"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)

terça-feira, 29 de maio de 2007

A Wicca e o Divino Feminino



Por Erynn Dé Dannán



A maioria das pessoas quando conhecem a Wicca acabam estranhando a idéia de cultuarmos uma Deusa. Alguns acham que fazemos isso apenas para chamarmos a atenção, outras vêem isso como um sinônimo de rebeldia contra o cristianismo e um símbolo da luta feminista.
O fato é que a nossa religião apenas retoma uma prática comum das primeiras sociedades se organizarem no nosso planeta e que foi esquecida pela nossa sociedade atual: a espiritualidade matrifocal. Você quer dizer, matriarcal? Não, é matrifocal.
Como diz essa palavrinha, o foco espiritual está no feminino, e não no masculino. Eu poderia passar horas falando desse assunto numa abordagem histórica, porém não é esse o meu objetivo, basta saber que algumas das primeiras civilizações antigas, por exemplo, a civilização creto-micênica (é aquela mesma do rei Minos e da lenda do Minotauro) eram matrifocais.
As antigas tribos antes de ter conhecimento da participação do homem na concepção humana reverenciavam o sexo feminino como provedor da vida, pois é da mulher que nasce um novo ser, é das fêmeas que nascem os filhotes. Portanto a mulher era vista como detentora de mistérios e poderes incríveis e era divinizada como símbolo de fertilidade. Porém isso não significava que as mulheres detinham o poder político nas tribos, apenas constatava-se que ela era respeitada (não temida) e independente, ou seja, não necessitavam da autorização de nenhum membro masculino da família para fazer o que queria.
Com o passar do tempo o homem tomou conhecimento de sua participação na concepção e da relativa força que possuía em relação às mulheres. Mudou a forma de organização da sua tribo e mudou o foco da sua espiritualidade: era o patriarcalismo, ou patriarcado. Você não quer dizer patrifocal? Não, é partiarcal, porque tanto a espiritualidade quanto o poder político e social estava em poder dos homens. As mulheres passaram a ser submissas aos homens, ou seja, perderam a independência e o respeito de que gozavam.
Quero deixar bem claro que não somos feministas nem queremos partir para discursos feministas. O que estamos fazendo é explicar um fato, algo que aconteceu há muito tempo e que não foi invenção da nossa cabeça. É simplesmente História. O patriarcalismo dura até hoje e está fortemente aliada à religião.
Algumas pessoas estão atualmente tão decepcionadas com essa cultura patriarcal, que quando resolvem abandonar sua religião de origem e partem para uma pesquisa a respeito de religiões alternativas, acabam se deparando com a Wicca e vêem nisso uma novidade, algo diferente. Eu sei porque isso aconteceu comigo. Porém eu tive maturidade suficiente para levar a sério e perceber que este era o melhor caminho que eu poderia encontrar. A Wicca tem o foco no feminino, embora não despreze o masculino. Essa é uma tentativa de resgatar as nossas antigas raízes espirituais, nós vemos o feminino como a energia criadora e doadora da vida, pois assim é na natureza. Temos a percepção de que o feminino e o masculino devem conviver em equilíbrio e não um sobrepondo o outro. Para nós essa é a palavra de ordem "equilíbrio". É algo que vemos como um ponto que pode melhorar o mundo em que vivemos e por isso o respeitamos.
Nossa espiritualidade, nossos panteões reúnem os mais diversos deuses e deusas que existem nas mais diferentes culturas possíveis do mundo. Elas são manifestações diferentes da mesma energia criadora, chamadas genericamente por Deus e Deusa.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi Erynn,
Muito, muito bom seu blog; serio, bem explicado, bem fundamentado, eótimo até para os que não conhecem Bruxaria, a Wicca e o paganismo, pois está tudo colocado de forma amena, o que torna o texto atraente, e desperta na gente a vontade ler tudo, e aprender cm ele.
Continue a espalhar o conhecimento, do seu jeitinho, para nós, para todos.
Bençãos da Deusa!

Anônimo disse...

Adorei teu blog, vou colocar o link no meu, ok?
Abencoada sejas

Lilian Bobsin
http://wiccaportoalegre.blogspot.com

Daniel disse...

Olha só,eu acabei de aprender com mais uma bruxinha chique hj,e no caso é vc mesma...
É claro que só estou lembrando do que já li,mas ainda sim,estou aprendendo mais hj,ainda mais que estou perto de um esbath.De repente me sinto estranhamente com vontade de fazer um ritual...
agradeço-te!!!!!!!!
Blessed be!!!