"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O MITO DE ESUS E TARVOS

O mito de Esus e Tarvos é utilizado para explicar os ciclos da vida pelo conceito da natureza e da mudança sazonal (das estações do ano).

O MITO DE ESUS E TARVOS

Há muito tempo quando o mundo era jovem, uma coisa maravilhosa e surpreendente aconteceu. No começo da primavera, próximo do poço de Coventina, um bonito bezerro nasceu. À primeira vista você podia ver que aquele não era um touro comum. Seu corpo era de uma cor vermelho-dourada e sua forma era perfeita. Seus olhos eram claros, brilhantes e inteligentes.
Logo o touro estava em pé, correndo e brincando, quando do céu desceram três imponentes garças azuis. Elas dançaram ao redor dele em um círculo, deleitadas com sua beleza e energia. O touro também estava feliz. Ele gostava de seus novos amigos que podiam cantar, dançar e voar. Ele também era respeitoso para com elas e reclinava sua cabeça, pois sabia que elas haviam vindo do Grande Pai Céu.
Conforme a primavera deu lugar ao verão, o touro cresceu excepcionalmente rápido e logo estava totalmente crescido. Nunca havia existido um touro como este. Sua fama se espalhou pelos quatro cantos. Animais, homens, e deuses vinham ver sua grande beleza. As garças eram suas companheiras constantes, e por causa disto, o touro tornou-se conhecido como Tarvos Trigaranus (touro com três garças).
Seus dias eram cheios de diversão sem fim. O mundo era brilhante, bonito e cheio de flores. Pois nestes tempos antigos o mundo não conhecia o inverno.
Havia, entretanto, um Deus caçador chamado Esus (senhor, mestre). Ele vagava pelos campos e florestas em busca de um animal digno de sua paixão, mas não havia encontrado nenhum que o satisfizesse. Cedo, numa bonita manhã, ela adentrou o prado onde Tarvos e as três garças estavam dormindo. Com um mirado no touro, Esus soube que a sua busca havia terminado. Ele desembainhou sua espada e foi em direção ao boi dormente, mas as garças viram o perigo e deram o grito de alarme.
O touro levantou-se para duelar com Esus, e seus chifres eram armas formidáveis. O Deus Esus e o divino touro Tarvos se bateram em combate. Eles lutaram todo o dia e toda a noite, mas nenhum parecia poder subjugar o outro. A disputa continuou desta maneira por dias.
Então, na noite da lua escura, o touro começou a fraquejar em força. E lá, sob o grande Carvalho, Esus atingiu Tarvos, o touro divino, co um golpe mortal. Seu sangue se derramou sobre as raízes da árvore e suas folhas ficaram vermelho-douradas naquele mesmo instante de pura vergonha e luto.
As garças deram um grande grito de choro. Uma delas voou adiante e em um pequeno prato pegou um pouco do sangue do touro. Então as garças partiram, voando para o Sul.
Uma escuridão desceu sobre o mundo. As flores murcharam e as árvores derramaram suas folhas. O grande sol retirou seu calor. O mundo ficou escuro e frio e a neve caiu pela primeira vez.
Todos os homens e feras rezaram à Grande Mãe Terra para que ela trouxesse de volta o calor, ou todos iriam morrer em breve. Ela ouviu, e teve pena de toda a natureza, e logo a luz começou a voltar.
As três garças vieram voando de volta do Sul, e uma, ainda tinha o prato. Ela voou até o grande carvalho onde Tarvos, o touro divino, havia sido morto. A garça derramou então o sangue sobre o chão e repentinamente da poeira emergiu um bezerro, renascido da Grande Mãe Terra.
Toda a natureza se regozijou. O calor do sol havia retornado. A grama e as flores cresceram. As folhas surgiram nas árvores. Assim a primavera voltou ao mundo.
Em tempo o deus caçador Esus ouviu sobre o renascimento do touro e procurou encontrá-lo. Esse foi o começo do ciclo que até este dia persiste. Esus, o deus caçador, sempre sobrepujando o touro divino, mas nossa Grande Mãe Terra sepre faz com que ele nasça novamente.
E assim é com toda a natureza. A primavera traz a vida, o verão a faz forte, o outono a faz enfraquecer, e o inverno traz a morte. Nós não podemos controlar ou mudar isso, mas podemos aprender a compreender e trabalhar com isso.

Fonte:
SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001.

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