"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)

domingo, 19 de agosto de 2007

13. PROCURAMOS CONSEGUIR, POR MEIO DA NATUREZA, AQUILO QUE CONTRIBUI COM A NOSSA SAÚDE E BEM ESTAR.

"Sem nos prendermos a tradições de outros tempos e de outras culturas, não devemos lealdade a nenhuma pessoa ou poder maior que a Divindade que se manifesta por meio do nosso próprio ser. Acolhemos e respeitamos todos os ensinamentoset tradições que apóiem a vida. Procuramos aprender com tudo e compartilhar tudo o que aprendemos."

Não somos mesquinhos a ponto de acreditar que nosso conhecimento deva ser guardado apenas para nós mesmos. Porém sabemos que o conhecimento que possuímos, se utilizado de forma errada pode causar danos em pessoas inocentes, por isso só transmitimos o nosso conhecimento a pessoas devidamente preparadas.

"A coisa principal da vida não é o conhecimento, mas o uso que se faz dele" (A essência do Talmude).

12. NÃO ACEITAMOS O CONCEITO DE "MAL ABSOLUTO..."

"...nem cultuamos nenhuma entidade conhecida como "Satanás" , "Demônio" ou "Diabo", tal como é definida pela tradição cristã. Não desejamos poder à custa do sofrimento dos outros nem aceitamos a idéia de que é possível levar vantagem passando os outros para trás."

Entendemos que "bem" e "mal" são dois atributos de um mesmo ser. Sabemos que não existe nada no mundo que seja bom ou mal em essência. Sendo humanos, entendemos que não somos perfeitos e não negamos a nossa Sombra, nem sentimos culpa por possuí-los, apenas tentamos compreender que elas fazem parte da nossa personalidade. A cultura ocidental define tudo através desse conceito, por isso, considera trevas, sombra, raiva, como coisas essencialmente ruins e erradas, enquanto que a luz, o dia, a bondade como coisas essencialmente boas e certas. E conseguem manter esse padrão de pensamento através da culpa.
"O que nos faz ter tanta dificuldade com o trabalho com a sombra é justamente o arquétipo cristão: ser sempre bom, só fazer o bem, nunca agredir ninguém, nunca se irar... A doutrina cristã é a escravidão da doutrina da culpa. (...) Quantas vezes nos sentimos culpados por mil coisas, ficamos inventando maneiras de expiar essa culpa, "pagar nossos pecados"... Quantas vezes carregamos as culpas do mundo, de nossos pais, nossos políticos, por exemplo"( Mavésper).


Lei Tríplice: castigo ou aprendizado?
Erynn Dé Dannán

É comum que as pessoas que estão conhecendo a Wicca, vejam a Lei tríplice como uma forma de castigo e recompensa. Eu mesma no início do meu aprendizado pensava assim. A frase "Tudo o que você faz para o bem e para o mal, retorna para você." Passa a idéia, num primeiro momento, de que se você fizer o bem será recompensado e se fizer o mal será castigado. Será que é isso mesmo?
Isso acontece porque elas ainda estão presas à cultura judaico-cristã que foram criadas, e quando digo isso, não estou me referindo necessariamente à religiosidade ligada a ela, mas sim à cultura ocidental, que faz parte da vida da maioria das pessoas, independentemente da religião. Um exemplo disso é que a nossa sociedade é regida por "leis não escritas", mas que são respeitadas por estarem implícitas, e quando você as desrespeita, é punido, seja pela exclusão de um determinado grupo, seja pela perda da sua liberdade.
Mas a Lei tríplice é mais do que isso, ela é uma forma de aprendizado. As pessoas acreditam que fazer o bem é fazer algo bom, e fazer o mal, é fazer algo ruim. Mas não é exatamente assim que funciona? Não é a mesma coisa?
Preste atenção:
BEM 1: s.m. Aquilo que é conforme a moral.
BEM 2: adv. De modo bom e conveniente.
BOM: adj. Que cumpre rigorosamente os seus deveres.
MAL: s.m. Tudo o que se opõe ao bem, tudo que o prejudica, fere ou incomoda, tudo que se desvia do que é honesto e moral. Castigo, punição, expiação. Tormento, mágoa e sofrimento. Inconveniente.
RUIM: s.m. Destituído de mérito. Que não serve para nada; que não tem valor. Corrupto, estragado, podre. Inferior. Nocivo, pernicioso. Perverso.
Fonte: Dicionário Brasileiro; Mirador Internacional (Enciclopédia Britânica).
Assim é que se define bem e mal bom e ruim, na cultura ocidental. É visto como uma dualidade absoluta. Bem é bem, mal é mal, não se discute e ponto final. Porém a visão pagã é mais abrangente e relativa.
Às vezes, queremos ajudar uma pessoa querida que esteja com um problema, e acabamos fazendo coisas sem seu conhecimento. Crente que estamos a ajudamos acabamos piorando ainda mais a situação e essa pessoa acaba brigando com a gente. Isto não é fazer o bem. Isto é fazer o mal. Mas não significa que seremos punidos por isso, significa que com essa situação, aprendemos uma coisa nova: quando interferimos na vida de uma pessoa sem a sua devida autorização, estamos tirando a autonomia sobre a sua própria vida, acabamos escolhendo por ela, e isso é algo ruim. Na verdade, temos que ter cuidado com tudo o que fazemos, devemos pensar sempre duas vezes, pois a responsabilidade do resultado é sempre nossa. Mesmo querendo ajudar, somos nós que estamos tomando uma atitude no lugar de outra pessoa.
É para isso que serve os erros: para aprendermos com ele. Este é o verdadeiro significado da lei tríplice. Você pode fazer o que quiser, mas lembre-se que quando fizer, PRECISA ASSUMIR SUA PARCELA DE RESPONSABILIDADE. Isso não significa que você precisa passar a vida toda sendo bonzinho, ou deixando de fazer algo que os outros achem errado, desde que esteja pronto para assumir sua parte!!! Fazer coisas erradas, ruins, maldosas, ou boas e corretas faz parte da natureza humana. O bem e o mal é algo relativo. Depende da situação de cada um. Estas ações são necessárias para que possamos aprender a lidar e compreender o equilíbrio da vida. Não existe bem sem o mal, assim como não existe masculino sem o feminino, e vice-versa. Eles se complementam, se equilibram, são duas faces da mesma energia. E estão aí para aprendermos com ela!

11. NÃO NOS SENTIMOS AMEAÇADOS PELOS DEBATES SOBRE A HISTÓRIA DA BRUXARIA, AS ORIGENS DOS VÁRIOS TERMOS OU A LEGITIMIDADE DOS VÁRIOS ASPECTOS DAS DIFE

"Estamos mais preocupados com nosso presente e com nosso futuro, conscientes de que passado, presente e futuro são uma questão de percepção individual."

Dentro de nossa própria religião existem pessoas que pensam de formas diferentes. Pessoas que celebram os Deuses de formas diferentes, que adotam posturas diferentes e respeitamos isso. Mas isso não significa que elas têm o direito de reivindicar para si uma legitimidade maior em detrimento a outras tradições que ela não possui.

10. SÓ CONTESTAMOS O CRISTIANISMO OU QUALQUER RELIGIÃO OU FILOSOFIA DE VIDA...

"...na medida em que essas instituições reivindicam para si o título de "única verdade e único caminho", impedindo que as pessoas sejam livres e reprimindo outros tipos de práticas e crenças religiosas".

Não acreditamos em verdades absolutas e inquestionáveis, não temos o conservadorismo por filosofia. Entendemos que cada pessoa é livre para se relacionar com a divindade da maneira que melhor lhe convier. Não forçamos os neófitos a seguirem regras rígidas, embora concentramos nossa crença em características gerais comumente aceita por todos.
"Existe um caminho mais adequado a você como indivíduo, mas ninguém pode tentar sobrepor sua escolha pessoal aos outros. Tentar fazê-lo, menosprezando o que outros escolheram, é profundamente anti-pagão"(Mavésper).

9. RECONHECEMOS A IMPORTÂNCIA DA AFIRMAÇÃO E DA REALIZAÇÃO DA VIDA.

"Acreditamos que seja esse o primeiro princípio, como parte de um continum de evolução e de desenvolvimento da consciência, que dá verdadeiro sentido ao Universo tal como o conhecemos e ao papel que cada um de nós desempenha nesse Universo".

E esse é um dos motivos pelo qual não realizamos sacrifícios humanos tal qual a mídia insiste em erroneamente divulgar. Isso só serve para aumentar ainda mais o preconceito e a intolerância a respeito de nossa religião. Respeitamos a vida, pois ela é sagrada em todos os sentidos, seja de seres humanos, animais e plantas.
Mas também reconhecemos a importância da morte no ciclo vital do Universo. Os Deuses são vida e também são morte.
"Todos nós vivemos a morte todos os dias. Imaginem quantas células do seu corpo morrem a cada dia... Imaginem quantos seres morrem perto de você (de microorganismos aos vegetais e animais que você usa para se alimentar) a cada semana(...). As mulheres vivem uma importante morte todos os meses: a menstruação, aquele sangue que é sagrado porque era uma vida em potencial, sendo o sangramento uma pequena morte"(Mavésper Cy Ceridwen).

8. AUTO-INTITULAR-SE BRUXO NÃO FAZ DE NINGUÉM UM BRUXO.

"Nem tampouco a hereditariedade ou uma coleção de títulos, graduações e iniciações. O bruxo busca controlar forças dentro dele que lhe possibilitem viver bem e com sabedoria, em harmonia com a Natureza e sem prejudicar quem quer que seja".

Com a popularização da bruxaria, e da Wicca, muitos são aqueles que reivindicam para si esse título e saem por aí fazendo anúncios de feitiços amorosos e outros. Não acredite em tudo o que ouve, pois um Wiccano jamais usaria os seus dons para ganhar dinheiro desta maneira é algo altamente desencorajado entre a nossa comunidade a não ser em casos particulares. Isso não significa que um Wiccano não possa oferecer consultas com oráculos em feiras e encontros, mas geralmente não são cobrados nada nesses casos. Muitas vezes encontramos bruxos oferecendo cursos, e outros serviços. Em geral utilizamos desse recurso para conseguir, por exemplo, fundos para adquirir uma sede para associação, doações voluntárias, oferecimento de círculos de leitura e reuniões geralmente isso é feito entre os próprios associados. Sabemos que hoje é necessário dinheiro para essas coisas e não criticamos isso.

7. ACHAMOS QUE A RELIGIÃO, A MAGIA E A EXPERIÊNCIA DE VIDA CONSTITUEM UM TODO QUE DETERMINA A MANEIRA COMO A PESSOA VÊ O MUNDO E VIVE DENTRO DELE

"Essa é a nossa visão de mundo e filosofia de vida, às quais identificamos como Bruxaria ou Caminho Wiccano".

Ser bruxa ou bruxo é viver magicamente 24 horas por dia e sete dias por semana. E o que é viver magicamente? Viver magicamente é descobrir, manter, cultivar e usar o nosso poder pessoal. É se dar conta de que a magia é parte de mim parte da minha vida, não há como separar uma coisa da outra. Eu não pratico apenas a Wicca, eu vivo a wicca. Ela está nas minhas atitudes do dia-a-dia, na maneira como eu me expresso, nas palavras que digo nas minhas idéias, na maneira como eu trato o meu lixo, quando estou cozinhando... isso é a nossa religião, é vivê-la no dia-a-dia, não somente nos dia que há rituais ou reuniões.

6. NÃO RECONHECEMOS NENHUM TIPO DE HIERARQUIA AUTORITÁRIA.

"No entanto, temos consideração por aqueles que ensinam, respeitando os que compartilham um conhecimento e sabedoria superiores, e reconhecemos aqueles que corajosamente, dispõe-se a assumir posições de liderança".

Na Wicca, todo Wiccano é um sacerdote ou sacerdotisa da Deusa. Não há uma casta que detém o conhecimento e passa para os outros. Assim que um Wiccano é iniciado ele se torna um sacerdote, o que vai diferenciá-lo é o grau de conhecimento que ele detém na Arte. Isso não significa que ele tenha privilégios especiais, mas como a nossa religião é totalmente prática, esse conhecimento que se adquire é muito útil e pode ser passado para os neófitos. Também não é uma questão de idade. Não importa quantos anos a pessoa tenha, mas quanto conhecimento prático da religião ela possui.
Citando novamente Mavésper:
"Embora o modo de exercer nosso Sacerdócio da Terra não implique renúncias a prazeres, celibatos ou votos de pobreza ou abstinência, temos em comum com sacerdotes de outras religiões o seguinte: nossa alma anseia pelo contato íntimo e direto com a Divindade Criadora e nos oferecemos, voluntariamente, para realizar, em concreto, esse contato no mundo, em nossas vidas diárias".
Num sistema religioso que não possui uma hierarquia rígida e dogmática, agradecemos àquelas pessoas que tomam a iniciativa de colocar na liderança de algum modo, pois sabemos quanta responsabilidade e dedicação essa postura exige. É por isso que pessoas assim são respeitadas principalmente porque compreendemos o quanto já conseguimos avançar em termos de organização e busca de direitas, sabemos que sem essas pessoas talvez as coisas não estivessem tão bem. Há muita coisa por se fazer ainda e caminho é longo.

5. RECONHECEMOS A EXISTÊNCIA TANTO DOS MUNDOS EXTERIORES QUANTO DOS INTERIORES OU PSICOLÓGICOS.

"Os mundos interiores são às vezes conhecidos como Mundo Espiritual, Inconsciente Coletivo, Planos Interiores, etc. Consideramos a interação entre as dimensões exterior e interior como base dos fenômenos "paranormais" e dos exercícios mágicos. Não damos mais valor a uma dimensão do que a outra, pois sabemos que ambas são necessárias para a nossa realização".
Quando se realiza uma prece, ou se faz um pedido a um santo, se sabe que apenas isso não fará com que o pedido seja atendido. Quando se pede um emprego a um santo, ele não o atenderá se você passar o dia todo em casa esperando que uma vaga caia do céu. Você precisa procurar.
Com a magia, funciona da mesma forma. Faz-se um feitiço de forma física, materializando o seu pedido e junta a isso não só a sua fé, mas a ação que pode levar a esse feitiço dar certo. Faz-se um feitiço para conseguir emprego e sai a procurar. Isso é trabalhar com os dois planos, o físico e o imaterial. Sem isso o feitiço, ou milagre no caso dos cristãos, não funciona!

4. DO NOSSO PONTO DE VISTA, O PODER CURATIVO DO UNIVERSO SE MANIFESTA POR MEIO DA POLARIDADE — COMO MASCULINO E FEMININO E ESTÁ VIVO EM TODAS AS PESSO

"Acreditamos que esse poder seja ativado com a interação entre o masculino e o feminino. Damos igual importância a ambos, pois sabemos que eles se complementam. Valorizamos a sexualidade pelo prazer que ela proporciona e por ser símbolo e a corporização da vida".

Em nossa religião cultuamos uma Deusa, e em muitos casos, a Wicca é chamada de "religião feminista" pois erroneamente as pessoas atribuem isso como uma forma de compensar os muitos séculos em se cultuavam apenas deuses masculinos, que acabavam por oprimir as mulheres. De fato, religiões como a Wicca ganharam grande popularidade devido a movimentos feministas, mas isso não significa que ela também o seja. Se você não se lembra a Wicca cultua as duas polaridades do UNO, o masculino e o feminino.
Isso se mostra no mito de Lilith:
A ancestral lenda hebraica sobre Lilith conta que ela teria sido criada antes de Eva, para ser a companheira do homem no Jardim do Éden. Dizem as lendas que Lilith rejeitou Adão, o primeiro homem, quando ele tentou forçá-la a ocupar uma posição submissa sexualmente e em essência. Ela foi a primeira mulher de Adão e todas as vezes que eles se uniam sexualmente, Lilith demonstrava insatisfação por ficar embaixo de Adão. Ela não gostava de ter que suportar o peso do corpo dele. E indagava: ‘‘Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.’’ Adão se recusou por sucessivas vezes, pois a "ordem" não se mudava. Lilith deve submeter-se a ele, pois esta é a condição do equilíbrio preestabelecido. Quando percebeu que não iria conseguir, rebelou-se e então o amaldiçoou e foi embora. Alguns escritos contam que Adão queixou-se a Deus sobre a fuga de Lilith e, para compensar a tristeza de Adão, Deus resolveu criar Eva, moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar. Lilith simboliza a consciência de absoluta igualdade entre homem e mulher.

3. ESTAMOS CONSCIENTES DE UM PODER MUITO MAIOR DO QUE O APARENTE PARA UMA PESSOA COMUM

"Pelo fato de se muito maior do que qualquer poder comum, damos a ele o nome de "sobrenatural". Contudo, para nós esse é um poder latente que existe em qualquer pessoa".
A esse poder, chamamos de magia, que nada mais é do que o poder pessoal que existe dentro de cada um de nós. Os céticos e racionalistas se perguntam como é que podemos acreditar em magia, e fazem piadas a respeito disso. O fato é de que a magia nada mais é do que o poder da nossa fé. Novamente, apelamos ao dicionário:
Fé, s. m. 1. Convicção na existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção.
Ou seja, se você acredita em algo não há ninguém no mundo que conseguirá demovê-lo da sua crença. É assim que acontecem os milagres. Você pede, acredita que vai acontecer, ou seja, tem fé no milagre e ele acontece. A fé não é nada mais do que o nosso poder pessoal operando.
Segundo Scott Cuningham:

"Para algumas pessoas, a idéia de que a magia seja uma coisa prática é surpreendente. Não deveria ser. A magia se baseia inteiramente na capacidade de exercer influência sobre nosso meio. Enquanto a magia é, altamente voltada para o crescimento espiritual e à transformação psicológica, até mesmo a vida espiritual deve estar firmemente baseada em alicerces materiais.
Os mundos material e psíquico estão entrelaçados, e é exatamente este fato que estabelece o Elo Mágico: o psíquico pode tão facilmente influenciar o material quanto vice-versa. (...) Mente e Corpo atuam em conjunto, e a magia é apenas a extensão dessa interação em dimensões que ultrapassam os limites normalmente concebidos. Eis o porquê de associarmos o "sobrenatural" aos domínios da Magia.
O Corpo é vivo, e toda Vida é uma expressão do Divino. Há Poder Divino no Corpo e na Terra, assim como na Mente e no Espírito. Com Amor e Desejo, utilizamos a Mente para conectar esses aspectos do Divino e assim trazer mudanças.
Com a Magia aumentamos o fluxo do Divino em nossas vidas e no mundo à nossa volta. Nós somamos à beleza de tudo – pois para trabalhar a Magia precisamos estar em harmonia com as Leis da Natureza e da Psique. A Magia é o Florescer do Potencial Humano.
A Magia prática está relacionada à Arte de Viver bem e em harmonia com a Natureza, com a Magia da Terra, com as coisas da Terra, as estações e os ciclos, e aquilo que fazemos com as mãos e com a Mente."
Ainda assim as pessoas racionalistas procuram sempre por uma explicação lógica, e não percebem que a religião não precisa de explicações racionais. Ela é puramente fé. Como disse Mavésper Cy Cerydwen:
"Para um pagão NADA QUE HÁ NO UNIVERSO PRECISA DE EXPLICAÇÕES RACIONAIS EM TERMOS HUMANOS. A Deusa e Seu Consorte não são pessoas, logo a Divindade, o Todo, tem razões que jamais conheceremos e age por caminhos que muitas vezes nem temos condições de compreender. Aliás, nem temos condições de compreender o que são os Deuses em sua plenitude, porque eles não obstante sejam cada um de nós também são maiores que a soma de todos nós...
Pagãos não buscam na sua religião explicações para nada. Não precisamos disso. Vivemos simplesmente".

2. RECONHECEMOS QUE A NOSSA INTELIGÊNCIA NOS ATRIBUI UMA RESPONSABILIDADE ESPECIAL COM RELAÇÃO AO AMBIENTE EM QUE VIVEMOS


"Procuramos viver em total harmonia e equilíbrio ecológico com a natureza, proporcionando plenitude à vida e consciência dentro de um conceito evolucionário".

Por Laylah


Sendo a Wicca uma religião da natureza, não é de espantar o seu interesse pelas questões ambientais. Seja este interesse manifestado duma forma pública, através da colaboração com movimentos ecologistas e da participação em manifestações de defesa das espécies ou do meio ambiente, ou em privado tomando forma ritual ou mágico-simbólica, ele existe sempre como parte imprescindível da religião Pagã.
Os Wiccanos sabem que "...quanto mais se sintonizarem com o ambiente em que vivem e trabalham (...) mais significativa se tornará a sua religião, mais efetivo será o seu trabalho psíquico, maior a sua contribuição para o bem-estar e saúde de Gaia e mais realizadas e integradas estarão elas como seres humanos."
Este envolvimento com a natureza ultrapassa muito as formas profanas em que se faz normalmente a abordagem dos problemas ecológicos, transpondo o assunto para um nível em que a preservação da natureza/Gaia não tem apenas um interesse enquanto base material da vida humana, mas adquire uma dimensão sagrada, uma importância que pode justificar mesmo o sacrifício de alguns interesses e benefícios humanos.
O Paganismo interpreta com maior profundidade estas questões ecológicas, uma vez que considera a natureza e qualquer dos seus elementos tão sagrados como o Deus ou a Deusa.
O respeito pela natureza é assim um valor intrínseco e fundamental no Paganismo. Esta visão distancia-se de uma visão bíblica, na qual, ordenando Deus ao Homem que domine toda a terra e todas as criaturas viventes, pode justificar assim indiretamente a depredação que esse mesmo Homem tem feito dos recursos naturais.
Os Pagãos não têm, no entanto, um tipo de visão apaixonada e irreal dos problemas do ambiente. São cidadãos urbanos ou rurais, conscientes dos problemas que assolam o mundo de hoje, que têm pela vida e pela humanidade um apreço tão grande como pela restante natureza. O seu esforço é portanto dirigido simultaneamente no sentido da salvaguarda da natureza e no melhoramento da condição humana.