"Muitos livros foram escritos sobre bruxaria(...). Embora seus autores soubessem que bruxas existissem, nenhum deles consultou uma bruxa sobre suas visões a respeito da bruxaria. Afinal, a opinião de uma bruxa deveria ter algum valor, mesmo se não se encaixasse nas opiniões preconcebidas(...). Sou antropólogo e é consenso que o trabalho de um antropólogo é investigar o que as pessoas fazem e em que acreditam, e não o que outras pessoas dizem que elas fazem ou acreditam."(Gardner, 2003, p.21-22 em: A Bruxaria Hoje)
"A Bruxaria Moderna é um fato. Ela não é mais uma relíquia subterrânea da qual a camada restante, e até mesmo a própria existência, é acirradamente disputada pelos antropologistas. Ela não é mais o passatempo bizarro de um punhado de excêntricos. Ela é a prática religiosa ativa de um número substancial de pessoas." (Farrar, 1985, p. 2 em: A Bíblia da Feitiçaria)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A DESCIDA DA DEUSA

O seguinte mito, a Descida da Deusa, também conhecido como o Mito da Deusa, foi passado para Gerald Gardner em segredo. (Inspirado por "Arádia, o Evangelho das Bruxas", publicado em 1890 por Charles G. Leland, acredita-se que o Mito da Deusa seja uma adaptação moderna do antigo Mito Grego de Deméter e Perséfone, um Cântico Homérico). Gardner acreditava que este era um dos ensinamentos mais significativos dentro da Bruxaria. Ele expressa o conceito religioso popular da renúncia - a entrega do próprio para a iluminação. Conforme a Deusa desce ao mundo subterrâneo, ela tem de remover suas vestimentas físicas, símbolos de sua identidade física. Em troca recebe instruções sobre os mistérios do nascimento, da vida, da morte e da volta.

A DESCIDA DA DEUSA

Em tempos remotos, nosso Senhor, aquele de Chifres, era (assim como ainda é) o Controlador, o Confortador. Mas os homens o conheciam como o temível Senhor das Sombras, solitário, rígido e justo. Mas Nossa Senhora, a Deusa, resolveria todos os seus mistérios, até mesmo o mistério da morte; assim ela viajou para o mundo subterrâneo. Aqui o Guardião dos Portais a desafiou:
- Removas todas as tuas roupas, despoja-te de todas as tuas jóias; pois nada podes trazer contigo nesta nossa terra.
Assim, ela despiu-se de todas as suas roupas e jóias, e foi amarrada, como todas as coisas vivas que buscam entrar nos reinos da Morte, a Poderosa, devem ser. Tal era a sua beleza que a Morte em pessoa se ajoelhou e deitou sua espada e coroa aos pés, e os beijou, dizendo:
- Abençoados sejam teus pés que te trouxeram a estes caminhos. Permaneça comigo; mas deixe-me pôr minhas frias mãos sobre o teu coração.
E ela respondeu:
- Eu não te amo. Porque fazes com que todas as coisas que amo e que me dão prazer definhem e morram?
- Senhora - respondeu a Morte - É a idade e o destino, contra as quais eu sou impotente. A idade faz com que todas as coisas definhem, as os homens morrem ao fim do tempo. Eu lhes dou repouso, paz e força, para que eles possam retornar. Mas você, você é adorável. Não voltes, fique comigo.
Mas ela respondeu:
- Eu não te amo.
Então disse a Morte:
- Se você não receber minha mão sobre o seu coração, você deverá ajoelhar-se ante o açoite da Morte.
- É o destino, melhor assim - ela disse, e se ajoelhou.
E a Morte a açoitou com ternura. E ela gritou:
- Eu conheço as aflições do amor!
E a Morte a ergueu e disse:
- Abençoada seja!
E lhe deu a saudação quíntupla, dizendo:
- Apenas assim você poderá alcançar a alegria e o conhecimento.
E ensinou-lhe todos os seus mistérios, e deu-lhe o colar, que é o círculo do renascimento. E ela lhe ensinou o mistério do cálice sagrado, que é o caldeirão do renascimento.
Eles se amaram e foram um, pois há três grandes mistérios na vida do homem, e a magia controla a todos. Para preencher o amor, você deve voltar novamente ao mesmo tempo e no mesmo lugar que os amados, e deve encontrar, e conhecer, e lembrar-se, e amá-lo novamente.
Mas para se renascer você deve morrer, e ser preparado para um novo corpo. E para morrer, você deve nascer; e sem amor você não pode nascer.
E nossa Deusa deve sempre amar e dar alegria e felicidade, pois ela guarda e cuida de todas as crianças em vida. Na morte ela ensina o caminho da comunhão, e até mesmo neste mundo ela ensina os mistérios do Círculo Mágico, que fica entre o mundo dos homens e o reino dos deuses.
Fonte:
SABRINA, Lady. Guia Prático da Wicca: as crenças, ritos e rituais da religião Wicca.Osasco: Novo Século, 2001.

Um comentário:

Darius disse...

Esta divinal o seu blog, mas eu gostaria de conseguir o mito completo, um bom exemplo é o que esta no livro os mistérios wiccanos. Se souberes onde eu posso conseguir me fale. meu e-mail é bruxodarius@gmail.com
Agradecido Darius