca. Comumente, a magia negra é associada ao mal, à maldição, enquanto à magia branca é associado ao bem e à cura e à proteção. Há quem acredite ainda que exista até magia cinza. Já de cara eu afirmo sem o menor medo de estar errada: Magia não tem cor! Não existe magia branca ou negra, ou seja, a magia não é essencialmente boa nem essencialmente má.
Vamos pensar um pouco: o que é magia? Magia é a manipulação da energia. Que energia? De onde ela vem? E eu respondo, de novo, ela vem de nós mesmos e das coisas ao nosso redor. Ela é chamada de poder pessoal. Quem manipula essa energia? Não são as próprias pessoas? Então podemos deduzir que a magia é usada de acordo com a intenção da pessoa que a manipula. A magia não tem consciência própria, ela não vai sair por aí deliberadamente causando mal. Se a pessoa que a utiliza, que a manipula o faz com intenção de prejudicar alguém, é o pode acontecer, como também se sua utilização for para o bem.
Na Wicca como eu já expliquei em textos anteriores, tudo o que você faz, para o bem ou para o mal retorna para você, portanto a pessoa que utiliza magia precisa estar ciente de que a responsabilidade pelos resultados é sua! Afinal de contas, grandes poderes trazem grandes responsabilidades!(o tio Bem sabia muito bem do que estava falando!).
Concluímos então, que não existe magia boa ou má, o que existe são pessoas com intenções boas ou más!

WICCA: UMA CULTURA ESTRANGEIRA NO BRASIL?

Por Erynn Dé Dannán

Uma das críticas que se tem feito à Wicca é o fato de ela ter sido "importada" dos EUA, num um tempo em que se luta para manterem vivas as tradições e a cultura que são próprias de nosso país, além de tentar diminuir o impacto da "cultura fast-food" e qualquer outra "novidade" que venha dos EUA ou de outros países.
Mas há um detalhe muito importante que as pessoas ainda não se deram conta, ou não querem considerar: O que é a cultura brasileira? Se pararmos para pensar, há vários pontos a serem observados. Um deles é o tamanho de nosso país. A outra é a diversidade de costumes que existem, sem contar que a maioria dela tem suas origens em outros povos.
Vamos pensar: O Brasil é um país com enorme área territorial. Colonizada por portugueses. Invadida por holandeses e franceses. Juntando uma parte que era de domínio espanhol. Só nesse parágrafo há quatro culturas diferentes convivendo durante pelo menos três séculos. E olha que eu ainda nem mencionei os "índios" e "africanos".
A partir do século XIX outras culturas juntaram-se à nossa "cultura brasileira" (já havia uma cultura "comum" no nosso território, e, preste atenção, ela vai mudar novamente). Alemães e italianos, ingleses e povos das mais diversas partes chegaram ao sudeste, e sul do território para trabalhar na lavoura cafeeira e povoar o território recém anexado pelo tratado de Santo Idelfonso.
Através dessa pequena visita ao passado podemos perceber que a "cultura brasileira" é na verdade uma colcha de retalhos de culturas de outros povos. Mesmo hoje percebemos que a cultura do sul, é totalmente diversa do norte, assim como a do nordeste é diferente do sudeste. É claro que ela tem as suas especificidades, porém ainda assim não deixa de ter seu caráter policultural.
Aí entra outra questão: A cultura é estática? Em um ano e meio de faculdade aprendi que a cultura é uma instituição em construção. Ela é dinâmica, é construída através do tempo, está sempre mudando. Algumas coisas permanecem iguais, outras se modificam e outras são acrescentadas. Mas isso não é algo ruim, pelo contrário. Uma cultura estática é uma cultura morta. Mas isso não significa que devemos abandonar a nossa cultura e adotar outra por achar que ela é melhor. Uma coisa não justifica a outra. Mas também não quer dizer que naturalmente alguma característica de culturas diferentes possa fazer parte da nossa.
A Wicca é um exemplo disso. As pessoas a criticam principalmente por ela vir dos EUA. O que elas não sabem é que ela é originalmente inglesa, e não americana. Ainda assim, a própria Wicca é uma mistura de diversas culturas, não é algo predominantemente anglo-saxã. Ao chegar ao Brasil ela se adapta aos nossos próprios costumes, sem perder sua originalidade, pois a forma como ela foi concebida permite isso. Um exemplo é que um Wiccano brasileiro pode perfeitamente trabalhar com deidades indígenas e africanas, sem com isso deixar de ser wiccano. Se a Wicca originalmente trabalha com seres do folclore anglo-saxão, como fadas e duendes, isso não significa que aqui não podemos utilizar a caipora, e a iara. Um dos exemplos mais vivos é a Roda do Ano, que aqui é invertida, pois estamos no Hemisfério Sul. Nada impede que utilizemos elementos da nossa própria cultura para enriquecer os nossos rituais.