"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)

terça-feira, 29 de maio de 2007

A Wicca e o Divino Feminino



Por Erynn Dé Dannán



A maioria das pessoas quando conhecem a Wicca acabam estranhando a idéia de cultuarmos uma Deusa. Alguns acham que fazemos isso apenas para chamarmos a atenção, outras vêem isso como um sinônimo de rebeldia contra o cristianismo e um símbolo da luta feminista.
O fato é que a nossa religião apenas retoma uma prática comum das primeiras sociedades se organizarem no nosso planeta e que foi esquecida pela nossa sociedade atual: a espiritualidade matrifocal. Você quer dizer, matriarcal? Não, é matrifocal.
Como diz essa palavrinha, o foco espiritual está no feminino, e não no masculino. Eu poderia passar horas falando desse assunto numa abordagem histórica, porém não é esse o meu objetivo, basta saber que algumas das primeiras civilizações antigas, por exemplo, a civilização creto-micênica (é aquela mesma do rei Minos e da lenda do Minotauro) eram matrifocais.
As antigas tribos antes de ter conhecimento da participação do homem na concepção humana reverenciavam o sexo feminino como provedor da vida, pois é da mulher que nasce um novo ser, é das fêmeas que nascem os filhotes. Portanto a mulher era vista como detentora de mistérios e poderes incríveis e era divinizada como símbolo de fertilidade. Porém isso não significava que as mulheres detinham o poder político nas tribos, apenas constatava-se que ela era respeitada (não temida) e independente, ou seja, não necessitavam da autorização de nenhum membro masculino da família para fazer o que queria.
Com o passar do tempo o homem tomou conhecimento de sua participação na concepção e da relativa força que possuía em relação às mulheres. Mudou a forma de organização da sua tribo e mudou o foco da sua espiritualidade: era o patriarcalismo, ou patriarcado. Você não quer dizer patrifocal? Não, é partiarcal, porque tanto a espiritualidade quanto o poder político e social estava em poder dos homens. As mulheres passaram a ser submissas aos homens, ou seja, perderam a independência e o respeito de que gozavam.
Quero deixar bem claro que não somos feministas nem queremos partir para discursos feministas. O que estamos fazendo é explicar um fato, algo que aconteceu há muito tempo e que não foi invenção da nossa cabeça. É simplesmente História. O patriarcalismo dura até hoje e está fortemente aliada à religião.
Algumas pessoas estão atualmente tão decepcionadas com essa cultura patriarcal, que quando resolvem abandonar sua religião de origem e partem para uma pesquisa a respeito de religiões alternativas, acabam se deparando com a Wicca e vêem nisso uma novidade, algo diferente. Eu sei porque isso aconteceu comigo. Porém eu tive maturidade suficiente para levar a sério e perceber que este era o melhor caminho que eu poderia encontrar. A Wicca tem o foco no feminino, embora não despreze o masculino. Essa é uma tentativa de resgatar as nossas antigas raízes espirituais, nós vemos o feminino como a energia criadora e doadora da vida, pois assim é na natureza. Temos a percepção de que o feminino e o masculino devem conviver em equilíbrio e não um sobrepondo o outro. Para nós essa é a palavra de ordem "equilíbrio". É algo que vemos como um ponto que pode melhorar o mundo em que vivemos e por isso o respeitamos.
Nossa espiritualidade, nossos panteões reúnem os mais diversos deuses e deusas que existem nas mais diferentes culturas possíveis do mundo. Elas são manifestações diferentes da mesma energia criadora, chamadas genericamente por Deus e Deusa.

OS TREZE PRINCÍPIOS DOS WICCANOS


Todos os praticantes da Religião da Deusa seguem os 13 princípios básicos propostos:
1. Nós praticamos ritos para nos alinharmos ao ritmo natural das forças vitais, marcadas pelas fases da Lua e aos feriados sazonais.
2. Nós reconhecemos que nossa inteligência nos dá uma responsabilidade única em relação a nosso meio-ambiente. Buscamos viver em harmonia com a Natureza, em equilíbrio ecológico, oferecendo completa satisfação à vida e à consciência, dentro de um conceito evolucionário.
3. Nós damos crédito a uma profundidade de poder muito maior que é aparente a uma pessoa normal. Por ser tão maior que ordinário, é às vezes chamado de "sobrenatural", mas nós o vemos como algo naturalmente potencial a todos.
4. Nós vemos o Poder Criativo do Universo como algo que se manifesta através da Polaridade - como masculino e feminino - e que ao mesmo tempo vive dentro de todos nós, funcionando através da interação das mesmas polaridades masculina e feminina. Não valorizamos um acima do outro, sabendo serem complementares. Valorizamos a sexualidade como prazer, como o símbolo e incorporação da Vida, e como uma das fontes de energias usadas em práticas mágicas e ritos religiosos.
5. Nós reconhecemos ambos os mundos exterior e interior, ou mundos psicológicos - às vezes conhecidos como Mundo dos Espíritos, Inconsciente Coletivo, Planos Interiores, etc. - e vemos na interação de tais dimensões a base de fenômenos paranormais e exercício mágico. Não negligenciamos qualquer das dimensões, vendo ambas como necessárias para nossa realização.
6. Nós não reconhecemos nenhuma hierarquia autoritária, mas honramos aqueles que ensinam, respeitamos os que dividem de maior conhecimento e sabedoria, e admiramos os que corajosamente deram de si em liderança.
7. Nós vemos religião, magia, e sabedoria como sendo unidas na maneira em que se vê o mundo e vive nele - uma visão de mundo e filosofia de vida, que identificamos como Bruxaria ou o Caminho Wiccaniano.
8. Auto-intitular-se "Bruxo" não faz de ninguém um Bruxo - assim como a hereditariedade, ou a coleção de títulos, graus e iniciações. Um Bruxo busca controlar as forças interiores, que tornam a vida possível, de modo a viver sabiamente e bem, sem danos a outros e em harmonia com a Natureza.
9. Nós reconhecemos que é a afirmação e satisfação da vida, em uma continuação de evolução e desenvolvimento da consciência, que dá significado ao Universo que conhecemos, e a nosso papel pessoal dentro do mesmo.
10. Nossa única animosidade acerca da Cristandade, ou de qualquer outra religião ou filosofia, dá-se pelo fato de suas instituições terem clamado ser "o único verdadeiro e correto caminho", e lutado para negar liberdade a outros, e reprimido diferentes modos de prática religiosa e crenças.
11. Como Bruxos, não nos sentimos ameaçados por debates a respeito da História da Arte, das origens de vários termos, da legitimidade de vários aspectos de diferentes tradições. Somos preocupados com nosso presente e com nosso futuro.
12. Nós não aceitamos o conceito de "mal absoluto", nem adoramos qualquer entidade conhecida como "Satã" como definido pela Tradição Cristã. Não buscamos poder através do sofrimento de outros, nem aceitamos o conceito de que benefícios pessoais só possam ser alcançados através da negação de outros.
13. Trabalhamos dentro da Natureza para aquilo que é positivo para nossa saúde e bem estar.

Dogmas da Wicca


Em muitos sites de wicca que você acessar, perceberá que a maioria deles nos dizem que a Wicca não possui dogmas. Isso em parte é verdade. A Wicca não possui dogmas, no sentido "verdades absolutas", ou seja aspectos da doutrina que não podem ser questionados. Porém ela possui dogmas, se pensarmos nesse conceito como sendo "as características litúrgicas aceitas comumente por todos".
A Wicca é uma religião em que não existem livros sagrados, nem profetas a justificá-los. Não faz apelo a uma fé única e exclusiva, não tem mandamentos e promove acima de tudo o respeito e a diversidade. Não é também um sincretismo religioso porque vários sincretismos são possíveis. É uma escolha pessoal para aqueles que sentem que a sua percepção do sagrado não só não se enquadra nos esquemas tradicionais como é algo demasiado individual para se sujeitar a conjuntos de regras e crenças que outros determinaram.
As poucas regras existentes na Wicca têm um caráter essencialmente funcional e são vistas não como mandamentos duma qualquer divindade ou profeta iluminado, mas como simples normas de relacionamento entre pessoas que partilham interesses comuns. São apenas alguns princípios genéricos ligados a valores ecológicos e individuais de largo consenso e à liberdade de expressão da religiosidade como é sentida e recriada por cada um.
O seu espírito está bem patente na regra básica "Faz o que quiseres desde que não faças mal", a única que todos os membros da Wicca procuram seguir. Esta diversidade exprime-se nas práticas de diferentes pessoas ou grupos.
Encontramos indivíduos que se assumem como monoteístas, politeístas, panteístas, e adeptos de tradições para quem apenas a Deusa é importante, ao lado de outras que dão a maior ênfase à polaridade, aos rituais e nomes de divindades retirados de todas as religiões conhecidas (e por vezes mesmo de obras fantásticas), nas mais variadas combinações cujos membros se relacionam num clima de aceitação e harmonia.
A Wicca tem a sua maior implantação nos países anglo-saxônicos, onde a longa tradição democrática e o Protestantismo permitem um maior individualismo. Para além de práticas individuais, os Pagãos agrupam-se em pequenos núcleos, tradicionalmente de 13 pessoas, cada qual com as suas regras e tradições; ainda se podem juntar em grandes encontros. Nestes encontros estendem-se ao campo religioso os princípios de liberdade de expressão e de associação já há muito aplicados noutros setores da sociedade. Ao contrário de outras religiões e de outras organizações não existe aqui uma estrutura hierárquica nem uma autoridade central.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Tradições Wiccanas



Segundo o dicionário “Tradição é um método específico de ação, atitude ou ensinamentos que são passados de geração para geração”. Na Wicca, a palavra Tradição tem um significado diferente: uma Tradição é um conjunto específico de rituais, ética, instrumentos, liturgia e crenças. Resumindo, uma Tradição é um subgrupo específico dentro da Wicca. Hoje muitas pessoas estão confundindo o que é uma Tradição da Bruxaria. Muitos afirmam que a Wicca é uma Tradição, o que não é verdade! A Wicca não é uma "tradição", mas sim uma Religião que possui diversas Tradições. Cada Tradição tem sua própria estrutura, rituais, liturgias, mitos próprios que são passados de praticante para praticante. Mas todas elas seguem o mesmo princípio filosófico:
A celebração da Deusa e do Deus através de rituais sazonais ligados à Lua e ao Sol, os Sabás e Esbás;
O respeito à Terra, que é encarada como uma manifestação da própria Deusa;
A magia é vista como uma parte natural da Religião e é utilizada com propósitos construtivos, nunca destrutivos;
O proselitismo é tido como inadmissível;
A Filosofia, os ritos, as concepções são muito diversas e radicalmente diferentes de uma Tradição para outra, com freqüência isso ocorre dentro de duas dissidências da mesma Tradição.
Às vezes uma Tradição pode não reconhecer um iniciado em outra Tradição e por isso é muito comum ouvirmos relatos de Bruxos que se iniciaram em duas, três ou quatro Tradições distintas. Outras Tradições, porém são mais flexíveis e acolhem Bruxos de outras Tradições em seu segmento.
Cada Tradição tem seu próprio Livro das Sombras, contendo seus Ritos sagrados e idéias sobre a Divindade e é muito comum uma Tradição afirmar que o seu Livro é o único descendente do primeiro Livro das Sombras redigido. Outro ponto de divergência entre as Tradições relaciona-se à hierarquia. Algumas são extremamente hierárquicas, enquanto em outras a hierarquia é inadmissível e tida como tabu.
Algumas Tradições aceitam e incentivam seus membros a praticarem a Bruxaria sozinhos, enquanto em outras é terminantemente proibido a prática mágica de qualquer tipo fora do Coven e sem a supervisão do Sacerdote ou Sacerdotisa.
Isto ocorre porque na Wicca não existem nenhum dogma ou liturgia fixa e na maioria das vezes o único ponto em comum que une as inúmeras Tradições é a crença na Deusa, criadora de tudo e de todos e a supremacia Dela em seus cultos. Talvez seja esta ausência de coesão que tenha conseguido fazer com que a Bruxaria sobrevivesse através dos séculos, depois de tantos massacres, cruzadas e propagandas enganosas. E talvez seja esta mesma falta de coesão que faça tantas pessoas se voltarem às práticas Pagãs, pois a Bruxaria é uma Religião adequada àqueles que sentem que sua forma de contatar o Divino é demasiadamente individual para se adaptar às imposições e dogmas estabelecidos pela maioria das Religiões.
ALGUMAS TRADIÇÕES DA WICCA
Por necessidade, estas definições são gerais, pois cada Bruxo mesmo que faça parte de uma Tradição específica poderia definir seu caminho como sendo diferente.
A TRADIÇÃO 1734: Tipicamente britânica é às vezes uma Tradição eclética baseado nas idéias do poeta Robert Cochrane, um auto-intitulado Bruxo hereditário que se suicidou através da ingestão de uma grande quantidade de beladona. 1734 é usado como um criptograma(caracteres secretos) para o nome da Deusa honrada nesta tradição.
TRADIÇÃO ALEXANDRINA: Uma Tradição popular que começou ao redor da Inglaterra em 1960 e foi fundada por Alex Sanders. A Tradição Alexandrina é muito semelhante à Gardneriana com algumas mudanças menores e emendas. Esta Tradição trabalha à maneira de Alex e Maxine Sanders, que diziam terem sido iniciados por sua avó em 1933. A maioria dos rituais são muito formais e embasados na Magia cerimonial. É também uma tradição polarizada, onde a Sacerdotisa representa o princípio feminino e o Sacerdote o princípio masculino. Os rituais sazonais, na maior parte são baseados na divisão do ano entre o Rei do Azevinho e o Rei do Carvalho e diversos dramas rituais tratam do tema do Deus da Morte/Ressurreição. Como na Tradição Gardneriana a Sacerdotisa é elevada autoridade máxima. Entretanto, os precursores para ambas as Tradições foram homens.
Embora similar a Gardneriana, a Tradição Alexandrina tende a ser mais eclética e liberal. Algumas das regras estritas Gardnerianas, tais como a exigência do nudismo ritual, são opcionais. Alex Sanders intitulou-se a certa altura «Rei das Bruxas», considerando que o grande número de pessoas que tinha iniciado na sua tradição lhe dava esse direito. Nem os seus próprios discípulos o levaram muito a sério, e para a comunidade Pagã no geral esse título foi apenas motivo de troça, quando não de repúdio. Janet e Stewart Farrar são os mais famosos Bruxos que divulgaram largamente a Tradição Alexandrina em suas publicações.
TRADICIONAL BRITÂNICA: Uma Tradição com uma forte estrutura hierárquica e graus. Os Rituais estão centrados na Tradição Céltica e Gardneriana
WICCA CÉLTICA: Uma Tradição muito telúrica, com enfoques na natureza, os elementos e elementais, algumas vezes fadas, plantas, etc. Muitas "Bruxas Verdes" (Green Witches) e Adeptos do Druidismo seguem este caminho, centrado no panteão Céltico antigo e em seus Deuses e Deusas.
TRADIÇÃO CALEDONIANA OU CALEDONNI: Uma tradição que tenta preservar os antigos festivais dos escoceses e às vezes é chamada de Tradição Hecatina.
TRADIÇÃO PICTA: É uma das manifestações da Bruxaria tipicamente escocesa. Na maioria das vezes é uma forma solitária da Arte. Seu enfoque prático é basicamente mágico e possui poucos elementos religiosos e filosóficos.
BRUXARIA CERIMONIAL: Usa a Magia cerimonial para atingir uma conexão mais forte com as divindades e perceber seus propósitos mais altos e suas habilidades. Seus Rituais são freqüentemente derivações da Magia Cabalística e Magia Egípcia. Embora certamente, mas não de forma intencional, este caminho é infestado freqüentemente por egoístas e pessoas inseguras que usam a Magia Cerimonial para duas finalidades:
adquirir tudo aquilo que querem
atingir níveis mais altos para poderem olhar de cima.
Estes atributos não são uma regra em todos os Bruxos Cerimoniais, e há muitos Bruxos sinceros neste caminho.
TRADIÇÃO DIÂNICA: Algumas Bruxas Diânicas só enfocam seus cultos na Deusa, são muito politicamente ativos, e feministas. Outras Bruxas Diânicas simplesmente enfocam seu culto na Deusa como uma forma de compensar os muitos anos de domínio Patriarcal na Terra. Algumas Bruxas Diânicas usam este título para denotar que são “as Filhas de Diana”, a Deusa protetora delas. Há Bruxas Diânicas que são tudo isto, algumas que não são nada disto, e outras que são um misto disto. A Arte Diânica possui duas filiais distintas:
Uma filial fundada no Texas por Morgan McFarland. Que dá a supremacia à Deusa em sua teologia, mas honra o Deus Cornífero como seu Consorte Amado e abençoado. Os membros dos Covens dividem-se entre homens e mulheres. Esta filial é chamada às vezes "OLD DIANIC" (Velha Diânica), e há alguns Covens descendentes desta Tradição, especialmente no Texas. Outros Covens, similares na teologia, mas que não descendem diretamente da linha de McFarland, e que estão espalhados por todo EUA.
A outra filial, chamada às vezes de Feitiçaria Feminista Diânica, focaliza exclusivamente a Deusa e somente mulheres participam de seus Covens e grupos. Geralmente seus rituais são livres e não são hierárquicos, usando a criatividade e o consenso para a realização de seus rituais. São politicamente um grupo feministas. Há uma presença lésbica forte no movimento, embora a maioria de Covens estejam abertos a mulheres de todas as orientações.
TRADIÇÃO GEORGINA: Esta Tradição foi criada por George Patterson, que se auto intitulou como sendo um “Sumo Sacerdote Georgino”. Quando começou o seu próprio Coven, chamou-o de Georgino, já que seu prenome era George. Se há uma palavra que melhor pode descrever a Tradição de George, seria "ECLÉTICA". A Tradição Georgina é um composto de rituais Celtas, Alexandrinos, Gardnerianos e tradicionais. Mesmo que a maior parte do material fornecido aos estudantes sejam Alexandrinos, nunca houve um imperativo para seguir cegamente seu conteúdo. Os boletins de noticias publicados pelo fundador da Tradição estavam sempre cheio de contribuições dos povos de muitas outras Tradições. Parece que a intenção do Sr. Patterson era fornecer uma visão abrangente aos seus discípulos.
ECLETISMO: Um Bruxo eclético é aquele que funde idéias de muitas Tradições ou fontes. Assim Como no caldeirão de uma Bruxa, são somadas elementos para completar a poção que é preparada, assim também são somadas várias informações de várias Tradições para criar um modo mágico de trabalhar. Esta "Tradição" que realmente não é uma Tradição é flexível, mas às vezes carente de fundamento. Geralmente, são criados rituais e Covens de estrutura livre.
TRADIÇÃO DAS FADAS OU FAIRY WICCA: Há várias facções da Tradição das Fadas. Segundo os membros desta Tradição, seus ritos e conhecimentos tiveram origem entre os antigos povos da Europa da Idade do Bronze, que ao migrarem para as colinas e altas montanhas devido às guerras e invasões ficaram conhecidos como Sides, Pictos, Duendes ou Fadas. Uma Bruxa desta Tradição poderia ser ou trabalhar, mas não necessariamente:
1) Com energias da natureza e espíritos da natureza, também conhecidos como fadas, Duendes, etc.
2) Homossexual;
Alguns dos nomes mais famosos desta Tradição são Victor e Cora Anderson, Tom Delong (Gwydion Penderwyn), Starhawk, etc.
TRADIÇÃO GARDNERIANA: Fundada por Gerald Gardner nos anos de 1950 na Inglaterra. Esta tradição contribuiu muito para Arte ser o que é hoje. A estrutura de muitos rituais e trabalhos mágicos em numerosas tradições é originária do trabalho de Gardner. Algumas das reivindicações históricas feitos pelo próprio Gardner e por algumas Bruxas Gardnerianas têm que ainda serem verificadas (e em alguns casos são fortemente contestadas), porém, esta Tradição apoiou muitas Bruxas modernas. Gerald B. Gardner é considerado "o avô" de toda a Neo-Wicca. Foi iniciado em um Coven de NEW FOREST, na Inglaterra em 1939. Em 1951 a última das leis inglesas contra a Bruxaria foi banida (primeiramente devido à pressão de Espiritualistas) e Gardner publicou o famoso livro "WITCHCRAFT TODAY", trazendo uma versão dos rituais e as tradições do Coven pelo qual foi iniciado. Gardnerianismo é uma tradição extremamente hierárquica. A Sacerdotisa e o Sacerdote lideram Coven, e os princípios do amor e da confiança presidem. Os praticantes desta Tradição trabalham "Vestidos de Céu" ( nus ), além de manterem o esquema de Ordem Secreta. Nos EUA e Inglaterra os Gardnerianos são chamados de "Snobs of the Craft" (Esnobes da Arte), pois muitos deles acreditam que são os únicos descendentes diretos do Paganismo purista. Cada Coven Gardneriano é autônomo e é dirigido por uma Sacerdotisa, com a ajuda do Sacerdote, Senhores dos Quadrantes, Mensageiro, etc. Isto mantém o linhagem e cria um número de líderes e de professores experientes para o treinamento dos Iniciandos. A Bíblia Completa das Bruxas (The Witches Bible Complete) escrita por Janet e Stuart Farrar, como também muitos livros escritos por Doreen Valiente têm base nesta Tradição e na Tradição Alexandrina em muitos aspectos.
TRADIÇÃO HECATINA: Uma Tradição de Bruxos que buscam inspiração em Hécate e tentam reconstruir e modernizar os rituais antigos da adoração à esta Deusa. É algumas vezes chamada de Tradição Caledoniana ou Caledonii.
BRUXO HEREDITÁRIO OU TRADIÇÃO FAMILIAR: Um Bruxo que normalmente foi treinado por um ente familiar e/ou pode localizar sua história familiar em outro Bruxo ou Bruxos. Os Bruxos Hereditários, ou Genéticos como gosto de chamar, são pessoas que têm, ou supõem ter, uma ascendência Pagã (mãe, tia, avó são os alvos mais visados). A maioria dos Hereditários não aceitam a infiltração de outras pessoas fora de sua dinastia, porém algumas Tradições Familiares “adotam” alguns membros, escolhidos “à dedo” em seu segmento.
BRUXA DE COZINHA: Uma Bruxa prática que é freqüentemente eclética, enfoca e centra sua magia e espiritualidade ao redor do ' forno e do lar'.
BRUXARIA SATÂNICA: Bruxos não reconhecem Satanás porque “Satã” é um fenômeno puramente Cristão, concebido muito posteriormente ao surgimento do Paganismo. Nenhum verdadeiro Bruxo dir-se-ia Bruxo Satânico. Se você ouvir este termo saia correndo, pode ter certeza de que se trata de um charlatão!
SEAX-WICA OU WICCA SAXÔNICA: Fundada em 1973, pelo autor prolífico, Raymond Buckland que era, naquele momento, um Bruxo Gardneriano. Uma das primeiras tradições precursoras em Bruxos solitários e os auto-iniciados. Estes dois aspectos fizeram dela um caminho popular.
BRUXO SOLITÁRIO: Uma pessoa que pratica a Arte só (mas pode se juntar às festividades de Sabbat em um Coven ou com outros Bruxos Solitários ocasionalmente). Um Bruxo Solitário pode seguir quaisquer das Tradições, ou nenhuma delas. A maioria de Bruxos ecléticos é Solitária.
TRADIÇÃO STREGA: Começou ao redor na Itália em 1353. A história controversa sobre esta Tradição pode ser achada em muitos locais e em muitos livros. Arádia... Gospell of the Witches (Arádia... A Doutrina das Bruxas) é um deles.
TRADIÇÃO TEUTÔNICA OU NÓRDICA: Teutônicos são um grupo de pessoas que falam o norueguês, fosso, islandês, sueco, o inglês e outros dialetos europeus que são considerados “idiomas Germânicos”. Um Bruxo teutônico acha freqüentemente inspiração nos mitos tradicionais e lendas, Deuses e Deusas das áreas onde estes dialetos se originaram.
TRADIÇÃO ASATRÚ: Teve suas origens no Norte da Europa e é uma das facções das Tradições Teutônica e Nórdica. Esta Tradição é praticada hoje por aqueles que sentem uma ligação com os nórdicos e teutônicos e que desejam estudar a filosofia e religiosidade da antiga Escandinávia, através dos Eddas e Runas. Encoraja um senso de responsabilidade e crescimento espiritual, freqüentemente embasados nos conceitos atribuídos aos nobres guerreiros de tempos ancestrais.
TRADIÇÃO ALGARD: Uma americana iniciada nas Tradições Gardneriana e Alexandrina, chamada Mary Nesnick, fundou essa "nova" tradição que reúne ensinamentos de ambas as tradições sob uma única insígnia.
BRUXARIA TRADICIONAL: Todo Bruxo tradicional dará uma definição diferente para este termo. Um Bruxo tradicional é aquele que freqüentemente prefere o título de Bruxo à Wiccaniano e define os dois como caminhos muito diferentes. Um Bruxo tradicional fundamenta seu trabalho mágico em métodos históricos da tradição, religiosidade e geografia de seu país.
TRADIÇÃO GALESA DE GWYDDONAID: Uma Tradição Galesa Céltica da Wicca, que adora o panteão galês de Deuses e Deusas. Gwyddonaid foi quem grosseiramente traduziu a ignóbil obra galesa "Árvore da Bruxa (Tree Witch)" e propagou esta forma de trabalhar magicamente.

Como Surgiu a Wicca?



Wicca é o nome que se dá à bruxaria revivida desde a década de 1950. Mas porque elas são diferentes? Veja bem:
A situação da Igreja até o século XIII era caótica. Facções adversárias lutavam entre si, cada uma digladiando-se em favor de um dogma. Nos numerosos concílios realizados, ora uma das facções impunham sua visão, ora outra. Isso favorecia um desmoralizante “entra-e-sai” de dogmas, o que desacreditava a Igreja.
Foi então criado um instrumento de repressão: o Tribunal de Santa Inquisição que consistia em um corpo investigatório ignorante, brutal e preconceituoso, dirigido pela ordem dos Dominicanos.
Com o tempo, os cristãos perceberam outro uso para seu Tribunal. Ainda persistiam cultos aos deuses antigos, e graças à transformação do Deus de Chifres no Diabo Cristão, os pagãos passaram a serem acusados de delitos absurdos, como o canibalismo, a destruição de lavouras (acusar de tal crime uma Religião dedicada à manutenção da fertilidade das colheitas é, no mínimo, ridículo) e muitos outros. Foi então proclamada, em 1484, a Bula contra os Bruxos, pelo Papa Inocêncio VIII.
Na Era das Fogueiras, os praticantes da Antiga Religião adotaram o único comportamento que lhes possibilitaria a sobrevivência: mantiveram o máximo de discrição e segredo possível. A sabedoria pagã só era passada por tradição oral, e somente entre membros da mesma família ou vizinhos da mesma aldeia.
Como técnica de proteção, os próprios bruxos ajudaram a desacreditar sua imagem, sustentando que a Bruxaria não passava de lenda, ou disseminando idéias de bruxos como figuras cômicas e caricatas, dignas de pena e riso.
Por volta do final do século XVII, a perseguição aos bruxos foi diminuindo gradativamente, estando virtualmente extinta no século XVIII. A Bruxaria parecia, finalmente, ter morrido. Mas os grupos de bruxos ("covens") resistiam escondidos nas sombras. Algo que surgiu nos primórdios da humanidade não morreria assim tão facilmente, como hoje podemos constatar.
O renascimento da bruxaria nos moldes em que conhecemos hoje se deu pela união de vários elementos. O responsável por essa união chama-se Gerald Brusseau Gardner. Gardner era um folclorista inglês que passou a pesquisar o ocultismo britânico. Durante suas pesquisas, conheceu diversas pessoas, entre elas, Aleister Crowley e Old Dorothy Clutterbuck, essa última, membro de um coven em New Forest, o qual Gardner tornou-se membro. Dorothy foi quem iniciou Gardner na Bruxaria.
Mais tarde, Gardner tornou-se membro da Ordo Templis Orientis (O.T. O), uma ordem mágica estruturada por Crowley, e também conheceu membros de diversas outras sociedades secretas, entre eles, os fundadores da Golden Down, que era um coven de magia cerimonial, membros da maçonaria e da Sociedade Rosa-Cruz na Inglaterra.
Com toda essa carga de experiência, Gardner após deixar o coven de New Forest decidiu fundar seu próprio coven, este porém com características próprias: ele reuniu elementos da magia cerimonial, da maçonaria e de outras fontes para criar os rituais que hoje compõem a Wicca. A única coisa que ainda não está claro é quem deu o nome de Wicca à Wicca.
Assim,como a bruxaria tradicional, a Wicca era praticada em segredo, isso porque nessa época, por volta de 1940, ainda vigorava na Inglaterra a Lei de Caça às Bruxas, que condenava as pessoas acusadas de bruxaria a morrerem queimadas na fogueira. Essa lei só foi revogada na década de 50, quando os praticantes da bruxaria passaram a mostrar que a Arte continuava tão viva quanto antes através de grande quantidade de livros publicados sobre o assunto.
A partir de então, a Wicca começou a se espalhar, membros do coven de Gardner, deixaram o grupo para fundar seus próprios covens, com algumas características novas e foram dando origem às chamadas Tradições, sobre as quais eu falarei mais tarde.

Diferenças entre Wicca, paganismo e bruxaria



Eis um problema com o qual até os praticantes mais inexperientes se defrontam: qual a diferença entre um e outro? Por exemplo, quando as pessoas me perguntam que religião eu pratico, geralmente digo que sou pagã e Wiccana. É mais ou menos assim:
Como pagã eu honro e reverencio a Terra e as forças da vida na natureza à minha volta. Como Wiccana, eu faço tudo isso e também faço magia — usando às vezes as forças naturais em meus encantamentos.
O paganismo engloba várias religiões e filosofias de vida que respeitam e divinizam a natureza. Entre elas podemos citar: a Wicca, o Helenismo, o Druidismo, o Dianismo, o Asatrú, ou Paganismo Nórdico; o Khemetic e o mais conhecido, o xamanismo. Portanto, no caso da Wicca, podemos dizer que todo Wiccano é também um pagão, porém, nem todo pagão é um Wiccano.
O mesmo pode ser aplicado em relação à bruxaria. Todo Wiccano é um bruxo, porém, nem todo bruxo é Wiccano. A bruxaria não é utilizada apenas pelos Wiccanos. Muitas das religiões pagãs que mencionei acima utilizam práticas mágicas, porém nem todos os bruxos seguem necessariamente essas religiões. Alguns são bruxos tradicionais, que eu explicarei mais tarde os detalhes.

O Que é a Wicca?


A Wicca é uma das muitas religiões pagãs que existem no Brasil e no Mundo. É uma religião que mistura magia com práticas de meditação. A Wicca é definida pela Pagan Federation como um "caminho iniciático, uma religião de mistérios que guia os seus iniciados a uma profunda comunhão com os poderes da Natureza e da psique humana, conduzindo a uma transformação do indivíduo".
O termo "Wicca" deriva de witch (bruxa), ou wicce, na língua anglo-saxã. É uma religião baseada no respeito à Natureza e no culto aos Deuses Antigos. Os wiccanos cultuam os ritos baseados no ciclo da terra e nas estações; buscam harmonizar-se com a Natureza e com os antigos Deuses (religião = religare , religar).
Em geral, na Wicca não existem sacerdotes que detém o poder de contato com o divino. Qualquer praticante pode entrar em contato direto com a divindade. Por isso o fato de que a Wicca é uma religião que pode ser praticada tanto solitariamente como em grupos, chamados covens.
Não há, como jamais haverá, uma forma "pura", "verdadeira" ou "genuína" de Wicca. Não existem agências governamentais centrais, líderes físicos, profetas ou mensageiros universalmente reconhecidos. Apesar de certamente existirem formas específicas e estruturadas de Wicca, elas nem sempre concordam no que diz respeito a rituais, simbolismo ou teologia. Devido a esse individualismo saudável, nenhum sistema ritual ou filosófico surgiu para consumir os demais.
A Wicca é diversificada e multifacetada. Como em todas as religiões, a experiência ritual Wiccana é compartilhada com a deidade apenas.
Atualmente, um número crescente de pessoas anda insatisfeito com a estrutura das religiões tradicionais. Muitos buscam uma religião de apelo pessoal, uma que celebre tanto a realidade física como a espiritual, na qual a sintonia com a deidade seja complementada pela prática da magia.
A Wicca é exatamente assim, centrada em torno da reverência à Natureza na forma da Deusa e do Deus. Suas antigas raízes espirituais, a aceitação da magia e de sua natureza misteriosa torna-na especialmente atraente.
O ideal Wiccano de moralidade é simples: faça o que desejar, desde que não prejudique ninguém. Esta regra contém outra condição, não escrita: não faça nada que lhe prejudique. Assim, se como um Wicca você abusar de seu organismo, negando-lhe suas necessidades vitais ou ainda ferindo a si mesmo, você estará violando este princípio.
Não é apenas uma questão de sobrevivência; isto assegura que você estará em boas condições para assumir a tarefa de preservar e melhorar nosso mundo, pois o cuidado e o amor por nosso planeta é parte vital da Wicca.
A Wicca é uma religião que utiliza magia. Esta é uma de suas características mais distintas e atraentes. Magia religiosa? Isso não é tão estranho quanto pode parecer. Os sacerdotes católicos utilizam "magia" para transformar um pedaço de pão no corpo de um "salvador" há muito falecido. A oração - instrumento comum a muitas religiões - é simplesmente uma forma de comunicação com o Divino. Se a concentração for ampliada, energias passam a ser enviadas com os pensamentos que farão com que, com o tempo, a prece se torne realidade. As preces são uma forma de magia.
A magia é a prática de utilizar energias naturais (ainda que pouco compreendidas) para efetuar mudanças necessárias. Na Wicca, a magia é utilizada como um instrumento para consagrar áreas rituais, melhorarmos a nós mesmos e o mundo no qual vivemos.
Muitas pessoas confundem a Wicca e a magia, como se essas duas palavras tivessem o mesmo sentido. Wicca é uma religião que envolve magia. Se deseja apenas praticar magia, provavelmente a Wicca não é o melhor caminho para você.
Outro ponto fundamental: a magia não é um meio de forçar a natureza a fazer aquilo que deseja. Esta é uma noção completamente equivocada, gerada pela crença de que a magia é algo de certo modo sobrenatural, como se algo que existe pudesse estar de fora da natureza. Magia é natural. É um movimento harmonioso de energias que origina mudanças necessárias. Se deseja praticar magia, deve antes abandonar todas as noções de que ela seria paranormal ou sobrenatural.
A maioria dos Wiccanos não acredita na predestinação. Apesar de honrarmos e reverenciarmos a Deusa e o Deus, sabemos que somos almas livres com total controle e responsabilidade sobre nossas vidas. Não podemos apontar para uma imagem de um deus maligno (...), e culpá-lo por todos os nossos defeitos e fraquezas. Não podemos culpar o destino. A cada segundo de cada dia estamos moldando nossos futuros, criando os cursos de nossas vidas. Uma vez que um Wiccano assume total responsabilidade por tudo o que tenha feito (nesta e em vidas passadas) e determina que as ações futuras estarão de acordo com ideais e objetivos mais elevados, a magia florescerá e a vida será plena de prazer.
Esta talvez seja a essência da Wicca - é uma união prazerosa com a natureza. A terra é uma manifestação da energia divina. Os templos da Wicca são os campos salpicados de flores, as florestas, as praias e os desertos. Quando um Wiccano está ao ar livre, ele (ou ela) está, na verdade, envolto pela santidade, assim como um cristão quando entra em uma igreja ou em uma catedral.
Além disso, toda a natureza está sempre cantando para nós, revelando Seus segredos. Os Wiccanos ouvem a Terra. Eles não ignoram as lições que Ela está desesperadamente nos tentando ensinar. Quando perdemos contato com nosso amado planeta, perdemos o contato com o Divino.
Estes são alguns dos princípios básicos da Wicca. Eles formam a Wicca; os rituais e os mitos são secundários a estes ideais, e servem para celebrá-los.
É impossível ajustar meu pé dentro da pegada de alguém na areia. Não existe um modo único e correto na Wicca; tal pensamento pertence às religiões monoteísticas que em sua maioria se tornaram instituições políticas e mercantis. Os Wiccanos não são tão radicais. Presumir que uma dada religião é o único caminho para se acessar o Divino é talvez a maior das vaidades humanas. Tais crenças causaram incalculáveis derramamentos de sangue e o surgimento do odioso conceito das guerras santas.
A base de tal erro parece ser o conceito de um ser incorrupto, puro e positivo - Deus. Se essa deidade é a soma de todo o bem, seus seguidores acreditam que também deva haver um ser correspondente negativo. Temos, assim, Satã.
A Wicca não corrobora com tais idéias. Reconhecemos os aspectos obscuros da Deusa e do Deus do mesmo modo como reconhecemos os claros. Tudo na natureza é composto de opostos, e esta polaridade reside também em nós mesmos. As mais obscuras características humanas, assim como as mais brilhantes, estão guardadas em nossos inconscientes. Somente nossa capacidade de superar os desejos destrutivos, canalizando tais energias para pensamentos e atos positivos, é capaz de nos separar dos assassinos em massa e dos sociopatas.

O que é Bruxaria





O termo Bruxaria, é um termo cujo entendimento é dos mais variados e que poderíamos definir como o conjunto de práticas voltadas para a interação do ser humano com as forças naturais com o intuito principal de buscar um bem estar tanto físico (práticas curativas) como espiritual (práticas ritualísticas).
A Bruxaria é em si, o olhar mágico nascido nos primórdios da humanidade. Humanidade esta que desenvolveu este olhar em vários cantos do mundo. É surpreendente de ver, como povos tão diferentes sem nenhum tipo de comunicação conseguiram desenvolver práticas comuns. A bruxaria não foi uma prática exclusiva da Europa medieval, embora tenha sido lá que ela tomou a forma que conhecemos hoje. Mas a bruxaria não é só ela. A bruxaria européia medieval é apenas uma das formas que a bruxaria se desenvolveu. Em outros lugares em diversas épocas houve bruxos e bruxas, das mais diversas formas, com práticas próprias e outras mais comuns, mas devemos ter cuidado para não cair no lugar-comum de atribuir à bruxaria à tempos pré-históricos. As práticas dos nossos ancestrais mais antigos estão inseridas em um contexto diferente, eles foram os primeiros a construir as primeiras formas de religiosidade.
A bruxaria desde os primórdios, considerada uma religião da natureza é uma crença que antecede o cristianismo, e não se opõe em momento algum aos ensinamentos de Jesus. No entanto tornou-se uma visão lúgubre e ameaçadora no conceito da Igreja Romana na Idade Média, predominando na Europa durante séculos, trazendo para a vida do ser humano, grandes conseqüências, como a morte de centenas de milhares de pessoas, o que se transformou numa verdadeira histeria religiosa.
A bruxaria com suas práticas pagãs, folclore e a crença nos poderes da magia é muito arraigada entre os europeus, a mulher representava a base fundamental da fertilidade, o corpo feminino era reverenciado como foco de força divina; doadora da vida. Por isso o Culto a Deusa-Mãe, aos mistérios da procriação e o respeito ao feminino.
De acordo com explicação de Joseph Campbell: "Não resta dúvida de que nas épocas mais remotas da História do Homem a força mágica e misteriosa da Fêmea era tão maravilhosa quanto o próprio Universo; e isto atribui à mulher um poder prodigioso, poder este que tem sido uma das principais preocupações da parte masculina da população — como quebrá-lo, controlá-lo e usá-lo para seus próprios fins".
As conseqüências dessa ruptura primordial na relação entre homem e mulher viriam a ter um papel nas mitologias de "diversas culturas"; em termos práticos contribuiu para o surgimento de devastadoras turbulências sociais, tal como a Grande Perseguição às Bruxas na Europa Medieval.
Tempos longínquos, mas muito marcantes... e são esses fatos que são relembrados com curiosidade pela humanidade.





O Surgimento da Bruxaria Européia




A partir da criação da Igreja Católica Apostólica Romana, o poder vigente tratou que converter toda a população sobre sua tutela à nova religião.
A partir de um decreto do Papa Gregório, os cristãos passaram a erigir igrejas nos lugares sagrados da Antiga Religião(um exemplo disso é que no local onde hoje se encontra a praça de São Pedro, no Vaticano, havia um templo dedicado à Deusa Diana que foi destruído para dar lugar à atual basílica de São Pedro). Os Deuses pagãos foram sendo transformados em santos cristãos (um exemplo é Santa Brígida, da Irlanda, na verdade a Deusa Bhríd, protetora do fogo e dos partos).
Quando os cristãos se deram conta da importância da Deusa-Mãe para as pessoas, aumentaram a importância da Virgem Maria no culto cristão. Mitos e práticas pagãs foram, sistematicamente, absorvidas, distorcidas e transformadas em ritos cristãos.
O maior exemplo de sincronismo entre costumes pagãos e cristãos é o cristianismo irlandês, que ainda hoje conserva hábitos célticos mesclados a liturgias cristãs. Os padres tinham a seu favor o tempo, o poder e a força. Os pagãos tinham que lutar sozinhos contra a profanação de seus templos, crenças e costumes.
Desta maneira, o povo simples dos campos foi acostumando-se à nova religião, e gradualmente, foi sendo convertido. Mas os sacerdotes restantes da Antiga Religião não se renderam à nova ordem. Juntamente com pessoas ainda fiéis às antigas crenças, mantiveram o culto ao Deus de Chifres e à Deusa Mãe.
As crenças pagãs, enfatizando a adoração aos Deuses e a realização dos festivais de fertilidade, foram se misturando à magia popular (conjunto de feitiços feitos com uso de ervas, bonecos, dentre outros meios), originando aí a Bruxaria Européia.
A natureza dos Deuses pagãos é completamente diferente da do todo - poderoso “senhor da bondade” dos cristãos. Enquanto os Deuses Pagãos são quase “humanos”, pois têm características tanto “boas” quanto “más”, a teologia cristã já pressupunha a existência de um antagonista ao seu Jeová, um Inimigo (o “Satan” hebraico do Antigo Testamento e o “diabolos” do Novo).
Ele ainda não possuía forma definida e, quando era representado, o era em forma de serpente, como a que persuadiu Adão a comer a fruta da Árvore da Sabedoria. Astutamente, os teólogos cristãos transformaram então o Deus de Chifres dos pagãos, na personificação do Mal, do Inimigo, do seu Satã (notadamente os deuses agropastoris como Pã e Sileno, dotados de cascos de bode e pequenos chifres). Com isto os cristãos conseguiram iniciar um clima de terror e medo em relação aos praticantes da Antiga Religião, o que forçou os pagãos a praticarem seus ritos em segredo. Mas a Era mais triste da Antiga Religião ainda estava por vir, o que foi denominado a Era das Fogueiras.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

O que é paganismo ?





Em todas as Eras tem havido mulheres e homens cujas almas têm sido profundamente tocadas pela Natureza, pessoas para as quais as Estrelas falam do seu gracioso silêncio, para as quais a Lua não é só um corpo celeste, para as quais as plantas e os densos bosques são como as catedrais da alma. Pessoas que amam e respeitam a Natureza, tirando partido dela sem a destruir, pessoas que acreditam que homens e mulheres têm os mesmos direitos e se respeitam. Estes são os Pagãos.
O Paganismo é uma forma de vida e é uma religião que tem as suas raízes na pureza da infinita variedade da Natureza, venerando a Divindade Feminina e o seu sagrado Masculino em todos seus aspectos. Um ser humano não se concebe só por um ser, é preciso o lado feminino e o masculino para a criação, ninguém nasce do nada, por isso quem nasce com o sentido Pagão nasce amando naturalmente a Deusa e o Deus seu consorte.
Os Pagãos respeitam todas as pessoas e todas as formas de vida como parte de um Todo sagrado. Cada mulher e cada homem é para um Pagão, um lindo e único ser. As crianças são amadas e honradas. Os bosques, as florestas e as clareiras são o lar dos animais selvagens e das aves, que são tratadas com respeito e carinho.
O Paganismo acentua a experiência religiosa pessoal. Nós procuramos a união espiritual com a Divindade através da harmonização com as correntes da Natureza e pela exploração do nosso próprio interior. Os nossos Ritos ajudam-nos a harmonizar com os ciclos naturais das mudanças das estações e a compreende-los, por isso ocorrem nos Equinócios, Solstícios e nas fases da Lua e do Sol.
Podem-se encontrar uma grande variedade de Tradições dentro do nosso largo espectro e isto reflete a variedade da nossa experiência espiritual. Todo o Pagão é Politeísta por natureza; alguns veneram Deuses e Deusas, enquanto que outros concentram-se numa Força Vital, e outros ainda são devotos de um casal cósmico - Deusa e Deus.
Nós celebramos nossas Divindades, e acreditamos que cada pessoa deve encontrar o seu lar espiritual de acordo com os ditames da tranquila voz interior da sua própria alma. Também por esta razão nós respeitamos todas as religiões sinceras, e não profetizamos nem procuramos convertidos. Das outras fés e da sociedade em geral, nós só pedimos tolerância.

Fonte: Pagan Federation